2Samuel 24: DE QUEM É O DÍZIMO?

DE QUEM É O DÍZIMO?
2Samuel 24

2004

Há dois tipos de pessoas na igreja, quando o assunto envolve a entrega dos dízimos. Uns se esforçam para fazê-lo regularmente. Um dia desses, um de nossos irmãos não sabia como ira devolver o dízimo e orou ao Senhor por uma solução: pouco depois recebeu um dinheiro inesperado e pôde manter sua fidelidade. No entanto, outros não se esforçam para fazê-lo, justificando-se de vários modos.
Para ambos os tipos de crentes, temos em Davi um exemplo extraordinário. Depois de uma experiência traumática, para si e para o seu povo, ele se arrependeu de seu pecado e ofereceu um sacrifício ao Senhor que serviu de marco definitivo para a sua família e para o seu povo.

1. O PECADO DA AMBIÇÃO
Davi tomou uma decisão que Deus condenou. Ele resolveu fazer um recenseamento geral do povo de Israel, conforme lemos em 2Samuel 24.1-9.

Mais uma vez irou-se o Senhor contra Israel e incitou Davi contra o povo, levando-o a fazer um censo de Israel e de Judá.
Então, o rei disse a Joabe e aos outros comandantes do exército:
— Vão por todas as tribos de Israel, de Dã a Berseba, e contem o povo, para que eu saiba quantos são.
Joabe, porém, respondeu ao rei:
— Que o Senhor, o teu Deus, multiplique o povo por cem, e que os olhos do rei, meu Senhor, o vejam! Mas, por que o rei, meu Senhor, deseja fazer isso?
Mas a palavra do rei prevaleceu sobre a de Joabe e sobre a dos comandantes do exército; então, eles saíram da presença do rei para contar o povo de Israel. E atravessando o Jordão, começaram em Aroer, ao sul da cidade, no vale; depois, foram para Gade e de lá para Jazar, Gileade e Cades dos hititas, chegaram a Dã-Jaã e às proximidades de Sidom. Dali seguiram na direção da fortaleza de Tiro e de todas as cidades dos heveus e dos cananeus. Por último, foram até Berseba, no Neguebe de Judá. Percorreram todo o país e voltaram a Jerusalém ao fim de 9 meses e 20 dias.
Então, Joabe apresentou ao rei o relatório do recenseamento do povo: havia em Israel 800 mil homens habilitados para o serviço militar, e em Judá, [havia] 500 mil.
(2Samuel 24.1-9)

