Salmo 49: EM BUSCA DO QUE IMPORTA

EM BUSCA DO QUE IMPORTA

Salmo 49

Do salmo 49 não quero destacar a crítica que faz aos que vacilam em sua fé por causa da prosperidade dos injustos.
Do salmo 49 quero destacar o sentido da vida, que é feita de buscas e conquistas.

O QUE BUSCAM AS PESSOAS?
1. Elas procuram conhecer.
Não há dúvida que o conhecimento é o motor do progresso. Quando Deus fez o homem, deu-lhe a tarefa de conhecer e administrar o mundo. A capacidade de conhecer foi e é um dom de Deus. O conhecimento tem sido usado, contraditoriamente, tanto para servir para dominar e destruir. O enriquecimento do urânio, por exemplo, pode ter fins pacíficos (na produção de energia para o consumo) ou bélicos (no fabrica de bombas capazes de destruir nações inteiras).
2. Elas buscam alcançar fama (reconhecimento pelo que fazem, são e têm). As pessoas querem se destacar: querem ser notadas na multidão. Os meios de comunicação exploram esta busca, produzindo programas e publicações sobre pessoas conhecidas. Desde cedo crianças afirmam que sonham ser artistas ou modelos, profissões da evidência do corpo.
3. Elas trabalham para obter bens e para acumular bens. Muitos acumulam bens explorando os outros, como é da essência do capitalismo. Até mesmo ao cristianismo se curvou ao capitalismo, com uma perversão chamada “teologia da prosperidade”, que ensina um deus minúsculo, que tem um banco onde fazemos aplicações bem remuneradas; a fé vira um negócio rentável; a fé se transforma em moeda retribuída com moeda: quem tem fé recebe, ou melhor: quem recebe é quem tem fé; o foco sai de quem dá e passa para quem pede; o fiel se torna deus, e Deus dança conforme o figurino humano; é como se estivesse esperando uma ordem humana para cumprir.

O QUE DEVEM BUSCAR OS CRISTÃOS?
Os cristãos somos diferentes quanto a estas buscas?
Precisamos compreender nestas buscas o que importa e o que não importa. Precisamos de entendimento para buscar o que vale a pena. Não podemos esquecer da promessa essencial: “Mas Deus redimirá a minha vida da sepultura e me levará para si” (verso 15).
Não passemos a vida buscando o que não importa.

O que devemos buscar?
1. Os cristãos devemos nos interessar em conhecer. Devemos nos preocupar em desvendar o mundo, para transformar o mundo, para levar a graça de Jesus ao mundo, com a humildade de que o seu conhecimento é relativo. Os cristãos deveríamos ser sempre os primeiros na filosofia, na literatura, nas artes e nas ciências. Os cristãos não deveríamos ter medo do conhecimento, exceto daquele que pretende construir uma torre para chegar aos céus, como Babel.
Em nossa busca, devemos nos lembrar de uma verdade repetida no salmo 49 repete: os sábios morrem. Seu conhecimento pode ficar, se for relevante, mas ele perecerá do mesmo modo que aqueles que têm pouco conhecimento.

2. Os cristãos não devemos nos preocupar com a fama. Já somos conhecidos por Deus como Seus filhos amados. Ele nos vê na multidão.
Natanael foi visto por Jesus (João 1.47-51), que o percebeu onde estava, e ficou encantado. Deus faz assim.
Mais que a fama, o que precisamos é de uma confiança que nos anima a enfrentar os desafios da vida. O poeta pergunta: “Por que deverei temer, quando vierem dias maus?” (verso 5). O medo faz parte de nossa natureza. Jesus teve medo. Jesus exercitou a Sua confiança, dizendo ao Pai que se submeteria à vontade dEle porque sabia que esta seria a melhor para Ele, Jesus. Quando temos a mesma visão que Jesus teve, somos capacitados a viver na confiança que temos um Pai que preocupa conosco.

3. Os cristãos devemos trabalhar duro para obter os bens que precisamos, para o presente e para o futuro, para nós e para nossas famílias. Os cristãos devemos trabalhar para ter o que distribuir. Os cristãos devemos trabalhar para ter com o que contribuir para a pregação do Evangelho do Reino de Deus. Os cristãos não devemos trabalhar como se Mamom fosse o seu Deus. Para nós, dinheiro deve ser apenas dinheiro, não um ídolo, não um Deus.
Os cristãos sabemos que o que importa é a vida, e esta é um dom, que ninguém pode dar ou pagar. O poeta bíblico ensina: “Homem algum pode redimir seu irmão ou pagar a Deus o preço de sua vida, pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre para que viva para sempre e não sofra decomposição” (versos 7-9).
O poeta bíblico não conhecia Jesus. Ele redimiu seus irmãos, dando sua vida por eles. Jesus resgatou e resgata todos quantos aceitem o preço que Ele pagou. Há um cântico do cancioneiro recente que diz: “eu nunca saberei o preço pago por Jesus na cruz”. Entendo a poesia: “eu nunca saberei o preço” quer dizer: eu nunca terei que pagar o preço que Jesus pagou, exatamente porque Ele já o pagou. Eu sei o preço: a vida de Jesus Cristo, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20.28). Na verdade, “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo” (1Timóteo 2.5-6).