Jeremias 32: ESPERE

ESPERE
Jeremias 32

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 7.5.2006, noite

Quando os tempos estão difíceis, tendemos a olhar para o nosso presente como se não houvesse futuro. Viver sem a perspectiva do futuro é viver sem esperança, experiência que tem acompanhado a muitos, como dona Lourdes Vasconcellos, mãe do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, seqüestrado no Iraque em janeiro de 2005 e de quem não se notícia, se está vivo ou morto. Ela escreveu uma carta ao Presidente da República, Luis Inácio da Silva, em que afirma: “Meus olhos já não possuem brilho e meu coração não repousa. Sou tomada, todos os dias, pela dor da saudade, da incerteza, da angústia sem fim. Há um ano e quatro meses eu acordo e durmo com a mesma pergunta: `Onde está meu filho João?’. Ela mantém um fio tênue de esperança, cada vez mais tênue; por isto, ainda escreve uma carta como esta, porque sem esperança ela não conseguiria fazer este gesto. Ninguém realiza nada sem esperança (Martinho Lutero), esperanc que é “a  mais doce de todas as companheiras da alma” (Antonio Vieira).
Jeremias dizia que haveria futuro para o seu povo, mas só depois de uma grande catástrofe. Isto foi um problema. Isto é um problema. Gostamos de pensar que esperança é a certeza de que algo bom vai nos acontecer.
Para entendermos a natureza da esperança, a experiência de Jeremias pode nos ajudar. Vamos à história.

(1) Esta é a palavra que o Senhor dirigiu a Jeremias no décimo ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, que foi o décimo oitavo ano de Nabucodonosor. (2) Naquela época, o exército do rei da Babilônia sitiava Jerusalém e o profeta Jeremias estava preso no pátio da guarda, no palácio real de Judá.
(3) Zedequias, rei de Judá, havia aprisionado Jeremias acusando-o de fazer a seguinte profecia: “O Senhor entregará a cidade nas mãos do rei da Babilônia, e este a conquistará; (4) Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos babilônios, mas certamente será entregue nas mãos do rei da Babilônia, falará com ele face a face, e o verá com os seus próprios olhos; (5) e ele levará Zedequias para a Babilônia, onde este ficará até que o Senhor cuide da situação dele; e, ainda, se eles lutarem contra os babilônios, não serão bem-sucedidos”.
(6) E Jeremias disse:
— O Senhor dirigiu-me a palavra nos seguintes termos: (7) “Hanameel, filho de seu tio Salum, virá ao seu encontro e dirá: `Compre a propriedade que tenho em Anatote, porque, sendo o parente mais próximo, você tem o direito e o dever de comprá-la’.
(8) Conforme o Senhor tinha dito, meu primo Hanameel veio ao meu encontro no pátio da guarda e disse:
— Compre a propriedade que tenho em Anatote, no território de Benjamim, porque é seu o direito de posse e de resgate. Compre-a!
Então, compreendi que essa era a palavra do Senhor. (9) Assim, comprei do meu primo Hanameel a propriedade que ele possuía em Anatote. Pesei a prata e lhe paguei dezessete peças de prata. (10) Assinei e selei a escritura, e pesei a prata na balança, diante de testemunhas por mim chamadas. (11) Peguei a escritura, a cópia selada com os termos e condições da compra, bem como a cópia não selada, (12) e entreguei essa escritura de compra a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença de meu primo Hanameel, das testemunhas que tinham assinado a escritura e de todos os judeus que estavam sentados no pátio da guarda. (13) Na presença deles dei as seguintes instruções a Baruque:
(14) — Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: “Tome estes documentos, tanto a cópia selada como a não selada da escritura de compra, e coloque-os num jarro de barro para que se conservem por muitos anos”. (15) Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: ‘Casas, campos e vinhas tornarão a ser comprados nesta terra’.
(16) Depois que entreguei a escritura de compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor:
(17) — Ah! Soberano Senhor, tu fizeste os céus e a terra pelo teu grande poder e por teu braço estendido. Nada é difícil demais para ti. (18) Mostras bondade até mil gerações, mas lanças os pecados dos pais sobre os seus filhos. Ó grande e poderoso Deus, cujo nome é o Senhor dos Exércitos, (19) grandes são os teus propósitos e poderosos os teus feitos. Os teus olhos estão atentos aos atos dos homens; tu retribuis a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com os efeitos das suas obras. (20) Realizaste sinais e maravilhas no Egito e continuas a fazê-los até hoje, tanto em Israel como entre toda a humanidade, e alcançaste o renome que hoje tens. (21) Tiraste o teu povo do Egito com sinais e maravilhas, com mão poderosa e braço estendido, causando grande pavor. (22) Deste a eles esta terra, que sob juramento prometeste aos seus antepassados; uma terra onde manam leite e mel. (23) Eles vieram e tomaram posse dela, mas não te obedeceram nem seguiram a tua lei. Não fizeram nada daquilo que lhes ordenaste. Por isso trouxeste toda esta desgraça sobre eles. (24) As rampas de cerco são erguidas pelos inimigos para tomarem a cidade, e pela guerra, pela fome e pela peste, ela será entregue nas mãos dos babilônios que a atacam. Cumpriu-se aquilo que disseste, como vês. (25) Ainda assim, oh Soberano Senhor, tu me mandaste comprar a propriedade e convocar testemunhas do negócio, embora a cidade esteja entregue nas mãos dos babilônios!
(26) A palavra do Senhor veio a mim, dizendo:
(27) — Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim? (…) (36) Portanto, assim diz o Senhor a esta cidade, sobre a qual vocês estão dizendo que será entregue nas mãos dos babilônios por meio da guerra, da fome e da peste: (37) “Certamente eu os reunirei de todas as terras para onde os dispersei na minha ardente ira e no meu grande furor; eu os trarei de volta a este lugar e permitirei que vivam em segurança. (38) Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. (39) Darei a eles um só pensamento e uma só conduta, para que me temam durante toda a sua vida, para o seu próprio bem e o de seus filhos e descendentes. (40) Farei com eles uma aliança permanente. Jamais deixarei de fazer o bem a eles, e farei com que me temam de coração, para que jamais se desviem de mim. (41) Terei alegria em fazer-lhes o bem, e os plantarei firmemente nesta terra de todo o meu coração e de toda a minha alma. Sim, é o que farei”. (42) Assim diz o Senhor: “Assim como eu trouxe toda esta grande desgraça sobre este povo, também lhes darei a prosperidade que lhes prometo. (43) De novo serão compradas propriedades nesta terra, da qual vocês dizem: `É uma terra arrasada, sem homens nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios’. (44) Propriedades serão compradas por prata e escrituras serão assinadas e seladas diante de testemunhas no território de Benjamim, nos povoados ao redor de Jerusalém, nas cidades de Judá, e nas cidades dos montes, da Sefelá e do Neguebe, porque eu restaurarei a sorte deles” — declara o Senhor”.