O que houve de errado com o censo de Israel, ordenado por Davi, mesmo contra a opinião dos seus conselheiros? Não sabemos com certeza, porque a  Bíblia não o diz. Para um resumo das interpretações em torno da natureza do pecado de Davi, veja o comentário (Commentary on the Whole Bible) de Matthew Henry (1708), disponível em <http://www.ccel.org/h/henry/mhc2/MHC10024.HTM>. Acessado em 23.1.2004. O recenseamento não era uma novidade: Moisés já o promovera, 500 anos antes, sem que isto lhe fosse imputado como erro.
Provavelmente, Davi, ao numerar os homens prontos para a guerra, queria conhecer melhor o seu potencial ou comunicar ao seu povo e aos povos vizinhos que era forte o suficiente para sufocar rebeliões e conquistar outras nações.  Com esta atitude, Davi estava dizendo que a força estava nele e no seu povo, não no Senhor deste povo. Davi parece esquecido da promessa de Deus a Abraão, segundo a qual Ele mesmo multiplicaria seu povo. Ele estava orgulhoso da grandeza alcançada. Ele estava cheio de ambição, com o que poderia fazer com tamanha população adulta, que poderia convocar para a guerra, quando precisasse.
Davi sabia qual era o seu pecado, razão por que não contestou o castigo. Ele pecou por não consultar a Deus. Era a hora para um recenseamento? Davi, como muitas vezes fazemos, decidiu fazê-lo, mesmo que seu primeiro-ministro fosse contra. Davi estava em alta, e quando estamos em alta, não ouvimos a ninguém, senão a nós mesmos. Davi estava possuído por uma paixão, e quando estamos possuídos por uma paixão, não ouvimos a ninguém, se não a voz de nosso sentimento. Davi se entregou a si mesmo, e Deus permitiu que Satanás o tentasse (cf. 1Crônicas 21.2), e Satanás o tentou e Davi caiu, seduzido. Ele não ouviu Joabe, portavoz da palavra de Deus, mas escutou a Satanás. Temos sempre que nos perguntar a quem estamos ouvindo.
No caso de Davi estava tomado pela ambição, de governar de modo mais absoluto, de avançar as fronteiras do seu país. No nosso caso, quando dominados pela ambição, passamos a viver sem consultar a Deus sobre nossas decisões.
Quando temos dinheiro para a satisfação de nossas necessidades, sejam elas reais ou supérfluas, ficamos com a sensação de que podemos depender de nós mesmos. Dar o dízimo é menos difícil para os que ganham pouco; embora dez por cento seja muito, os que ganham pouco não se deixam escravizar pela ambição. No entanto, os que ganham muito tendem a achar que dez por cento é muito; o dinheiro do dízimo reluz como uma divindade a ser adorada; alguns se deixam seduzir por Satanás, como Davi o foi, e  se perguntam, por exemplo, se o dinheiro do dízimo será bem usado pela igreja, se o dinheiro do dízimo não lhes permitirá comprar outros bens, desnecessários quase sempre. É por isto que a obra que Deus confiar à igreja é realizada com o pouco dos muitos, não com o muito dos poucos, porque sua soma é pouca mesma.

2. O ARREPENDIMENTO INDISPENSÁVEL
A Bíblia diz que Davi era um homem segundo o coração de Deus (1Samuel 13.14) e a razão era simples: Davi era um homem que se arrependia. Ele pecava, mas não deixava que o pecado o consumisse. Uma demonstração disso, como está em 2Samuel 24.10-16, é que

Depois de contar o povo, Davi sentiu remorso e disse ao Senhor:
— Pequei gravemente com o que fiz! Agora, Senhor, eu imploro que perdoes o pecado do teu servo, porque cometi uma grande loucura!
Levantando-se Davi pela manhã, o Senhor já tinha falado a Gade, o vidente dele:
— Vá dizer a Davi: Assim diz o Senhor: “Estou lhe dando três opções de punição; escolha uma delas, e eu a executarei contra você”.
Então, Gade foi a Davi e lhe perguntou:
— O que você prefere: três anos de fome em sua terra; três meses fugindo de seus adversários, que o perseguirão; ou três dias de praga em sua terra? Pense bem e diga-me o que deverei responder àquele que me enviou.
Davi respondeu:
— É grande a minha angústia! Prefiro cair nas mãos do Senhor, pois grande é a sua misericórdia, a cair nas mãos dos homens.
Então, o Senhor enviou uma praga sobre Israel, desde aquela manhã até a hora que tinha determinado. E morreram 70 mil homens do povo, de Dã a Berseba. Quando o anjo estendeu a mão para destruir Jerusalém, o Senhor arrependeu-se de trazer essa catástrofe e disse ao anjo destruidor:
— Pare! Já basta!
Naquele momento o anjo do Senhor estava perto da eira de Araúna, o jebuseu. Ao ver o anjo que estava matando o povo, disse Davi ao Senhor:
— Fui eu que pequei e cometi iniqüidade. Estes não passam de ovelhas. O que eles fizeram? Que o teu castigo caia sobre mim e sobre a minha família!
(2Samuel 24.10-16)

