Gênesis 39: JOSÉ, QUE VENCEU A TENTAÇÃO DO SEXO

GÊNESIS 39: JOSÉ, QUE VENCEU A TENTAÇÃO DO SEXO

(Pregado na IB Itacuruçá, em 10.1.99, manhã)

1. INTRODUÇÃO
José é um exemplo de integridade, pelo que nos temos debruçado sobre a sua vida. Sua vida é uma sucessão de vitórias, como a nossa deve ser. Estas vitórias não foram automáticas, por ser ele um servo de Deus, mas fruto de luta feita de sofrimento e prazer. Por isso, ele é nosso contemporâneo.
Neste capítulo (Gn 39), vemos a sua vitória sobre a tentação do sexo. A força do sexo é antiga. As práticas sexuais indevidas existem desde que o homem é homem. Basta lermos a Bíblia. Todas as práticas sexuais pervertidas que Deus condena estão exemplificadas em sua palavra: o sexo fora do casamento, o homossexualismo, o estupro, etc.
O chamado homem moderno, portanto, não inventou nada. Não há nada de diferente agora, exceto que os padrões da época são mais públicos (mediáticos). Há mais facilidade para os encontros, inclusive “virtuais”.
Por essa razão, a integridade sexual é também uma dificuldade. As facilidades contra ela são enormes. Ser sexualmente íntegro é uma demanda difícil da santificação. José é um exemplo de integridade sexual.
Não devemos esquecer que o sexo é uma boa coisa criada por Deus (Gn 2.18). Trata-se de um instinto natural que não pode ser ignorado.
Devemos discuti-lo em casa porque o sexo faz parte da vida. Não adianta fazer sobre ele uma cortina de silêncio, só porque a sociedade está saturada de sexo.

2. A FORÇA DA SEDUÇÃO
É difícil sermos íntegros por causa da sedução de que podemos ser “vítimas”.
O relato de Gn 39 faz uma autêntica anatomia da sedução à egípcia, que vale perfeitamente para todos os tempos, inclusive o nosso:
2.1. A sedução decorre da percepção da beleza do outro: José era um “gato” (v. 6b) Não há nenhum problema em apreciar a beleza do outro. A beleza é para ser apreciada mesmo. No entanto, tomemos cuidado para não ser este o ponto de partida para nossa queda.
2.2. O problema é quando esta percepção se transforma em desejo (“concupiscência”, segundo a Bíblia). É tênue a linha que separa entre a percepção da beleza e o desejo. Foi o que aconteceu com a mulher de Potifar. Ela “pôs os olhos” (v. 7). Ela enxergou além; ela pôs “olhos de raios X” em José. Ela o desejou. Se nos acontecer de desejar, paremos por aqui; peçamos perdão a Deus e retomemos nosso compromisso de sermos fiéis a Ele.
2.3. O desejo em si já é pecado, mas não tem conseqüências maiores; ele pode ficar sob controle. No entanto, quando há o descontrole, parte-se para a realização do desejo. É o convite para a consumação de desejo: “vem!” (v. 7b). A mulher não conseguiu se controlar. Não podemos ser escravos de nossos instintos. Antes, devemos ser senhores deles e controlá-los.
2.4. Diante da recusa por parte do outro, alguns param por aí, mas outros insistem. Não sossegam enquanto não realizam seu intento. Foi este o caso da sedutora (v. 10). José sequer teve a alternativa de fugir da proximidade do mal, porque era empregado daquela mulher. Se pudermos fugir, fujamos. A propósito, no mundo de hoje, sempre podemos fugir, porque ninguém dispõe de nossa vida, como naquele tempo.
2.5. Tamanha é a força do sexo que muitas pessoas preparam verdadeiras armadilhas (arapucas, mesmo) para pegar suas presas. Neste momento, está-se distante da celebração do instinto. Foi o caso daquela mulher, que, descontrolada, pôs em risco seu casamento. Quantos não o fazem? Davi pôs em risco seu reino, matou um homem e destruiu sua família por causa do desejo descontrolado por Bate-Seba (2Sm 11,12). A mulher de Potifar preparou uma verdadeira armadilha (v. 11-12) para realizar seu desejo. Assim mesmo, ela não consumou seu desejo porque sua “presa” era uma pessoa íntegra. Se já estivemos nesta situação, podemos alcançar, se o pedirmos, o perdão de Deus e recomeçar nossas vidas.

