APRENDENDO A CELEBRAR A CEIA DO SENHOR
1 Coríntios 11.23-34
Pregado na Igreja Batista Itacurucá, em 11.11.2000 (noite)
Mensalmente esta Igreja ministra a Ceia do Senhor. Temos feito esta celebração conforme Cristo a ensinou e Paulo a normatizou? Precisamos voltar a Bíblia e conferir nossas práticas.
1. A Ceia do Senhor não é uma invenção humana. Antes, foi instituída por Deus e a sua formula repete o gesto de Jesus na despedida dos seus discípulos (vv. 24-25).
Por isto, devemos buscar formas criativas de a celebrar, desde que seu sentido e sua fómula original sejam mantidos. Ela contém dois elementos, o pão, que é mastigado, e o suco de uva, emulando o vinho, que é bebido.
(Por que o suco e não o vinho? Por uma convenção, que indica a nossa disposição de nos abstermos do álcool. Há igrejas batistas que usam vinho, embora a maioria prefira o suco.)
O pão simboliza o corpo de Cristo, morto por nós, e o vinho simboliza o sangue de Jesus, derramado por nós na Cruz. Como símbolos, o pão e o vinho, mesmo depois de consagrados ou ingeridos, permanecem com as mesmas substâncias químicas. Eles não contém o corpo de Jesus (consubstanciação) nem se transformam no corpo de Jesus (transubstanciação).
2. A Ceia do Senhor é uma celebração memorial (passada) do novo pacto e uma celebração escatológica (futura) do cumprimento do Reino de Deus (vv. 24-26).
A celebração da Ceia do Senhor é uma recordação do novo pacto selado conosco na cruz. O pacto velho se dava pela reciprocidade mediada pela lei. O novo pacto se dá pela fidelidade de Deus para com o homem e do homem para com Deus, fidelidade esta mediada pela graça. Ele é fiel por Sua graça, não por nossa fidelidade. Nós lhe somos fiéis, não por nossa competência, mas por Sua graça.
3. A Ceia do Senhor deve ser celebrada pela Igreja, porque é ela quem anuncia o Reino de Deus. Por seu caráter publico e por sua natureza, a postura dos que dela participam deve ser sempre reverente e festiva.
Dela devem participar todos os que crêem que Jesus Cristo é o Salvador e que Jesus Cristo voltará como Senhor, razão pela qual já entregaram a Ele as suas vidas.
Quanto à época, a Igreja apostólica a distribuía a cada culto que realizava; nossa Igreja dela participa todo primeiro domingo de cada mês. Há igrejas que têm outro tipo de calendário.
Há denominações que servem a Ceia do Senhor em casas das pessoas impossibilitadas de virem ao templo. Nossa Igreja não tem esta prática, por entender que sua ministração deve ser pública.
Nas igrejas batistas, há uma variação quanto aos que devem ter acesso a esta parte do culto. Uns optam pela Ceia restrita, ministrando-a somente a batistas. Outros oferecem-na somente aos membros da Igreja local. E outros dão o privilégio da livre participação aos crentes em Cristo e batizados em idade consciente. Nossa Igreja tem escolhido a terceira opção, por entender que é mais fiel ao espírito apostólico.
4. A Ceia do Senhor deve ser tomada de modo digno (v. 27) e nunca sem o discernimento da natureza do corpo do Senhor (v. 32).
Tomar a Ceia do Senhor de modo digno é compreender o seu significado memorial e escatologico, que exclui a idéia de que a participação na Ceia do Senhor confere qualquer graça a quem dela toma, mas apenas a alegria da renovação do seu pacto com Deus.
Tomar a Ceia do Senhhor de modo indigno é evitar a comunhão fraternal. Em Corinto os cristãos usavam a Ceia como uma forma de ostentação de posses materiais. Podemos não ostentar diante do nosso irmão durante a Ceia (não esperando pelo outro para a refeição — a primeira parte da Ceia –, porque o contexto não o permite, mas podemos ignorar nosso irmão.
Tomar a Ceia do Senhor de modo indigno é tomá-la burocraticamente, sem se apossar da alegria que a participação nela distribui.
Tomar a Ceia do Senhhor de modo indigno é deixar de tomá-la por causa de algum pecado, pois o correto é pedir perdão a Deus e estabelecer com Ele a intimidade que a Ceia sela.
5. Ao participarmos, estejamos conscientes em relação ao pão, que o tomamos porque recebemos o sacrifício de Jesus Cristo por nós. Graças ao Seu amor, somos fortalecidos por Ele e capacitados a viver o Evangelho.
Ao tomarmos o vinho, recordemos o sacrifício de Jesus Cristo por nós, sacrifício que permite a cada um de nós a força da alegria. Nossa vida seja, portanto, um compromisso de proclamação da sua volta.
Se você é crente e não foi ainda batizado, batize-se e participe desta celebração.
Se você tem participado de modo indigno, arrependa-se e venha celebrar.