O grande Davi sabia se humilhar. Ele não tinha vergonha de se quebrantar. Diante dos homens, ele tinha todo o poder. Diante de Deus, sabia que só Deus é mesmo poderoso. Ele então confessa o seu pecado. Ele poderia se explicar; ele poderia pôr a culpa nas circunstâncias; ele poderia até transferir sua culpa para Satanás. No entanto, Davi sabia que tinha pecado e pediu perdão.
Deus, que está sempre atento, mais uma vez o ouviu. Deus, então, enviou um emissário para instruir o arrependido Davi. A graça de Deus veio sob a forma de um castigo. A graça pode incluir a disciplina, se precisamos de disciplina.
Davi precisava aprender que o arrependimento apaga o efeito do pecado em relação a Deus, mas não em relação aos homens. Aquele povo tivera que se submeter a um recenseamento, que custou caro aos cofres do Estado. O evento era um fato público. O castigo também. Davi aprenderia a confiar em Deus. O povo aprenderia a esperar em Deus.
Ele pôde escolher a disciplina. Sua escolha foi orientada por uma certeza: é melhor a disciplina de Deus do que o castigo dos homens. Todos sabemos disto. Muitas pessoas são restauradas (do seu pecado) diante de Deus, mas nunca conseguem ser restauradas diante dos homens; o raciocínio é simples: quem errou uma vez, errará novamente. É duro cair nas mãos dos homens. Os homens não esquecem. Deus, no entanto, depois de confessarmos os nossos pecados, apaga-os da Sua memória de uma vez por todas. E ele o faz por amor do Seu nome (1João 2.12). Nossa ficha volta a ficar limpa. Por isto, são felizes aqueles cujas iniquidades são perdoados, por terem os seus pecados esquecidos (Romanos 4.7).
Preciosamos aprender que Deus é o Deus do perdão. Precisamos aprender que, quando pecamos, caímos nas mãos de Deus, não dos homens. Precisamos de arrependimento diante de Deus. Davi levou nove meses para se arrepender. Quantas pessoas ficamos no pecado durante tanto tempo. Alguns só o confessamos quando somos descobertos. Outros, mesmo quando descobertos, damos explicações para justificar os pecados.
Talvez o nosso pecado seja o da ambição, que nos tem impedido de sermos fiéis no dízimo. A ambição é filha do pecado da falta de confiança em Deus. A falta de confiança em Deus é filha do pecado de não levar Deus a sério.
Façamos como Davi: reconheçamos nosso pecado, seja qual for a sua área, seja por quanto temos estejamos nele.

3. O SACRIFÍCIO SACRIFICIAL
Quando reconhecemos nosso pecado, Deus nos orienta o que fazer. Quando Saulo decidiu deixar de ser um perseguidor dos servos de Cristo para se tornar um deles, o Espírito de Cristo o orientou. Quando Davi se dispôs a ser purificado por Deus, o Senhor mandou um instrutor para dirigir sua vida em relação àquele assunto (2Samuel 24.18-25).

Naquele mesmo dia Gade foi dizer a Davi:
— Vá e edifique um altar ao Senhor na eira de Araúna, o jebuseu.
Davi foi para lá, em obediência à ordem que Gade tinha dado em nome do Senhor. Quando Araúna viu o rei e seus soldados vindo ao encontro dele, saiu e prostrou-se perante o rei, rosto em terra, e disse:
— Por que o meu Senhor e rei veio ao seu servo?
— Respondeu Davi:
— Para comprar sua eira e edificar nela um altar ao Senhor, para que cesse a praga no meio do povo.
Araúna disse a Davi:
— O meu Senhor e rei pode ficar com o que desejar e oferecê-lo em sacrifício. Aqui estão os bois para o holocausto, e o debulhador e o jugo dos bois para a lenha. O rei, eu dou tudo isso a ti.
E acrescentou:
— Que o Senhor, o teu Deus, aceite a tua oferta.
Mas o rei respondeu a Araúna:
— Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada”.
E comprou a eira e os bois por 50 peças de prata. Davi edificou ali um altar ao Senhor e ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão.
Então, o Senhor aceitou as súplicas em favor da terra e terminou a praga que destruía Israel.
(2Samuel 24.18-25)

