Atos 2.37-41: UMA IGREJA FORMADA POR PESSOAS REGENERADAS

Gosto deste conectivo “E”, porque ele indica a prontidão de Deus para conceder o dom do Espírito Santo. É uma promessa que Ele quer cumprir, mas está condicionada ao reconhecimento de nossa condição de pecadores e a aceitação da morte de Jesus em nosso lugar. Quem toma esta decisão recebe o dom do Espírito Santo.

UMA IGREJA FORMADA POR PESSOAS REGENERADAS
(Da série: Por uma igreja apostólica, 4)

(Atos 2.37-41)
ISRAEL BELO DE AZEVEDO

“Quando ouviram isso, ficaram aflitos em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos:
— Irmãos, que faremos?
Pedro respondeu:
— Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras os advertia e insistia com eles:
— Salvem-se desta geração corrompida!
Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas”.

A NECESSÁRIA AFLIÇÃO

O capítulo 2 de Atos registra o que Deus fez com um grupo de 120 pessoas. Ao mesmo tempo, o autor (Lucas) também registra as reações dos que viram o poder de Deus em ação.
Diante de tudo o que viram e ouviram, as pessoas, que ainda não eram seguidoras de Jesus, ficaram aflitas (verso 37). Diante disto, o que deveriam fazer? Não dava para fazer de conta que não viram o que viram ou que não ouviram o que ouviram. Os que conheciam as Escrituras viram que a promessa feita por Deus em Joel (Joel 2.28), de uma vida com poder, tinha se cumprido. Os que não conheciam viram algo extraordinário e passaram a desejar isto para suas vidas. Sim, suas vidas poderiam ser outras a partir de agora. O que deveriam fazer para que isto acontecesse?
Muitas vezes somos como (tel)espectadores, que vêem e aplaudem as ações de Deus. Ele, no entanto, não nos quer como espectadores, mas como homens e mulheres que se relacionam com Ele e vivam com o poder que quer nos dar.
Conheço muita gente que aprecia o poder de Deus, mas não o experimenta, ou porque deixa para depois, ou porque não quer se comprometer com Ele ou porque tem outros compromissos. No entanto, a pergunta de todos nós deve ser esta: “Irmãos, que faremos?”. Eles se dirigem aos apóstolos como “irmãos”, talvez porque muitos fossem judeus, como os apóstolos, mas também porque já se sentiam parte daquela nova comunidade espiritual. Uma igreja é uma comunidade espiritual, no sentido que são formadas por pessoas que buscam viver suas vidas sob uma nova direção, a direção dada por Deus. Uma igreja é uma comunidade que prega o Evangelho, Evangelho que deixa as pessoas aflitas diante do poder de Deus. Uma igreja é uma comunidade que, por procurar viver o Evangelho, oferece-se em serviço para aqueles que querem compartilhar suas aflições (verso 40), sejam quais forem.
Se buscamos viver sob a direção de Deus, não há como não sermos incomodados por Ele. Se o Evangelho não nos incomoda, não é Evangelho. Se eu peco, entristecendo o Espírito Santo (Efésios 4.30) sem me entristecer também, não estou vivendo de modo digno do Evangelho. Se vejo o poder de Deus em ação e não quero este poder na minha vida, há algo errado com os meus desejos. Se ouço a oferta de Deus, por meio da cruz, para me dar uma nova vida, e não pergunto como posso ser alcançado para esta nova vida, há algo errado comigo. Nossa resposta, diante do poder de Deus em ação, tem que ser esta, como a daqueles homens e mulheres de Atos 2: “Que farei agora?”

Pedro conclui sua mensagem com estas palavras:
“Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar” (versos 38-39).
O que o apostolo diz é, em outras palavras, o seguinte:
“Mude sua vida. Volte-se para Deus e cada um seja batizado, no nome de Jesus Cristo, para que seus pecados sejam perdoados. Receba o dom do Espírito Santo. A promessa é dirigida a você e a seus filhos, mas também a todos que estão longe, a quem, de fato, o Senhor Deus convida”. (Cf. The message)

Precisamos prestar atenção a estas inspiradas palavras:

? ARREPENDA-SE.

Pedro começa pela decisão essencial: “arrependa-se”.
Talvez você se pergunte: de que devo me arrepender, se não faço mal a ninguém e procuro viver uma vida correta?
O arrependimento não tem a ver necessariamente com o plano moral da vida; pode incluir o aspecto moral, mas isto não é tudo. Quem leva uma vida moral irrepreensível também precisa se arrepender.
Arrepender-se é mudar o sentido de nossa caminhada. Imaginemo-nos dirigindo um automóvel por uma estrada. De repente, nós nos lembramos que esquecemos a carteira de motorista. Temos que tomar uma decisão: seguir em frente, contando com que nada nos aconteça (nenhum acidente, nenhuma abordagem policial), ou retornar para casa e pegar o documento que nos falta? Se esta for a decisão, precisamos dirigir nosso carro até o próximo ponto de retorno ou conversão.
Podemos viver uma vida correta, mas se o nosso caminho não for Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, estamos indo para longe de Deus, que nos chama de volta, que nos convida a caminhar com Ele.
Além disso, temos aprendido que o ser humano é bom e, evidentemente, nós nos incluímos no grupo dos bons. No entanto, a Bíblia diz que não somos bons, uma vez que todos pecamos e  carecemos da glória de Deus. Eis o que nos diz Sua Palavra: “Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Como está escrito: ‘Não há nenhum justo, nem um sequer’; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer. [A] justiça de Deus [é] mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.10-12, 22-24).
Eu estou incluído no grupo dos que se desviaram. Você também. Eu estou no grupo daqueles por quem Jesus morreu. Você também. Eu estou no grupo daqueles que crucificaram Jesus. Você também. Explico: Jesus foi crucificado por causa dos nossos pecados, pecados que nos separavam de Deus. Quando eu aceito, quando você aceita, que esta morte foi em nosso lugar, nossos pecados ficam lá, sendo apagados por Deus, esquecidos por Deus, perdoados por Deus. Eu estou no grupo daqueles que aceitaram a morte de Jesus no seu lugar e podem viver conduzido pelas mãos firmes de Jesus. Você também pode estar neste grupo, a quem Jesus chama de discípulos e amigos.
A cruz de Jesus Cristo faz parte do projeto de Deus para nós. Nela Jesus salva a todos os que se arrependem dos seus pecados. Nela Jesus foi crucificado com um pecador. Quando aceitamos seus sacrifícios, temos os nossos pecados perdoados e então coroamos a Jesus como rei. Sem a cruz, estou perdido. Quando olho para a cruz, sou salvo. Quando deixo que o sangue de Jesus derramado na cruz me limpe, eu sou salvo. Fora disso continuo caminhando para longe de Deus, por melhor que eu seja.
Deus nos enviou Seu Filho para nos tomar pelas mãos e nos levar até Ele. Arrepender-se é mudar o curso da vida e caminhar pelas mãos de Jesus.
 
