FRÁGIL SOU
Salmo 39
Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 3.9.2006, manhã
Sou frágil, mas só o admito quando o peito arde; enquanto deixou a superfície e da vida e mergulho na meditação.
ANATOMIA DA MINHA FRAGILIDADE
1. Sou frágil porque não sou eterno.
Basta olhar para a duração da minha vida. Por mais tempo que eu viva, meus dias terão fim (verso 4). Aprendo neste salmo que, em termos de eternidade, não passo de um sopro, isto é, de um momento (verso 5).
2. Sou frágil mesmo que tenha bens que pareçam me sustentar (verso 8).
Aprendo neste salmo que terminarei como uma sombra (verso 6). E o que é uma sombra? Uma sombra não é nada.
Posso saber muito, mas não passo de uma sombra. Posso até ter muitos amigos, mas não passo de uma sombra.
3. Sou frágil porque sou criado, não criador (verso 9).
Sou um ser criado, limitado, não criador.
No máximo, pela arte, posso criar. E como crio? Olhando as criações dos outros. Não sou capaz de criar algo a partir do nada. Pela ciência, posso criar. E como crio? Percorrendo o solo que já foi criado e acrescentando algo.
Os seres mais poderosos da terra são seres criados.
Não tenho sequer controle sobre a minha vida. Neste sentido, diz Paulo, sequer sabemos como orar. Na maioria de nossas orações, não sabemos o que pedir.
Deus é o criador e controlador de toda a existência e isto me inclui. Sou frágil porque sou criado, mas, graças a Deus, sou criado por um Artista amoroso, por um Cientista perfeito, e não preciso temer; só preciso me deixar amar.
4. Sou frágil porque sou pecador (verso 1).
Não tenho como não pecar.
O poeta começa sua oração altaneiro, achando que poderia viver sem pecar. Muitos têm tentado esta impossibilidade. Depois, percebe as conseqüências de sua estupidez e pede para Deus lhe mostrar a sua fragilidade (verso 4)
Por isto, fico com o apóstolo Paulo, porque ele me descreve melhor: “No íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Romanos 7.22-24).
2. DILEMAS DIANTE DA MINHA FRAGILIDADE
Que fazer diante do fato que sou frágil?
2.1. Posso me esforçar para me superar ou pedir para ser purificado pelo Senhor.
No início de sua reflexão, o salmista imaginou que poderia superar sozinho a sua fragilidade, vigiando para não pecar (verso 1 — “vigiarei a minha conduta para não pecar” ou “guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha língua”). É como se ele achasse que tinha falhas, embora fosse intrinsecamente bom e forte. É como se tentasse colocar superbonder num cano para não ter que quebrar a parede, quando a infiltração pede que os azulejos sejam quebrados até ser encontrada a fonte do vazamento. Por meio da meditação, o salmista aprendeu que é um pecador e precisa ser purificado pelo Senhor. Então, ele ora como devemos orar: “Senhor, livra-me de todas as minhas transgressões” (verso 8).
Você tem orado para ser purificado?
2.2. Posso esconder a minha fragilidade (verso 2) ou confessá-la (verso 3).
Posso esconder a minha fragilidade, fazendo de conta que não a tenho. Posso me calar sobre o assunto, mantendo a minha fraqueza comigo mesmo. Nem sempre tenho a coragem de Paulo de confessar as suas fraquezas. Tenho medo de me expor.
Contudo, eu preciso dizer como o poeta: “Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos” (Isaías 64.8). Em nós há um tesouro, mas em vasos de barro (2Coríntios 4.6).
Preciso dizer a mim mesmo que sou frágil. Esta confissão nasce da meditação, que acontece quando paro, oro, olho para mim e olho para Deus.
Só pedirei para ser purificado, quando confessar que preciso ser purificado.
Você tem confessado as suas transgressões ou as tem relativizado, colocando-as apenas na conta de falhas provocados por este ou aquele agente?
2.3. Posso me desesperar comigo mesmo (verso 2) ou posso ter esperança diante de Deus (verso 7).
Se me desespero por ter percebido a minha fragilidade, posso permitir que a dor me consuma. Há crentes que se auto-flagelam, física ou emocionalmente, infligindo-se um sofrimento que Deus não nos inflige. Depois da confissão, não há lugar para o desespero. Depois da confissão, há lugar para a esperança. É por isto que o poeta canta que sua esperança está em Deus” (verso 7).
Há esperança em sua religião ou, nela, só há lugar para castigo e culpa? Ore como outro salmista: “Bendito seja o Senhor, Deus, nosso Salvador, que cada dia leva as nossas cargas” (Salmo 68.19). Sua promessa para os pecadores, como nós, é clara: “outra carga não porei sobre vocês” (Apocalipse 2.24b).
3. O QUE DEVO FAZER COM A MINHA FRAGILIDADE
Sou frágil e que caminho devo trilhar diante desta realidade incontestável, por mais que queira negá-la?
3.1. Devo me exercitar na minha humildade.
Sou frágil mas posso ser abençoado por isto, aprendendo a ser humilde.
