Hebreus 11: O PODER DA ESPERANÇA

O PODER DA ESPERANÇA
Hebreus 11

O capítulo 11 de Hebreus começa no anterior (Hebreus 10.39) e termina no posterior (Hebreus 12.1-2).
(Hebreus 10.39) “Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos”.
(Hebreus 12.1-2) “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus”.

A galeria dos gigantes da fé, pintada pelo autor desconhecido de Hebreus, nos mostra homens e mulheres que tornaram a esperança uma certeza a mover suas vidas.
ABEL. A esperança o levou a cultuar sem esperar nada em troca.
ENOQUE. A esperança o levou a agradar a Deus por meio de uma vida santa..
NOÉ. A esperança o levou a ouvir a voz de Deus e a obedecê-la.
ABRAÃO. A esperança o levou a confiar que o caminho que Deus lhe indiava era o melhor, embora não conhecesse o itinerário deste caminho
ISAQUE, JACÓ E JOSÉ. A esperança levou Isaque, Jacó e José a confiar que o plano de Deus seria realizado, embora as evidências não o indicassem.
MOISÉS. A esperança levou Moisés a vencer o deserto e o mar como se fossem estradas pavimentadas.
JOSUÉ. A esperança levou Josué a completar a obra que Moisés começou.
RAABE. A esperança levou Raabe a ficar do lado certo e bom numa disputa militar, trazendo bênção para toda a sua descendência.
Desde quando Deus vem-se revelando, a esperança tem levado homens e mulheres a viver num mundo indigno (sim, o mundo não é digno das pessoas dignas), triunfando e perdendo aos olhos humanos (que julgam sempre pela aparência e na curta duração), comprometendo-se com a justiça (mesmo que os parâmetros sejam o da desigualdade e da corrupção), vendo realizada a promessa que receberam (mesmo que apenas no interior de seus corações), superando dificuldades humanamente intransponíveis, tirando força da fraqueza (graças à renovação vinda do Espírito Santo) e sofrendo pela fé em Deus (o que as torna bem-aventuradas, porque são felizes os que são perseguidos por seguirem a Jesus).

Qual o segredo desses homens e dessas mulheres? Qual deve ser o nosso segredo na vida, para sejamos aqueles que não retrocedem e não são destruídos, mas antes estejamos entre os que crêem e são salvos? (Hebreus 10.39). E o que aprendemos com essas pessoas, que o autor chama de “grande nuvem de testemunhas”? (Hebreus 12.1).

O SEGREDO DAS ANTIGAS TESTEMUNHAS
1. Eles entenderam que a vida é feita de coisas visíveis e de coisas invisíveis.
ABEL ofereceu uma oferta sem pensar no que perderia. Seu irmão trouxe uma oferta, não especificada, da terra. Ele, no entanto, “trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho”. Por isto,  o Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta” (Gênesis 4.4). Notemos: Deus gostou da oferta de Abel, mas principalmente Deus gostou de Abel, que via no culto mais que um ritual mas um relacionamento; ele fez algo para agradar a Deus, e agradou.
ENOQUE “andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado” (Gênesis 5.24). Ele andou com os seus contemporâneos, mas seus olhos estavam fitos no seu Senhor, que o levou para si.
RAABE viu naqueles estrangeiros (os espiões de Israel) como emissários do Deus vivo, como de fato eram, e cooperou eles, cooperando com o próprio Deus. Só ela viu aquilo, porque via o invisível.

Eles se tornaram gigantes porque não olharam apenas para a realidade imanente que massacra, mas também para a realidade transcendente que inspira. Eles entenderam que “o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo se vê não foi feito do que é visível” (Hebreus 11.3).

Por crerem assim, não sucumbiram diante do peso da realidade. Quando cremos assim, não sucumbimos diante do peso da realidade. Por crerem assim, eles saudaram o que ainda não tinham recebido. Quando cremos assim, saudamos o que ainda não recebemos. Quando cremos assim, não retrocedemos.

2. Eles se sabiam peregrinos neste mundo visível, em direção a um mundo invisível.
ABRAÃO deixou uma terra segura, realizado que já era, para uma terra que não conhecia, não sabia onde era e não tinha noção do que nela havia.
JOSÉ peregrinou por cavernas, presídios e palácios, vendo que Deus o encaminhava tanto para um quanto para outro. Por isto, nunca desesperou.
MOISÉS andou em círculos pelo deserto em direção a um mundo visível, que ele viu de longe e seu povo viu de perto e pisou.
“Todos estes viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe e de longe o saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade. Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho” (Hebreus 11.13-16; 12.1-2).