3. A FORÇA DA INTEGRIDADE
Diante dessa sedução, José teve várias razões para pecar; no entanto, esteve firme, por causa do seu compromisso para com Deus.
Como José, por vezes, buscamos “explicações” (desculpas) para o nosso erro.
3.1 . José poderia ceder e culpar, depois, seu desejo. Possivelmente, a mulher de Potifar “não fosse de se jogar fora” (como se diz popularmente). Assim mesmo, ele não cedeu. Diferentemente de José, por vezes, pecamos e culpamos a outra parte. Adão fez assim: foi a mulher que tu me deste (Gn 3.12).
3.2. José poderia ceder e se justificar depois. O texto não revela que seu chefe lhe interditou a mulher. É óbvio que nem era necessário. Ele era o gerente da casa, mas não da cama. Não houve um interdito formal (embora José o entendesse como tendo havido claramente — v. 9). Diferentemente de José, por vezes, pecamos e culpamos a circunstância.
3.3. José poderia ceder e depois alegar que estava obedecendo a sua chefe e patroa. Essa seria a desculpa perfeita, mas nem essa ele buscou. Ele sabia que a responsabilidade por seu ato seria dele e não dela. Diferentemente de José, por vezes, pecamos e dizemos que não conseguimos, que fomos obrigados a fazê-lo, seja por conveniência ou por sobrevivência.
3.4. José poderia ceder, mas sabia que a desobediência teria um preço (como teve). Nisto reside o princípio prático da atitude de José: ele sabia que todos os atos têm conseqüência. Quantos casamentos acabam porque um dos dois cônjuges cede a um terceiro! Recentemente um amigo traiu sua esposa. Numa de suas conversas comigo, ele contou que foi visto saindo de um motel com a outra. Ele admitiu, depois: “Eu devia ter imaginado que alguém nos veria saindo dali”. Todo prazer tem o seu preço; no caso do prazer sexual ilícito, o preço é muito alto. Por vezes, não podemos sequer pagá-lo tamanha a dimensão das suas conseqüências.

4. O FRUTO DA INTEGRIDADE
4.1. A integridade sexual também tem um preço; no caso de José, foi a prisão, mas poderia ter sido a própria vida (v. 20). Não é uma escolha fácil ser íntegro.
4.2. A conseqüência da integridade  sexual é a bênção de Deus (v. 21), expressa de várias formas, como o respeito por parte das outras pessoas (22-23a), a prosperidade (23b) e principalmente a consciência tranqüila.
4.3. O segredo da vitória de José sobre a tentação do sexo foi sua percepção de que a falta de integridade seria um pecado contra Deus. Sexo não lhe era algo separado da fidelidade a Deus (9b)
4.4. Integridade sexual é a capacidade, posta em prática, de manter o controle sobre o desejo. Recentemente um anúncio para vender um canal sobre sexo pela televisão a cabo propõe: “Está na hora de perder o controle”. Não! Continuamos na hora de manter o controle. Nós precisamos controlar nosso corpo (1Ts 4.4) Nada mais bonito do que uma pessoa que domina seus instintos, que tem sua vida sob controle, que não é escravo do desejo. É parte do crescimento em Cristo. Faz parte do processo de santificação (1Ts 4.3).
A pureza sexual é parte da integridade, como nos recomenda o apóstolo Paulo. O sexo fora do padrão estabelecido por Deus mancha a glória pretendida por ele para o sexo.

5. CONCLUSÃO
Também na vida sexual, devemos agradar a Deus (1Ts 4.1). Esta é a primeira e única tarefa do cristão.
“Deus deseja uma comunidade de pessoas bonitas cujos desejos estão controlados e guardados pelo Espírito Santo. Estas pessoas se constituem numa ilha de refúgio e fonte de alimento para as multidões, que, escravas do desejo, destroem suas vidas ao redor de nós”.
José nos ensina a viver agradando a Deus. Seu segredo foi entender que a infidelidade sexual é imoralidade contra Deus.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

Mensagem disponível em www.prazerdapalavra.com.br 

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