Para Davi, oferecer um altar era oferecer um altar, não levantar um montinho de pedras num lugar qualquer. Deus lhe pedira que erguesse um altar numa terra que tinha dono. Ele foi até lá. O proprietário, Araúna, também chamado de Ornã (1Crônicas 21.20), era um estrangeiro, conhecedor do poderio de Davi. Se por medo ou por honra, ofereceu-se para doar o terreno, bem como os animais, para que a vontade de Deus fosse atendida..
Davi não quis nada de graça e comprou a propriedade, onde mais tarde seria construído o templo de Jerusalém, por seu filho, como lemos em 2Crônicas 3.1: Então, Salomão começou a construir o templo do Senhor em Jerusalém, no monte Moriá, onde o Senhor havia aparecido a seu pai Davi, na eira de Araúna, o jebuseu, local que havia sido providenciado por Davi. Davi não conhecia o futuro, mas obedeceu a Deus. Quando obedecemos a Deus, Ele faz coisas incríveis por nosso intermédio. Deus só usa os obedientes.

Aprendemos com Araúna como devemos nos comportar diante de um pedido que vem de Deus. Araúna não era um judeu, mas um jebuseu. Seu comportamento foi mais generoso do que o de muitos judeus. Há muitas pessoas fiéis no dízimo que não são formalmente cristãs. E há muitos cristãos que ainda não entendem que a melhor coisa que podem fazer é adotar a generosidade como estilo de vida.

Aprendemos com Davi que não podemos baratear as instruções do Pai, não precisamos apequenar a sua graça de Jesus, não devemos brincar com a misericórdia do Espírito Santo. Por causa de sua obediência, seu pequeno altar se tornou um majestoso templo.
O altar virou um templo porque não foi edificado de qualquer jeito, sem custo. Era um altar ligado com o projeto de vida de Davi. O altar virou templo porque sua edificação era um ato de obediência. Quem entrega o dízimo obedece à palavra do Senhor.

3.1. O dizimista é um obediente de coração agradecido (Gênesis 14.20).
Davi teve o seu pecado perdoado. A paz que experimentou fez dele uma pessoa agradecida.
Dá o dízimo quem tem o coração agradecido. Tem o coração agradecido quem reconhece que o que tem veio de Deus. Quem acha que tudo que lhe veio é fruto do seu suor, que sua saúde vem do seu próprio cuidado, que o trabalho que tem decorre de sua competência, não dá o dízimo.
Neste sentido, Abraão é um modelo. Não há na Bíblia nenhuma informação de que tenha recebido uma ordem para ser dizimista. Por ter o coração agradecido, inaugurou esta prática, que mudou a sua vida. Depois de ouvir de Melquisedeque que Deus era bendito pelo livramento que ofereceu, o pai da fé deu o dízimo de tudo (Gênesis 14.20).

3.2. O dizimista é um obediente de coração atento aos mandamentos de Deus (Levítico 27.30).
O Antigo Testamento está repleto de instruções sobre o prazer da entrega do dízimo, tanto que a palavra aparece 31 vezes nesta parte da Bíblia. Numa delas, a instrução é clara e  detalhada: Todos os dízimos da terra, seja dos cereais, seja das frutas, pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor (Levítico 27.30).
Não há dúvida: o dízimo um dos mandamentos de Deus. Quem medita na Sua palavra sabe que a ordem está dada. A pergunta, muito comum, é se Jesus não aboliu esta determinação. O Senhor tem esta ordem como um pressuposto bem evidente; ouçamos o que Ele diz: Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas (Mateus 23.23).

3.3. O dizimista é um obediente de coração desejoso de participar da obra divina de reconstrução do mundo (2Crônicas 31.2-5)
Davi, com seu gesto, colocou a pedra fundamental do futuro templo de Jerusalém. Por meio do templo, o nome de Deus seria exaltado por gerações. Através da glória do templo, muitos estrangeiros puderam compreender quem Deus era. Como vemos ao tempo de Jesus, milhares de pessoas viam a Jerusalém adorar no templo, visto com o endereço de Deus na terra.
No Antigo Testamento, Deus providenciou uma religião organizada, que manteria o seu povo unido e trabalhando, sob a liderança de pessoas experimentadas em diversas áreas do culto e do serviço. Os reis obedientes do antigo Israel entendiam e apreciavam esta providência divina. Um deles foi Ezequias (2Crônicas 31.2-5). Ao seu tempo, ele compreendeu o papel do que hoje podemos chamar de igreja. Aprendamos com Ele..

