Josué 24.1-31: COMEÇAR DE NOVO

COMEÇAR DE NOVO
Josué 24.1-31
Pregado na IB Itacuruça, em 11.4.99, manhã

1. INTRODUÇÃO
Quando nos casamos, constituindo uma nova família, temos muitos sonhos para todos os memros desta nova família. Estes sonhos, no entanto, nem sempre vão na direção que gostaríamos.
Isto nos traz culpa e até um certo complexo de inferioridade. O texto de Josué 24, especialmente o v. 15, faz com que nos sintamos pequenininhos. Alguns de nós, por mais que queiramos, não conseguimos servir, nós e nossa família, ao Senhor, como Josué prometeu e cumpriu (v. 31).
A experiência deste texto é a experiência do povo de Israel. A história deste povo é a historia de uma família, desde Abraão. No entanto, podemos aplicar este texto à experiência de nossas famílias.
 
2. A CENTRALIDADE DA FAMÍLIA NA EXPERIÊNCIA DE FÉ
A todo momento, o texto usa a expressão “pais”, como a indicar o relacionamento familiar como responsável pela vida da própria nação no momento novo por que passava.
Muitas pessoas aqui nasceram em Cristo em função do lar onde nasceram. [Pesquisa: quantos nasceram num lar evangélico]. Isto não é ruim. É positivo e a Bíblia o reconhece. Obviamente não há um cristianismo de segunda mão, apenas de primeira. Não há netos, mas filhos espirituais.
Para os que dirigem lares, este é um compromisso fundamental: nossas vidas devem ser evangelizadoras. Nossos lares devem ser ambientes propícios para que todos os seus membros (sejam eles pais ou filhos…) venham a aceitar a Cristo e viver segundo os valores de Deus.

3. OS DEUSES DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
Os povos antigos tinham deuses de suas famílias. Por isto, quando se apresentou a Moisés para ser apresentado ao povo, Deus não se autonomeou senão como EU SOU. Não queria ser identificado como mais um deus.
Por isto, Josue adverte aos seus ouvintes a que não seguissem seus próprios deuses, mas o Senhor de Israel, como manifesto desde Abraão
Nossas famílias não seguem deuses particulares, mas tendem a seguir certos valores que se contrapõem aos valores de Deus. Eis alguns desses deuses contemporâneos:

3.1. O deus da prosperidade
Quando nos nascem os filhos, começamos a nos preocupar com o futuro profissional deles. Deixamos que eles escolham suas profissões, mas queremos que sejam “boas” profissões (isto é, que remunerem bem, etc.)
Em resumo, queremos que nossos filhos tenham mais dinheiro do que nós, mais sucesso do que nós, como se a felicidade estivesse nisso. Acabamos cingindo toda a vida de nossos filhos em função desse tipo de ideal.
Quando nos perguntam por eles, dizemos o que estudam ou estudaram, que profissão têm, como são bem sucedidos, etc.
Há aqui uma clara inversão de valores. A família não vive em função de valores, que é a dimensão espiritual da vida, mas em função de resultados. Pouco lhe importa o presente, mas o futuro. A privação desnecessária no presente (viver fazendo economia como um estilo de vida e não por necessidade) é justificada pelo que pode vir no futuro, como se todos fôssemos viver 130 anos.

3.2. O deus do individualismo
Outra divindade é o individualismo atrofiado, que faz com que haja uma falta de projetos familiares. Há um incensamento dos projetos individuais. É um “cada um por si” que mata na gênese a própria idéia de família.
A síndrome de Caim continua presente, como se ninguém fosse guardador de seu irmão… Afinal, é preciso respeitar-se a individualidade do outro, de modo a tornar o companheirismo apenas um retrato na parede…

3.3. O deus da irresponsabilidade
Os pais gostam de pensar nos filhos como sendo intrinsecamente irresponsáveis. No entanto, são-no tambemis, especialmente quando transferem para outros aquelas responsabilidade que lhes pertencem.
Assim, a responsabilidade pela felicidade familiar é transferida para outros, seja para a escola, para igreja ou para os meios de comunicação. Há muita gente, alguns até não crentes, que transferem para a igreja a educação moral dos seus filhos. Alguns afastados chegam a voltar a igreja por causa dos filhos, como se eles não também não precisassem de Deus.

4. A VALIDADE DE UM COMPROMISSO
Diante dessas idolatrias contemporâneas, vale a pena nos comprometermos como se comprometeu Josue: “eu e minha casa serviremos ao Senhor”. É isto possível?
Em certo sentido, não. O respeito que cada membro da família merece nos impede de prometer que qualquer um dele servirá ao Senhor. Na compreensão moderna da vida, cada um é responsável pelos seus compromissos.
O compromisso de Josue é, portanto, pré-moderno. Ainda mais quando casa era mais que nossa família contemporânea: incluía todos aqueles que viviam sob a liderança e sustento de um patriarca.
No entanto, podemos fazer como Josue:
. devemos desejar que nossa família sirva ao Senhor
. devemos orar para que nossa família sirva ao Senhor
. devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para que nossa família sirva ao Senhor
. devemos, nós mesmos, servir ao Senhor com fidelidade e prazer tais que nossa família também queira servir ao Senhor
Como Josué, nosso compromisso deve ser:
. não servir a outros deuses, mas a Deus (v. 2)
. recordar as bênçãos recebidas como família (v. 3)
. lembrar o deserto (v. 7) =  valorizar o fracasso, pois é ele que nos prepara para a vitória

5. CONCLUSÃO
Como está o seu compromisso, com Deus, com seus filhos, com seu cônjuge?
Você tem procurado, como família, servir ao Senhor ou tem seguido outros deuses (prosperidade, individualismo, irresponsabilidade)?
Você tem procurado, como membro da família, o bem de todos ou apenas o seu (individualismo transformado em egoísmo)?
Esteja você onde estiver, faça um compromisso diferente com Deus hoje. Prometa a ele começar de novo.
Muitos têm tentado. Casais em vias de separação têm tentado e têm recomeçado…
Pais têm revisto seus métodos e recomeçado.
Filhos têm revisitado suas práticas e recomeçado.