? SEJA BATIZADO EM NOME DE JESUS CRISTO PARA PERDÃO DOS SEUS PECADOS

Quem reconhece que a morte de Jesus na cruz foi em seu lugar, continua o apóstolo Pedro, deve tomar uma segunda decisão: ser batizado.
O batismo deve ser feito em nome de Jesus, isto é, segundo o exemplo de Jesus (que foi batizado por João Batista), segundo o ensino de Jesus (que determinou aos seus discípulos que batizassem todos os que se tornassem Seus discípulos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” — Mateus 28.19) e na autoridade de Jesus, que é quem nos perdoa de todos os pecados.
Uma das tarefas da Igreja é batizar os que vão sendo salvos. Você pode se arrepender sozinho; aliás, você deve se arrepender sozinho, porque esta é uma decisão pessoal, sua diante de Deus. Reconhecer e receber a Jesus como o seu Salvador e Senhor é algo muito, muito íntimo. Batizar-se é algo público. É um sinal de obediência em público. É um compromisso firmado diante de testemunhas.
Quando Pedro relaciona batismo e perdão dos pecados, mostra que o batismo é para quem se arrependeu. Em outras palavras, todo aquele que se arrepender deve ser batizado. O batismo não é essencial para a remissão (perdão) dos pecados. O batismo não é um meio para se obter a remissão (perdão) dos pecados, mas a prova pública de que este perdão foi desejado, aceito e realizado.

? RECEBA O DOM DO ESPÍRITO SANTO

Leiamos de novo o conselho inspirado: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo”.
Estamos diante de um processo, que inclui arrependimento e batismo, cujo resultado é o recebimento do dom do Espírito Santo.
Gosto deste conectivo “E”, porque ele indica a prontidão de Deus para conceder o dom do Espírito Santo. É uma promessa que Ele quer cumprir, mas está condicionada ao reconhecimento de nossa condição de pecadores e a aceitação da morte de Jesus em nosso lugar. Quem toma esta decisão recebe o dom do Espírito Santo.
Que dom é este?
Podemos pensar neste dom como sendo o selo da salvação (Efésios 4.30b), selo que tem validade eterna. O desejo de Deus é que todos “sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade, porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos” (1Timoteo 2.4-6).
Podemos pensar neste dom como sendo a garantia de que somos amados por Deus. Diz a Bíblia que Deus, por Seu amor, “nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos corações” (2Coríntios 1.21-22).
Podemos pensar neste dom como sendo a experiência de vida com paz, que nasce da paz com Deus, que nos perdoou e pôs fim à guerra que havia entre nós e Ele, por causa do pecado; paz que, por causa do Espírito Santo presente em nós, nos faz sentir seguros, firmes, mesmo diante da insegurança e do medo correntes; paz que nos permite conviver com as pessoas que são diferentes de nós e que agem diferentemente de nós e, às vezes, contra nós; paz que nos certeza que nosso presente e nosso futuro estão sob os cuidados de Deus, que continuará a nos abençoar com sua presença ao nosso lado, não importa como corram as coisas ao nosso lado; paz que nos faz enfrentar a perspectiva da morte sem medo, mas como a abertura para um mundo novo. Esta paz o mundo (sejam relacionamentos, sejam terapias, sejam otimismos) não nos pode dar, porque ela começa com Jesus e continua com Jesus sempre conosco.
Podemos pensar nesta paz como certeza da salvação, porque Jesus mesmo disse que ninguém pode arrebatar das mãos dEle a pessoa que já entrou no seu aprisco, que já passou a fazer parte da sua comunidade, a comunidade de Jesus.
Podemos pensar neste dom como sendo poder viver. Na vida somos cercados pela fraqueza, a nossa e a dos outros, fraqueza que se expressa em doenças e discórdias, desânimo e desespero. Por isto, precisamos de poder para viver. Deus não nos dá “espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2Timoteo 1.7).
Este dom é para quem recebe Jesus como o seu Salvador e o seu Senhor. Deus, pois, está pronto para conceder, derramar, implantar este dom em todo o coração que recebe Jesus. Que escolha fazemos?

A NECESSÁRIA DECISÃO

A mensagem do Evangelho demanda decisão.
Você ouviu o anúncio do Evangelho? Ele lhe pede para se arrepender, convertendo-se e se batizando. Qual é a sua resposta?

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