Ezequias designou os sacerdotes e os levitas por turnos, cada um de acordo com os seus deveres, para apresentarem holocaustos e sacrifícios de comunhão, ministrarem, darem graças e cantarem louvores junto às portas da habitação do Senhor.
O rei contribuía com seus bens pessoais para os holocaustos da manhã e da tarde e para os holocaustos dos sábados, das luas novas e das festas fixas, conforme o que está escrito na Lei do Senhor.
Ele ordenou ao povo de Jerusalém que desse aos sacerdotes e aos levitas a porção que lhes era devida a fim de que pudessem dedicar-se à Lei do Senhor.
Assim que se divulgou essa ordem, os israelitas deram com generosidade o melhor do trigo, do vinho, do óleo, do mel e de tudo o que os campos produziam. Trouxeram o dízimo de tudo. Era uma grande quantidade.
(2Crônicas 31.2-5)

A partir do Novo Testamento, a igreja é o dom de Deus para o mundo. É por meio dela que o dom maior da graça é levado ao mundo. A tarefa de todos os cristãos é envolver-se nesta proclamação, direta (indo às pessoas, onde quer que estejam, aqui e nos confins da terra) e indiretamente (orando pelos que vão e sustentando os que vão)
Ainda hoje, há muitos cristãos tão satisfeitos com o que receberam (o perdão dos  seus pecados) que não desejam (embora não o digam) que esta graça alcance outras pessoas. Tais cristãos precisam pedir perdão a Deus por reterem para si o perdão de Deus. Devem pedir perdão e se comprometerem a ser dizimistas, como cristãos obedientes. Se puderem, devem ser não só dizimistas como ofertantes (para os diversos ministérios da igreja), sempre na medida das suas possibilidades, não das suas desculpas.

3.4. O dizimista é um obediente de coração confiante em Deus (Malaquias 3.10)
O texto áureo da Bíblia acerca do dízimo (Malaquias 3.10) nos provoca um certo mal-estar. A palavra de Deus soa cristalina:

Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova, diz o Senhor dos Exércitos, e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las.
(Malaquias 3.10)

Incomoda-nos ouvir que dar o dízimo é uma ordem de Deus. Preferimos a idéia de que deve ser algo voluntário.
Incomoda-nos a idéia de pôr Deus à prova, já que conhecemos os frutos de sua soberania.
Incomoda-nos a promessa que Deus nos vai abençoar de uma maneira transbordante, se obedecermos à sua ordem.
Incomoda-nos ver este texto transformado num instrumento para os mercadores da prosperidade material como prova da fidelidade de Deus para com os que lhe são fiéis.

Entendamos bem o texto, para que nosso mal-estar passe.
Sim, o dízimo é uma ordem de Deus, como parte integrante da Sua lei outorgada no deserto. O Novo Pacto, proposto e vivenciado por Jesus, não o anulou. A Lei continua, só que agora inscrita no nosso coração. Agora, obedecemos com o coração, obedecemos não porque Deus mandou mas porque gostamos de obedecer, gostamos de obedecer porque é o melhor para nós. No Novo Testamento, não há contradição entre compromisso e voluntariedade, entre obediência e prazer. Por isto, contribuímos com alegria, como nos ensina o apóstolo Paulo (2Coríntios 9.7).

Não, não precisamos mais pôr Deus à prova, porque já sabemos quem Ele é. Jesus já no-lO apresentou de modo completo. Nós já sabemos que Ele nos dá muito mais que merecemos. No entanto, se temos alguma dúvida, se nossa fé ainda é iniciante, podemos fazer o teste. Todo o dizimista é abençoado com o dom maior de ver que a sua contribuição, somada a outras, faz milagres, levando pão onde não há, levando paz onde não há. Ser dizimista é ver todo mês o espetáculo da multiplicação, em casa e na casa de Deus.

