Mateus 5.3: CONVITE À HUMILDADE

CONVITE À HUMILDADE

Mateus 5.3

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 21.6.1998.

1. INTRODUÇÃO
Lemos que são bem-aventurados os humildes, mas preferimos nos exaltar diante do próximo? Se Jesus tivesse que nascer hoje, encontraria em nós uma Maria, que achou graça perante Deus por ser humilde (Lc 1.48)?
Por que, então, somos tão soberbos?
Como é difícil reconhecer que, como diz o salmista (Sl 103.14-16), nossa estrutura é pó ou, segundo o frasista Olavo Feijó, “substrato de pó de nada”.
Blague de Olavo Feijó: “sou humilde, mas consegui isto com muito esforço próprio”. O entrevistado de A Seara, cuja principal característica de sua personalidade era a humildade.
Esta bem-aventurança pode ser lida em conjunto com Mq 6.6. Ser feliz é andar humildemente com Deus.

2. A HUMILDADE MELHORA NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS
Humilhar-se diante de Deus no sentido bíblico é rastejar diante dele. O contrário é soberba, como a do Faraó, que tinha “dura cerviz” (pescoço duro de ser vergado).
A humildade é a disposição espiritual (imprescindível) que nos permite aceitar a salvação de Deus. Não posso por mim mesmo. Sem este passo, não há salvação. Jesus condiciona a entrada no reino dos céus (5.3b) à humildade. Afinal, quem não é humilde não precisa de Deus.

A humildade nos dá um conceito adequado de Deus. Deus é o totalmente outro. Não tem para onde crescer. É eterno (no princípio e no fim, marcas que Ele não tem).
Não tem sentido a chamada confissão positiva (do tipo “eu declaro”), que tira o poder de Deus, para colocá-lo em nós. Trata-se de uma manifestação de soberba espiritual, que é a pior de todas as soberbas. Diante de Deus, não podemos mais do que pedir. É querer fazer as coisas do jeito da gente, não no de Deus. Moisés, em lugar de falar à rocha, achou melhor soberbamente bater nela. Como resultado, foi humilhado em não entrar na terra prometia. (Nm 20.10-12)

Andaremos humildemente com Deus (Mq 6.8), se reconhecermos que Deus sabe aquilo que é bom para nós, em lugar de vivermos por nós mesmos. Para muitos, Deus se tornou um símbolo e não mais um Senhor. Muitos vivem como se fossem seu próprio deus. Sabem tudo, discernem tudo. Não dependem de Deus para nada, embora ainda o confessem com a sua boca.

3. A HUMILDADE NOS TORNA MELHORES DIANTE DOS OUTROS
Esta humildade diante de Deus deve se estender aos outros com os quais convivemos.
Assim, se a humildade diante de Deus é a disposição para pôr em prática o fato de que Ele é o totalmente Outro, humilhar-se diante do próximo é ter a capacidade de se relacionar com ele como um igual.
O contrário é a soberba, atitude de a gente se considerar superior às outras pessoas.
A soberba se manifesta no muito falar. Falar de si mesmo. Contar vantagens. Mentir sobre si mesmo, dando a impressão de estar em posições e situações superiores ao interlocutor.
A soberba se manifesta no pouco falar. [O caso de alguns que não falam porque as pessoas não lhes vão entender…]
Os soberbos nunca ouvem. Se ouvem, têm algo mais importante para dizer. Os soberbos são insuportáveis. A Bíblia diz que eles serão humilhados.
“A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra” ( Pv 29.23).
“O maior dentre vós será servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado, mas quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.11-12).
“Humilhai-vos na presença de Deus e ele vos exaltará (Tg 4.10).
“O maior dentre vós será servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado, mas quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.11-12).

Humildade é uma indicação de sabedoria (de saber viver), porque permite que vejamos os outros como eles são. A soberba é uma tentativa de esconder aquilo que nós somos: pó.

