DEUS ENVIA ANJOS QUE SE ACAMPAM AO NOSSO REDOR
Salmo 34
Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 15.1.2006
A Bíblia contém conselhos e promessas para a vida. Alguns conselhos são cristalinos, suficientes por si mesmos. Alguns conselhos são igualmente cristalinos mas contêm advertências para os reforçar. Estes conselhos são pilares para a uma vida sábia.
Por sua vez, as promessas são pilares para uma vida de fé. Uma delas é a de que Deus envia anjos para acampar ao redor dos seus filhos para os livrar de dificuldades.
A promessa está no Salmo 34.
Quando Davi escreveu este salmo, a tradição estabelece que estava vivendo um dos momentos mais dramáticos de sua vida, quando teve de se fazer de louco para ter a sua vida preservada (1Samuel 21 e 22).
Sua afirmativas acerca da misericórdia de Deus foram escritas em meio a medos e pequenas vitórias. O salmo não foi escrito quando estava estabelecido rei, mas quando ainda era um cão fugido. Talvez, o poema tenha começado a ser composto na caverna de Adulão, onde se escondeu (1Samuel 22).
Na dor sua fé foi fortalecida. Podemos imaginar que seus olhos viram legiões de anjos do lado de fora da caverna, para protegê-lo.
Lendo o Salmo 34 e toda a Bíblia, aprendemos:
1. Anjos são as instruções de Deus na Sua palavra.
Nós temos a Palavra de Deus para nos orientar.
Moisés, por exemplo, precisava que um anjo em forma de sarça que queimava sem se consumir lhe chamasse atenção para o poder de Deus. Não precisamos deste espetáculo. Temos o maior de todos os espetáculos: a cruz do Calvário.
Balaão, por exemplo, precisava de um anjo em forma de jumenta, porque a Palavra de Deus não estava ainda codificada. Nós não precisamos desses anjos, porque temos todo o conselho de Deus para nós.
Por que ainda insistimos em anjos “de carne e osso”, se o Verbo já se fez carne e habitou entre nós?
2. Anjos são pessoas enviadas por Deus para nos ajudar.
Deus envia seus mensageiros para nos socorrer. Nem sempre os reconhecemos como emissários de Deus, mas são. Ao tempo bíblico, já foi assim, como lemos em Hebreus 13.1-2: “Seja constante o amor fraternal. Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos”.
Em “O evangelho maltrapilho” (São Paulo: Mundo Cristão, 2005), Brennam Manning, nos fala de um anjo ateu, que mudou a sua trajetória, ao lhe ajudar a colocar o rótulo certo da sua vida.
O Apocalipse chama os pastores das igrejas de anjos. E eles o são no sentido que ensinam, orientam, corrigem e socorrem. Infelizmente, o texto apocalíptico tem sido usado para legitimar a heresia segundo a qual cada igreja tem o seu anjo, invisível, para o qual se deve reservar uma cadeira vazia para ele se assentar…
3. Anjos são intervenções de Deus para nos livrar.
Excepcionalmente e a seu critério, Deus envia seus emissários para nos livrar. Alguns os vemos; outros não os vemos. Não canso de me lembrar que ia atravessando uma rua quando um desconhecido, que me conhecia, me deteve e impediu de ser colhido por um veículo.
Temos essas pessoas em nossas vidas. Quem não tem uma dívida de gratidão com um vizinho, um colega, um médico? Se não fossem eles… não é o que perguntamos a nós mesmos.
Além desses, Deus manda seus seres celestiais invisíveis para nos livrar. Podemos estar certos disso. Não podemos falar muito porque Deus não faz marketing dos seus livramentos.
4. E quando o anjos do Senhor não nos livra?
Há situações em que os anjos, embora compareçam, não nos livram. A experiência da agonia de Jesus no Getsemani é reveladora desta situação. Quando Pedro tentou impedir sua prisão, o Mestre lhe repreendeu com as seguintes palavras: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53) Os anjos não impediram a prisão e, depois, a morte de Jesus.
Por que? A morte de Jesus servia a um propósito maior: a nossa redenção.
Quando Jesus voltou a vida, por meio da ressurreição, a bênção maior de ser parte essencial do plano de Deus foi alegria culminada com o túmulo vazio.
Em outra situação, quando Jesus foi tentado pelo diabo (Lucas 4.1-13), vemos os anjos presentes, mas as provas pelas quais nosso Senhor passou fizeram parte de sua escola de vida, quando seria confrontado com as possibilidades do prazer, do poder e da religião.
Quando os anjos não trazem livramento?
Quando há um propósito maior a ser cumprido.
Quando há uma bênção maior a ser recebida.
Quando há uma lição a ser aprendida.
Em todas estas situações, mesmo quando não levantam sua espada em nosso favor, os anjos de Deus estão ao nosso lado, de prontidão, a nosso favor.
5. Podemos ser anjos para os outros, enviados por Deus para alcançar pessoas.
Quando nos juntamos aos outros em louvor, fazendo com que os oprimidos se alegrem (verso 2).
Quando olhamos para Deus e vemos toda a sua majestade amorosa (verso 5).
Quando ajudamos as pessoas a reconhecerem o poder de Deus para encontrarem nEle o refúgio de que precisam (verso 8).
Quando levamos as pessoas a olhar para Deus e desejarem tê-lO como seu Senhor também (verso 8), diante do qual quebrantam os seus corações e recebem a salvação dEle.
Quando somos generosos e alimentamos os que têm carência de pão (verso 10).
ISRAEL BELO DE AZEVEDO