Billy Blanco tem uma canção que pode representar um golpe na boca do estômago, mas, muitas vezes, precisamos de um soco para aprendermos a entender quem somos.
CANÇÃO DE BILLY BLANCO
“Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do côco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal.
(Billy Blanco. A Banca do Distinto)
Eu digo que sou humilde, e sou mesmo? Como trato os outros, como o fariseu ao publicano, como mostrou Jesus em uma de suas parábolas? (“Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’”. (Lucas 18.10-12)
A humildade começa com o desejo, mas se desenvolve com o exercício.
3.2. Devo aceitar a correção divina (verso 11)
Sou frágil mas posso ser disciplinado para ser fortalecido. Sou como o aço, temperado no fogo.
Sei que é “bem-aventurado é o homem a quem tu repreendes, oh Senhor, e quem ensinas a tua lei” (Salmo 94.12 ), mas gosto de ser repreendido? Sou corrigido porque sou amado.
Como pergunta o autor aos hebreus, “qual é o filho a quem o pai não corrija”? (Hebreus 12.7). Na verdade, “nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados. Portanto, fortaleçam as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes. Façam caminhos retos para os seus pés, para que o manco não se desvie, antes, seja curado” (Hebreus 12.11-13).
Agora, cuidado, nem todo sofrimento vem do meu pecado. Nem toda dor é Deus me disciplinando.
Honestamente, devo avaliar a minha dificuldade e ver se decorre do meu pecado.
Se decorre, preciso confessar o meu erro.
Se decorre, preciso aceitar a correção.
Se decorre, preciso buscar a purificação.
3.3. Devo pedir por socorro (verso 12).
Sou frágil mas tenho a quem pedir socorro.
A notícia da graça é completa: ela me põe embaixo, que é no meu lugar, mas me mostra que posso olhar para cima, onde está o meu socorro. Só o frágil (só quem se sabe frágil) pede socorro. Pedir socorro pode ser doloroso, nunca vergonhoso.
Você está em dificuldade? Peça socorro.
Você tem um vício, do qual tem procurado se livrar sozinho? Peça socorro, antes que seja tarde.
Você tem desenvolvido um mau hábito, do qual tem procurado se corrigir sozinho? Peça socorro, antes que fique mais difícil.
Você tem perdido para o seu temperamento, com as marcas da explosão ou timidez? Peça socorro, porque a vitória é possível, não como um passe de mágica mas com muita dependência de Deus e submissão.
Você tem uma herança familiar que lhe tem derrotado? Peça socorro, porque as coisas podem ser diferentes.
Você está com a saúde desequilibrada. Peça socorro, para voltar ao equilíbrio.
Você está com as finanças, pessoais ou familiares, desarranjadas? Peça socorro, mesmo que implique em dolorosas mudanças de hábitos ou dramáticas mudanças, antes da insolvência.
Peça socorro a Deus.
Peça para lhe dar esperança.
Peça-Lhe para ver os recursos que põe diante de você.
3.4. Devo desejar uma vida de alegria (verso 13).
O salmista ora: “Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir” (verso 13).
Sou frágil mas posso experimentar a alegria da vida já. A alegria é para agora, não apenas para a vida futura, quando a alegria não conhecerá sombra.
Devo estar alegre porque aqui é o meu olhar para estar alegre.
Devo estar alegre porque estou aqui. Estar aqui é um dom de Deus.
Devo estar alegre porque Deus não leva em conta as minhas transgressões. (Confiante na promessa, o salmista ora assim: “desvia de mim os teus olhos”, ou: desconsidere os meus pecados. Se tu olhares para mim e praticares justiça, estarei perdido. Não olhe! Não aplique, Senhor, a tua justiça.) Desde que peça perdão por elas, foram apagadas na cruz por Jesus, com seu sangue aspergido da cruz. (Aliás, você já agradeceu HOJE porque seus pecados já foram perdoados?)
Devo estar alegre porque Deus deseja que eu esteja alegre. Suas palavras são expressas:
. “Alegrem-se sempre” (1Tessalonicenses 5.16).
. “Não tenha medo, oh terra; regozije-se e alegre-se. O Senhor tem feito coisas grandiosas! Não tenham medo, animais do campo, pois as pastagens estão ficando verdes. As árvores estão dando os seus frutos; a figueira e a videira estão carregadas” (Joel 2.21-22).
. “Cante, o cidadea de Sião; exulte, o Israel! Alegre-se, regozije-se de todo o coração, o cidade de Jerusalém!” (Sofonias 3.14).
. “Alegrem-se no Senhor e exultem, vocês que são justos! Cantem de alegria, todos vocês que são retos de coração!” (Salmo 32.11)
. “Alegrem-se, porém, os justos! Exultem diante de Deus! Regozijem-se com grande alegria!” (Salmo 68.3)
. “Regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam; digam sempre os que amam a tua salvação: “Como Deus é grande!” (Salmo 70.4).
. “Gloriem-se no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor” (Salmo 105.3).
CONVITE
Invista sua vida na alegria.