Andaremos humildemente com Deus (Mq 6.8), se nos empenharmos em praticar a justiça e amar a misericórdia. A soberba é uma injustiça, porque nos leva a ver os outros como nós o vemos, a partir de nós, colocados no centro do mundo. Ser justo é ser humilde.
A soberba é uma forma de terror, que é contrário de misericórdia. Ser misericordioso é compreender o outro. Ser justo é ser misericordioso.
Você é humilde diante do seu próximo?
Nós somos iguais uns aos outros. O caso da flâmula de Cianorte: “Um dia todos acabaremos assim”.

4. HUMILDADE NOS TORNA MELHORES DIANTE DE NÓS MESMOS
O apóstolo Paulo resumiu a aplicação da bem-aventurança à nossa vida pessoal. Recomendou ele: “Ninguém tenha de si conceito mais alto do que convém; antes, pense com moderação” acerca de si mesmo (Rm 12.3). Em outro lugar, o mesmo apóstolo insiste: “Quem julga ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gl 6.3)

A humildade nos dá um conceito adequado de nós mesmos. Somos pó, mas à imagem e semelhança daquele que é totalmente Outro. Somos relativos (temos começo e fim). Somos limitados.
Humildade é uma indicação de sabedoria (de saber viver), porque permite que nos vejamos como nós somos. A humildade nos dá um conceito adequado acerca de nós mesmos

Há duas áreas críticas, onde podemos perder a guerra para a soberba.
Uma é a do saber. Há gente que arrota conhecimentos, arrota saber. 1Co 3.18. O verdadeiro sábio é aquele que sabe que não sabe.
Outra é a do viver. Há gente que acha que sabe viver, tendo solução para todos os tipos de problemas. Essa pessoa sabe que não se deve ser autoritária, mas é autoritário, embora não ache. Essa pessoa sabe que não de deve falar mal da vida alheia, mas fala, embora não ache.
Outra é a da espiritualidade. É muito difícil ser espiritual, mas é facílimo parecer espiritual. Há quem consiga fingir espiritualidade. Daí a recomendação paulina: Cl 2.18

A humildade, em relação a nós mesmos, evita a frustração (querer ser o que não podemos ser). Precisamos de projetos para viver.
Não tem a ver com marketing pessoal (revista “Você”), que tem o seu lugar desde que dentro de limites e de acordo com as potencialidades de quem se autovende…
Não deve ser confundida com auto-estima baixa, que é outra coisa. Aliás, a maioria dos orgulhosos tem, no fundo, uma baixíssima auto-estima; por isto precisam arrotar.
Não deve ser confundida com timidez, que é uma dificuldade de natureza psíquica que deve ser corrigida.
A Bíblia diz que os humildes serão exaltados (Lc 1.52), não como troca, mas como experiência de vida.

Humildade é um valor do reino, logo um dom de Deus a ser buscado. No sermão do monte, não por acaso é a primeira das qualidades do cristão.
No sentido bíblico, o humilde é o pobre de orgulho (o sem-orgulho), pobre de soberba (o sem-soberba).

5. CONCLUSÃO
Precisamos da consciência de que somos/estamos soberbos. Esta é uma grande dificuldade, ao ponto de o soberbo, por vezes, se considerar humilde…
Os humildes ouvem; os orgulhosos falam. Os humildes perguntam; os vaidosos respondem. Os humildes pedem (a Deus); os soberbos ordenam (a Deus).
Nosso modelo: Jesus Cristo (Fp 2). Devemos aprender de Cristo, que é manso e humilde (Mt 11.29).

A diferença entre alguém humilde e alguém humilhado. Humilde é aquele que tem a disposição, por seu caráter, pelo temor de Deus nele, pelas experiências acumuladas na vida, para conviver com os outros com respeito e igualdade. Humilhado é aquele, que não tendo esta disposição, é jogada no chão, cai do cavalo, é derrubado, é massacrado.
Qual é a sua escolha?

CONVITES FINAIS
A quem não é salvo, deixar seu pescoço vergar e se dispor a andar humildemente com Deus. Se fizer isto, entrará no reino dos céus. [Quem quer?]
A quem é salvo, dispor-se a viver em constante humildade diante de Deus, sabendo que não há outro estilo de vida possível ao cristão que quer ser feliz.
Você quer agradar a Deus? Saiba que ele escolhe as coisas humildes. Deus prefere as pessoas humildes (1Co 1.28).