3. Eles confiaram na voz que os chamava
NOÉ ouviu uma informação absurda: o mundo seria destruído e Deus o convidava para preservar aqueles, ele incluído, que continuaram escrevendo a história da humanidade. Ele ouviu a voz e a atendeu, contra tudo e contra todos, menos contra Deus.
JACÓ se encontrou várias vezes com Deus e onde todos viam homens, ele via anjos de Deus; quando todos apenas sonhavam, ele sentia Deus lhe orientando.
ELIAS, mesmo quando na depressão profunda, ouviu a voz silenciosa de Deus e saiu para o sentido da vida.

O NOSSO SEGREDO
Este foi o segredo dos gigantes do passado.
Qual deve ser o nosso?

1. Como eles, devemos crer que há um mundo invisível.
O poder da esperança ilumina-nos para enxergar o invisível, uma vez que não precisamos de esperança para ver o que estamos vendo, pela simples razão que já o estamos vendo.
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho. Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo se vê não foi feito do que é visível” (Hebreus 11.1-3)
A esperança bíblica não se assemelha ao otimismo secular, aquele proclamado pelo pensamento positivo segundo o qual “dias melhores virão”. A esperança cristã é aquela que nos mantém em pé quando caminhamos na fé, fé que nos permite antecipar o bem que vem para aqueles que amam a Deus. A esperança espiritual revela possibilidades nunca sonhadas, capacita-nos a entrar no santuário interior cheios de admiração e alegria por causa das promessas. A esperança espiritual é encarnada e viva. É por isto que Pedro canta: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo” (1Pedro 1.3-5). A esperança cristã vem da misericórdia, da graça e do dom da vida por parte do Pai, não de * uma humana. (Cf. MOLTMANN, Jurgen. Sintetizado por HILKEVICH, John S. Em: The Power of Hope. Disponível em <http://www.stalbans.org.nz/teachings/rob_yule/power_of_hope/power_of_hope.htm>.)
A esperança cristã não significa deixar de ver a realidade. Antes, as dificuldades são a forja da esperança. Na verdade, a esperança bíblica é realista e olha as dificuldades com honestidade. Ela se fundamenta nas promessas de Deus, mesmo que contradigam a experiência do presente. Esperar, na Bíblia, é esperar contra a esperança (Romanos 4.18). É por isto que vivemos uma tensão até o cumprimento da promessa (Romanos 8.18-25). Nesse tempo, caminhamos pela fé, não pela vista (2Coríntios 5.7). (Cf. MOLTMANN, Jurgen. Sintetizado por HILKEVICH, John S.)

2. Como eles, devemos viver como peregrinos em direção a uma pátria melhor.
Nosso melhor futuro não está aqui. Aprendamos com as testemunhas que “esperavam uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade” (Hebreus 11.16).
A esperança é futurística. Não por acaso um quarto da Bíblia é ocupado com profecias acerca do futuro. Jesus nos diz que o Espírito Santo nos mostraria as coisas que vão acontecer (João 16.13). O cristão é um ser orientado pelo futuro e não orientado pelo passado. Deus nos dá um futuro e uma esperança (Jeremias 29.11).
É tempo de sonhar. A mudança verdadeira é possível. Nosso futuro como crentes não tem que se desenvolver a partir do que é presentemente possível, mas daquilo que é possível para Deus. A esperança cristã é essencialmente criativa, pois espera novas coisas.  Afinal, é Deus quem dá vida aos mortos e traz à existência coisas que ainda não existem (Romanos 14.17). A esperança é otimista no melhor sentido, pois nos abre para realidades e experiências autenticamente novas, libertando-nos do desespero e nos inspirando ao amor e à missão.  (Cf. HILKEVICH, John S….)

3. Devemos ter os olhos fitos em Jesus.
“Também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” (Hebreus 12.1-2).

Não podemos esquecer daqueles que não retrocederam.
Não podemos nos embaraçar com o pecado que pretende nos envolver.
Não podemos ficar parados.
Não podemos tirar os olhos de Jesus.

Devemos nos lembrar dos que venceram, antes de nós, pela promessa.
Devemos nos livrar das amarras do pecado e seguir em diante para o que de melhor Deus tem para nós. Tem cristão enredado pelo pecado e se achando feliz da vida.
Devemos suportar a tristeza pela alegria que nos é proposta.
Devemos desprezar o desprezo da cruz. A cruz (não o crucifixo que alguns carregam pendido sobre o peito) continua sendo uma vergonha para quem não crê.
Devemos olhar para o trono de Deus, que julga com justiça, porque um dia estaremos diante deles batendo palmas para Jesus.

***
Mantenha viva a sua esperança.
“Que o Deus da esperança  encha você de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que você transborde de esperança, pelo poder do Espírito Santo” (Romanos 15.13)

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