Zacarias 7-8: AS DUAS RELIGIÕES POSSÍVEIS

AS DUAS RELIGIÕES POSSÍVEIS
Zacarias 7 e 8

Pregado na Igreja Batista Central de Campinas, 17.3.96; Igreja Batista Itacuruçá,  em  19.7.1998

1. INTRODUÇÃO
A religião deve ser uma fonte de prazer tanto para o homem quanto para Deus. No entanto, nem sempre acontece assim, por causa do homem.
Zacarias 7 e 8 descreve as expectativas humanas sobre a religião, confrontadas com o projeto de Deus. Contemporâneo de Ageu, o profeta pregou ao tempo em que o templo de Jerusalém estava sendo reconstruído, depois que o rei Dario permitiu que uns 50 mil judeus voltassem à Palestina. Ele falava por meio de imagens apocalípticas, mas neste trecho fala de modo claro, a partir de uma pergunta: o jejum deve continuar?
Atualizando, o texto mostra que há dois tipos de religião a nos confrontar: uma que vale a pena (porque procede de Deus – 8:8) e outra que não vale (porque procede de nós mesmos – 7:5). A primeira é um fracasso; a segunda se move pelo território da esperança.

2. A RELIGIÃO FRACASSADA
. É praticada formalmente (7.4-7).
O jejum, responde o profeta à consulta, foi uma invenção dos homens; eles então que resolvessem o problema. Os judeus, nessa época, celebravam quatro jejuns no ano: pelo cerco de Jerusalém em 586 a.C., pela captura de Jerusalém, pelo incêndio do templo e pela dispersão final dos judeus.
Não significavam propriamente aceitação da voz de Deus, mas visavam a auto-expiação, a busca do perdão pelo sofrimento e não pelo arrependimento.

. Não tem a ver com a vida (7.8-14).
Não tem nada a dizer, ou a fazer, diante da injustiça, da miséria, do sofrimento e da desolação. Antes, contribui para reforçar essas condições.

. É um fardo para seus praticantes (7.3).
Eles jejuaram e choraram regularmente durante 70 anos

. Suas práticas não conduzem à audição da voz de Deus (7.11-13).
A religião judaica se tornou surda: os homens falavam, mas Deus não ouvia; Deus falava, mas os homens não escutavam.
As conseqüências deste desprezo se fizeram notar: o cativeiro, que não foi propriamente um castigo (enquanto capricho) de Deus, mas o resultado de suas práticas contra as quais Deus advertira. O povo precisou passar pelo cativeiro para aprender o que Deus lhe ensinara por diversos meios: a fidelidade (monoteísmo em meio ao politeísmo). O sofrimento foi uma escolha.

3. A RELIGIÃO QUE DEUS QUER
. É centrada num Deus que se interessa pelo homem (8:1-3, 6, 14, 15).
Deus promete habitar no meio de Jerusalém.

. Não se deixa afastar da prática da justiça, da verdade e da paz  (8:16-17, 19b).
Deus espera que os crentes amem essas práticas como indissociáveis da fé nEle. Faz parte da fé o exercício da misericórdia.

. Interessa-se pelo bem-estar das pessoas, especialmente aquelas sem proteção (8:4-5).
O que parece impossível ao homem (velhos e crianças felizes) não o é para Deus.
Por que os profetas de Deus estão sempre falando de serviço aos outros e não ao próprio Deus? Porque o serviço ao próximo é uma evidência palpável do amor a Deus (8:6). É esta a verdadeira religião da vitória.

. Tem prazer na religião (8:19a).
Os enviados de Betel não precisam perguntar pela continuidade do jejum, que lhe seria prazeroso.

. Dá testemunho ao mundo (8:20-23)
De tal modo, que os não cristãos vão agarrar os cristãos para seguir o Deus verdadeiro.

4. CONCLUSÃO
. Minha religião procede de mim mesmo ou tem sua fonte no amor de Deus por mim (8.1)?
. Minha religião tem contribuído para tornar o mundo um lugar melhor para se viver (8.4-5) ou não tem feito qualquer diferença?
. Minha religião tem sido fonte de prazer em Deus ou tem produzido apenas auto-satisfação e auto-expiação (7.5)?
. Minha religião tem sido uma oportunidade para ouvir a voz de Deus ou apenas a mim mesmo (7.11)?