Salmo 013: CANTAR, POR QUE

CANTAR, POR QUE

Salmo 13

2005

Alguns cristãos não cantam, não porque suas vozes sejam limitadas, mas porque suas vidas não as convida.
Sugiro algumas razões:
1. Porque alguns não cantam:
1.1. Sofridos, pelas muitas dificuldades que vivenciam, não se acham alvos do amor pessoal de Deus.
1.2. Tensos, não conseguem brincar, e canto é jogo (poesia, metáfora, vozes, humor, polifonia).
1.3. Amargos, pelas decepções e frustrações das suas vidas, esperam vitórias para então cantarem.
1.4. Autocríticos, acham-se tendo vozes ruins, e críticos, selecionam que canções entoar.

2. Porque cantar?
Há outras razões, mas prefiro apresentar a contraparte. Sugiro algumas motivações para o canto:

2.1. Sua vida tem sido uma sucessão de experiências dolorosas?
Os sofridos podem cantar para expressarem sua confiança no amor de Deus (v. 5), mesmo que o presente esteja difícil.
2.2. O que você vê quando se olha no espelho? Você tem andado tenso?
Vou lhe dar uma razão para relaxar. Você foi salvo por Jesus Cristo. Alegre-se pela sua salvação (v. 5) passada (perdão), presente (paz) e futura (esperança). A vida é para ser leve. O peso foi tirado.
2.3. Você é daqueles cujo versículo bíblico predileto é “Maldito o homem que confia no homem”? (Jeremias 17.5) Por causa de decepções, frustrações e injustiças, tem preferido se isolar?
Cante por fé, antes das vitórias. Penso que foi isto que Silas e Paulo fizeram quando estavam presos por estarem fazendo a vontade de Deus. Depois de receberem muitos açoites, foram lançados na prisão, com os pés no tronco. “Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos” (Atos 16.23-26).

2.4. Nada escapa ao seu senso crítico, nem você mesmo?
A voz que você tem lhe foi dada por Deus por causa do amor dEle para com você. É com este mesmo amor que Ele ouve você, não com voz de crítico. Ele ouve o seu coração. É assim que ele ouve os louvores. Pode ser que você não aprove um coro, mas Deus o aprova pelo que sente.

2.5. Quero lhe apresentar um convite final: reconheça o bem que Deus já lhe tem feito (v. 6). Olhe para a sua vida e veja o que já recebeu. Cante o Deus da sua salvação. Cante o Deus que libertou você muitas vezes de perigos diversos. Agradeça a Deus pelo cálice amamargo que está tomando agora. Então, você aprenderá, por experiência própria, que “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hebreus 13.8). “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, a fim de sermos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou” (Tiago 1.17-18).
Você crerá que Ele ainda fará bem a você. Sua confissão será a do salmista: “Eu me recordo dos tempos antigos; medito em todas as tuas obras e considero o que as tuas mãos têm feito”(Salmo 143.5).
Sua memória lhe revelará a mesma certeza revelada ao profeta Isaías: “Quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram diante de ti. Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” (Isaías 64.3-4).
A palavra de Deus soará para você como uma melodia de esperança: “Desde os dias mais antigos eu o sou. Não há quem possa livrar alguém de minha mão. Agindo eu, quem o pode desfazer?” (Isaías 43.13). “Lembrem-se das coisas passadas, das coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu” (Isaías 46.9).

EU, PORÉM, CANTAREI
(Para Jacy de Oliveira Curvacho)

À mesa, enquanto olho para este naco de pão,
símbolo que hasteia o Corpo que, como bom trigo,
foi para mim e por mim e em meu lugar moído,
eu canto o Deus da minha bendita salvação.

Sim, eu canto o Deus da graça, mesmo que calado pareça
e deixe arquivado em lugar incerto o meu pedido
e meu grito ecoe no nada como não ouvido
e não ouça eu resposta para o mínimo que peça.

À mesa, enquanto o aroma deste cálice de vinho
me traz à memória o sangue na cruz vertido
para que meu presente corra em pleno sentido,
eu canto o Deus que, sei, nunca me deixará sozinho.

Sim, eu canto para Deus com toda a força do meu ser,
mesmo que minha voz pelo teste da arte não passe,
eis o que minha história conta: calar não posso,
tantos foram os bens que me fez sem o merecer.