Não, não devemos fazer trocas com Deus. Se damos o dízimos, sem esperar em troca, seremos abençoados de um modo que só Ele sabe, porque Ele conhece as nossas necessidades, sabe até quanto não ter é melhor do que ter, e nos dá a bênção de não ter. Ele não olha a mão que desce ao recipiente da oferta, mas olha o coração que dirige aquela mão. Se o coração for puro, a bênção virá. Deus não vende sua graça. Ela é boa demais para ser comercializada.  

A oração do cristão fiel não pode ser outra, senão esta:

CANÇÃO DO DIZIMISTA

À casa de Deus  meu dizímo todo mês trarei.
Em troca da minha fidelidade nada quero
senão a alegria da fidelidade ao meu Rei

pela certeza que é nEle que tudo espero.

Quando chegar o dinheiro, este bem efêmero,
a parte do meu Senhor a Ele devolverei.
Quando a escassez ameaçar com o desespero,
pela fé ao meu Pai, que provê, cantarei.

Mesmo parecendo recolhida a divina mão,
mesmo que o céu me esteja feio e fechado,
mesmo meu gesto não sendo recompensado

e estiver sozinho à espera da verdadeira unção,
aguardarei do meu Deus a duradoura bênção
do amor que não pode ser por nada trocado.

4. O CAMINHO DA OBEDIÊNCIA
Se for quer ser obediente, como Abraão, como Davi, como Ezequias, como Paulo, como Tiago e tantos outros, eis algumas sugestões práticas.

4.1. Convençamo-nos que o dízimo é um convite à fidelidade ao nosso Deus.
Aos nossos ouvidos, sussurram que o dízimo é da lei e nós, da graça, logo estamos desobrigado a devolvê-lo. Lembre-se que a graça melhora a lei. O dizimista é alguém que obedece sem peso, mas com prazer.

4.2. Lembremo-nos  que dízimo é dez por cento do que você ganha.
Por que repetir o elementar? Porque sempre há pessoas que querem baratear nossa fidelidade  Para eles, não importa quanto, desde que se dê. Dízimo é dízimo (dez por cento); oferta é oferta.

4.3. Saibamos que o nosso pouco pode fazer muito.
Em nossa igreja, por exemplo, saiba que o seu dízimo é assim distribuído, excluída a participação denominacional e parte dos salários, que foi rateada entre as visões ministeriais.

VISÃO MINISTERIAL    %
ORAÇÃO    4
CRESCIMENTO    12
AMIZADE    6
JUSTIÇA    7
PROCLAMAÇÃO    15
MISSÕES    18
ADORAÇÃO    18
ADMINISTRAÇÃO    20

4.4. Desenvolvamos cuidados que nos ajudem a manter a nossa fidelidade.
Tenhamos uma rotina para dizimar, a partir do conhecimento de nossas características, visando superá-las.
Se for o caso, podemos …
… escolher um domingo fixo para contribuir [ESCREVENDO NO ENVELOPE],
… contribuir dominicalmente, se for o caso [ESCREVENDO NO ENVELOPE]
… depositar mensalmente na conta bancária da igreja [TRAZENDO O COMPROVANTE]

4.5. Ensinemos nossa família a ser dizimista.
Quando mais cedo, a atitude da fidelidade estiver inscrita em nós por mais temos fiéis seremos.
Se temos pessoas que não têm renda em nossa família, coloquemos os seus nomes nos envelopes de contribuição. Alternamente, cada um deles pode entregar a oferta a cada mês.

4.6. Percorramos o itinerário de nossos dízimos.
Não é correto apenas trazer a oferta e não se preocupar com o seu destino.
Devemos orar para que os nossos dízimos abençoem.
Devemos nos informar para ver de que modo a administração da igreja está gerindo os recursos que oferecemos a Deus.

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