PORQUE DEUS TOMA A INICIATIVA
Lucas 2.28-32
(Da série O cântico de Simeão, 4)
Pregada na Igreja Batista Itacuruçá, em 2000
1. Deus toma a iniciativa de vir ao nosso encontro — eis o que diz a Sua Palavra.
A oração de Simeão nos mostra que Deus toma a iniciativa de vir ao encontro do homem para promover o Reencontro Deus-homem. Os homens, por sua altivez, têm recusado este oferecimento, intentado ir ao encontro de Deus. Muitos homens acreditam que todos os caminhos conduzem a Deus, num imenso erro de avaliação. Os homens não sabem para onde levam os seus caminhos. Mesmo que os conhecessem, não os conseguiriam percorrer.
Deus, no entanto, conhece o caminho capaz de levar os homens a Ele, porque Ele o percorreu no sentido inverso, ao se tornar homem como nós.
A história tem demonstrado que o homem não consegue encontrar a paz por si mesmo, embora continue insistindo e produzindo morte (no sentido individual) e mortes (no sentido universal).
Por isto, Deus providenciou a paz, rompendo a cortina de separação que havia entre Ele e os homens. Simeão sabia disso. No templo, onde estava quando conheceu a Jesus, havia uma área, nos fundos, onde se acreditava que Deus se manifestava, razão por que as pessoas não podiam ter acesso, exceto uma pessoa (o sacerdote supremo) uma vez por ano.
Jesus veio para acabar com esta distinção. Quando Ele tomou na cruz sobre si toda a nossa culpa, a cortinha do templo se rasgou, de alto a baixo. Agora, a glória do Senhor podia ser vista. Agora, a paz do Senhor podia ser recebida.
Quando Simeão usou a expressão “segundo a Tua Palavra”, ele estava reconhecendo o plano de Deus para a sua vida e para a vida do seu povo.
Qualquer pessoa que leia a Bíblia compreenderá o mesmo que Simeão entendeu.
Quem não ler Palavra de Deus continuará aguardando o Messias, o Messias que já veio. Quem não ler a Palavra de Deus continuará esperando por uma paz que jamais virá, porque tentativa humana, quando a paz, iniciativa de Deus, já aconteceu e está disponível a todos quantos aceitaram que o Messias nasceu e morreu para que fôssemos/sejamos reconciliados com Aquele que O enviou.
Deus, portanto, providenciou a reconciliação das pessoas com Ele, elas que se afastaram voluntariamente. Tudo o que é necessário para que a reconciliação se realize Deus já providenciou. Foi isto que Simeão quis deixar claro. Deus preparou a salvação. O homem não se auto-salva, porque isto não é possível. Felizmente a incompetência humana, para se salvar, é superada pela competência salvador de Deus.
2. A paz só se tornou possível porque Jesus nos tirou o peso da morte merecida, ao morrer imerecidamente por nós.
Nós estávamos condenados a morrer, por termos pecado contra Deus. Há ainda muitas pessoas condenadas a morrer, por continuaram recusando a oferta salvadora de Deus para suas vidas. Trata-se de uma escolha, de uma triste escolha, mas de uma escolha intransferível.
A iniciativa de Deus, portanto, visa trazer-nos a paz.
Todos entendemos bem a força do pecado, porque o temos cometido e porque temos sido vítimas dele. Muitos, no entanto, temos dificuldade de compreender o perdão para o pecado. A maioria de nós acha que aquilo que o homem fizer de errado deve ser punido com a justa recompensa, no caso, o castigo. Assim, como o homem se recusou a viver na presença de Deus, seu castigo é viver longe dele para sempre, numa vida miserável no presente e no futuro.
Esta é lógica humana, mas não é a de Deus. O homem merece a morte. Então, o que faz Deus (e como é difícil a humana razão abrir-se para esta realidade tão verdadeira)? Deus morre no lugar do homem, eliminando o castigo. É se ele abrisse as portas da prisão e entregasse a cada presidiário um alvará de soltura para uma vida plenamente livre. Sim, isto é algo totalmente sem sentido racional, mas Deus fez assim.
A graça (favor que não merecemos e não temos como retribuir) é a iniciativa de um Deus soberano, que só conhece um limite: a liberdade humana. Deus não pode impor a Sua graça; Deus não pode impor a cessão da culpa; Deus não pode impor a paz.
O homem precisa aceitar a iniciativa da graça, porque o homem foi feito por Deus soberano sobre o seu coração. A graça está dada aos que a quiserem receber.
3. A salvação é para todos
Simeão estava feliz porque a consolação esperada para o seu povo acabara de chegar.
Simeão, no então, não limitou o alcance da iniciativa de Deus ao seu próprio povo. A salvação era para o seu povo, ou melhor, a salvação é para aqueles do seu povo que a aceitar. A salvação, deixa Simeão claro, era para todos os povos da terra, ou melhor, a salvação é para todos aqueles, dentre os povos da terra, que, em qualquer lugar e em qualquer tempo, a aceitem.
Deus não se restringe a um povo, porque seu amor é para todos, porque todos iriam morrer se não fosse o sacrifício do Seu Filho na cruz, porque todos os que não aceitarem este sacrifício vão morrer. É isto que a Bíblia diz quando afirma que Deus amou as pessoas do mundo de tal maneira enviou Seu Único Filho para que todos aqueles que nEle crerem possam ter a vida eterna, que começa aqui e prossegue para sempre depois que a história humana tiver cessado.
A salvação não é só para os bons — bons de temperamento, bons de caráter, bons de moral, bons de coração — mas para todos, mesmo os que têm temperamento difícil, mesmo para os que têm hábitos inaceitáveis, mesmo para os egoístas, porque somos todos assim. Na verdade, se o homem fosse bom, Deus não precisaria morrer, para que, então, o homem pudesse ser transformado, para viver uma nova vida, pelo poder de Deus.
Foi isto que Jesus disse quando afirmou que é o caminho, a verdade e a vida. Ele é o caminho pelo qual o homem pode encontrar a paz e se derramar nos braços de Deus. Ele é a verdade, que permite ao homem compreender a sua limitação e aceitar o plano salvador de Deus. Ele é a vida tornada possível por sua morte.
Deus — ensina-nos Simeão — preparou a salvação para todos, mas esta salvação se torna concreta aos que a querem Simeão não estava sozinho no templo, mas só ele viu a salvação, só ele quis a salvação, só ele recebeu a salvação.
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Faça como Simeão: veja a salvação, receba a salvação, experimente a salvação.
Permita que o Natal de Jesus Cristo aconteça na sua vida, como aconteceu na de Simeão.
Convide para nasceu no seu coração, aceitando a iniciativa de Deus em sua direção.