Marcos 11.12-26: EVANGELHO MAS DE JESUS

EVANGELHO MAS DE JESUS
Marcos 11.12-26

2004
1. O “NOSSO” EVANGELHO
Vivemos uma crise de identidade, porque:

1.1. Transformamos o poder do evangelho em mercadoria.
Temos visto o uso de recursos, legítimos e ilegítimos, para fazer adeptos, não para fazer discípulos de Jesus. Temos visto evangélicos buscarem maravilhar à base do espetáculo. Temos visto crescer o comércio. Alguns críticos, com razão, dizem que abrir uma igreja é um bom negócio. Temos visto pessoas se enriquecendo por meio de promessas de prosperidade. Temos visto o evangelho sendo transformado em mercadoria, bem embalada, para consumo rápido e fácil, mas sem poder.

1.2. Transformamos a verdade do evangelho em mentira.
Temos vistos líderes e crentes dizer uma coisa e fazer outra, como se não houvesse relação entre uma coisa e outra. O que é mesmo a vida cristã?.
O culto, por vezes, é colocado acima da vida. O discurso, por vezes, tem vida própria, separado da vida.
Podemos falar de oração sem orar. Podemos  falar de amor sem amar.

2. O COMPROMISSO DO EVANGELHO DE JESUS
Para que possa ser de Jesus, o Evangelho

O Evangelho de Jesus é:
2.1. O evangelho da oração.
Nossa tarefa é anunciar o evangelho para  todos os povos. Jesus disse, citando Isaías 55.7: “A minha casa será chamada casa de oração para TODOS os povos (cf. Isaías 55.7). Nesta proclamação, o método tem o seu lugar, o marketing tem o seu lugar, que não é o lugar da dependência de Deus. Eu, por exemplo, tenho medo de ter um programa de TV, que pode nos seduzir a um evangelho barato, a uma metodologia que nos desfigure. Eu gosto de nosso programa de rádio, porque fazemos ao vivo, não cedemos nada. Oramos de verdade, não gravamos uma oração…
Como lemos nos livros de Levíitico e Números, para a realização dos rituais, era preciso transportar mercadorias (como animais, mobiliários, garrafas, etc). É por isto que Jesus proíbe este trasnporte, como a dizer: eu não quero este ritual; ele não me significa nada, pois não contém misericórdia, não é feito com sinceridade, é apenas um espetáculo.
Precisamos de depender de Deus. Jesus nos desafia: “Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá. (versos 22-24)

2.2. O evangelho do compromisso.
Compromisso, nas mínimas e nas máximas coisas, tem um preço (a morte, no caso de Jesus), diante dos poderosos que querem uma religião para domesticar. No no nosso caso, o compromisso é a morte do “eu acho que…”. Eu não acho nada: quem deve achar é Jesus.
Precisamos de crentes com compromisso.

2.3. O evangelho do ensino.
O evangelista nos diz que “toda a multidão estava maravilhada com o ensino” de Jesus. (verso 18). É o conteúdo do nosso ensino que deve maravilhar o mundo. Como ensinaremos, se não aprendermos. Devemos nos dedicar à aprendizagem. Apliquemo-nos à leitura da Bíblia. Sejamos alunos da Escola Bíblica.

2.4. O evangelho da vida.
Uma igreja é uma casa de oração. A vida de um cristão é uma casa de oração. Jesus relaciona oração com verdade, sinceridade, coerência.  Oração sem verdade, oração sem sinceridade, oração sem coerência não chega ao céu, não remove montanha.
Uma casa de oração inclui a dimensão do ritual, da celebração, mas pode haver ritual e celebração sem fé em Deus. Oração verdadeira implica em compromisso com o Evangelho na sua inteireza. Eis a sua radicalidade: “E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados. Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados” (versos 25-26)
A oração é a casa do perdão. O perdão de Deus nos faz salvos. O perdão mútuo nos faz santos. O mundo precisa de salvos e santos.
Jesus está dizendo que o grande obstáculo para termos fé em Deus é o orgulho, pois o orgulho nos impede de perdoar. É como uma montanha que cobre a nossa vida. No entanto, quando oramos e perdoamos,  ficamos livres da montanha do orgulho. Na verdade, a única coisa que nos impede de perdoar é o orgulho. É o orgulho que nos leva a dizer: eu não errei. Sem esta convicção, não há pedido de perdão. O orgulho é a montanha que precisa ser removida, para que possamos permitir que a vida de Deus flua em nós. O orgulho é a montanha que nos impede de impedir que precisamos do perdão de Deus, que receberemos, se reconhecermos a nossa condição. “A coisa que mais bloqueia o fluxo da vida de Deus sobre a vida de um indivíduo, de uma igreja, de uma nação, é a falta de disposição para perdoar, é a manutenção do ressentimento, é o desejo de derrubar alguém para se sentir bem, é a dificuldade de colocar estas coisas de lado e deixar Deus curar todas as feridas da vida”. (STEDMAN, Ray C. The king is coming. Disponível em <http://www.pbc.org/dp/stedman/mark/3322.html>. Acessado em 26.12.2004.)