Mateus 16.19: LUTANDO PELA ALMA DO OUTRO

Lutando pela alma do outro

Mateus 16.19

(Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 30.1.2000 – manhã)

1. INTRODUÇÃO
Quando sugeri a leitura de CONEXÃO, de Larry Crabb, foi porque ele me ajudou a entender um pouco mais minha própria natureza e a natureza da Igreja.
Ele nos ajuda a desteorizar o Cristianismo e nos ajuda a nos abrirmos para Deus e para os outros.
Estamos sempre preocupados com alguém, cujas vidas gostaríamos de ver transformadas.
É um filho que escolheu afastar-se de Deus. É um cônjuge possuído pela amargura ou um ex-cônjuge que você ama e odeia ao mesmo tempo. É um vizinho de caráter difícil. É um pai vivendo fora dos padrões bíblicos. É um irmão com quem não dá para conviver.
Nós somos responsáveis pelas almas dessas pessoas num sentido geral (salvação para a vida eterna) e num sentido relacional (salvação para a vida afetiva).
Pode ser que tenhamos nos cansado e, por alguma razão (que pode ser uma decepção), desistido dessas almas. No entanto, o interesse pelas vidas dessas pessoas deve ser o nosso maior investimento, como nos ensina o sábio, ao dizer que quem ganha almas é um sábio (Pv 11.30).

2. SOMOS CONVIDADOS A LIGAR, NÃO A DESLIGAR
A promessa contida em Mateus 16.19 (Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus) pode entrar na galeria dos textos difíceis da Bíblia.
Há duas dificuldades nela: uma é entendê-la (que poder é este que Jesus está conferindo à sua Igreja?); a principal é vivê-la, se a entendemos como o ministério da Igreja: cuidar das almas das pessoas que integram o Seu corpo, para a salvação, tanto a eterna, que começa aqui, quanto a presente, que deve ser intensa (abundante, cf. João 10.10).

É uma definição de missão. A missão da Igreja é, através da pregação do Evangelho, mostrar o caminho para o céu às pessoas. Quando ela o faz, cumpre a sua missão e permite que pessoas se reconciliem com Deus; eis, pois, o que somos, embaixadores de Cristo, como está escrito:
Todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos encarregou da palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo, que vos reconcilieis com Deus. (2Co 5.18-20)

É uma promessa. Os atos do corpo de Cristo neste mundo são os atos de Cristo neste mundo. Este é o poder: cada um de nós, já reconciliado com Deus e portanto membro do corpo do Seu Filho, pode reconciliar outras pessoas com o Pai. Pedro vivenciou de perto esta promessa, quando disse a um enfermo:
Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda. (At 3.6)
Aquele enfermo foi ligado no céu, ao receber sentido para sua vida então miserável.

É um convite. O poder de ligar deve ser exercido por nós. Não exercê-lo é desligar. Isto se aplica ao plano da proclamação, mas também ao plano do companheirismo. Há muitas pessoas próximas de nós, desligadas do sentido da vida, desligadas de Deus, desligadas de si mesmas. Precisamos nos empenhar em ligá-las.
Este é o convite para cada um de nós. Ligar é uma promessa para nós. Ligar é a missão da Igreja. É a nossa missão.

Temos triunfado e fracassado nesta tarefa.
Esta semana recebi a visita de dois pesquisadores do Iser, interessados em ver a visão da igreja sobre a família. Boa parte da conversa foi sobre o conceito de igreja. Os pesquis
Nós podemos incorrer neste erros, mas em outro, ao achar que a Igreja Batista Itacuruçá é uma pessoa jurídica apenas. Ela é uma pessoa jurídica, física e subjetiva: a Igreja sou eu e não há nisto nenhum egocentrismo. Ela é uma pessoa jurídica, física, subjetiva e comunitária: eu só sou a Igreja, porque nós somos a Igreja.
1. Temos fracassado por não compreender a natureza da Igreja, esta pesssoa jurídica, física, subjetiva e comunitária.
2. Temos fracassado por não acreditarmos na natureza relacional de Deus, entre si mesmo (Trindade) e conosco. Nosso Deus, por vezes, não é Aquele que vinha, como no Éden ao final da tarde, bater papo com aqueles a quem criou.
3. Temos fracassado por idolatrarmos a nós mesmos. Temos sido escravos de nosso próprio bem estar. Temos nos concentrado apenas em nossos problemas e os nossos problemas nos consomem. Não somos capazes de carregar todos os nossos fardos. Precisamos uns dos outros, o que quer dizer: precisamos dos outros, que precisam de nós.
4. Temos fracassado por que não temos nos interessado pelos outros, seja no prazer de estar em sua presença, seja na disposição de atendê-los em suas necessidades. Há pessoas que buscam a Igreja-comunidade; então, elas se abrem, vêm até ao culto de quarta-feira. Depois, satisfeitas ou frustradas, escasseiam sua participação. Será que é pelo medo de precisarem delas?
5. Temos fracassado por que temos permitido que o legalismo se transforme em nosso estilo, aparecem sob nomes vários, como: defesa da verdade, farisaísmo ou hipocrisia mesmo. O legalista é aquele que se coloca como modelo. Por isto, ele põe o dedo em riste… outro. Por isto, ele ri dos outros a qualquer falha, falha que ele certamente não comete…

________