Em resumo, o medo se tornara o senhor de todos, menos de Jeremias, embora estivesse preso e até pudesse achar que Deus o esquecera.

1. DEUS SE MANIFESTA
Aprendemos nesta história algumas verdades sobre Deus, cuja lembrança nos estimula à esperança.

1.1. Nossa vida segue um plano.
Gosto de viajar de avião, mas não entendo nada de aviação. O pessoal envolvido sabe que cada segue seu papel num roteiro, que deve ser muito detalhado.
A vida também é assim. A história de cada um de nós segue um roteiro. E não estou falando de predestinação, no sentido que alguns lha dão. Estou falando mais da sabedoria do que da soberania de Deus; estou pensando mais na graça de Deus, tornada visível com Jesus Cristo, do que numa lei subjacente à natureza da história. Estou com o verso 42 diante de mim: “Assim diz o Senhor: `Assim como eu trouxe toda esta grande desgraça sobre este povo, também lhes darei a prosperidade que lhes prometo'”.
Deus assume a responsabilidade por tudo o que acontece na história, porque, em última instância, nada acontece sem sua permissão. As coisas boas Ele provoca. As ruins Ele permite. Nosso problema teórico, não prático, é que não temos como conhecer todos estes planos. O salmista entendeu esta verdade: “Senhor meu Deus! Quantas maravilhas tens feito! Não  posso relatar os planos que preparaste para nós! Eu queria proclamá-los e anunciá-los, mas são por demais numerosos!” ( Salmo 40.5) Apesar de nossa ignorância, “os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações” (Salmo 33.11).
No caso específico do povo de Israel, ele frustrou os planos de paz que Deus tinha para eles. Temporariamente, Deus permitiu que a devastação viesse. Portanto, tudo aquilo aconteceu porque o povo não quis ouvir a voz de Deus. E o salário do pecado é a morte, até que se manifeste o dom gratuito salvador de Deus.
O segredo da vida é ouvir a voz de Deus e entender seu plano geral e específico para cada um de nós.
Você tem buscado ouvir a voz de Deus? Tem procurado viver a sua vida segundo o lindo roteiro que Ele lhe preparou?

1.2. Para Deus não há nada difícil
Quando lemos o relato do capitulo 32, notamos (verso 2) que a cidade estava sitiada e que Jeremias estava encarcerado, acusado de tramar contra o governo central. No entanto, ali mesmo, na prisão, Deus foi ao seu encontro, por meio de um parente, para lhe dar uma perspectiva nova para a vida. O profeta deveria fazer um negócio imobiliário, algo já estranho para o momento da vida do profeta, ainda mais que o exército inimigo já estava acampado às portas da cidade; só um louco compraria terras numa situação daquela. Seria que Deus expor Jeremias ao ridículo? Já não bastava sua estranha profecia? Deus quis ensinar a Jeremias e a nós que não há situação em que não possamos ter esperança. Ele deixa bem claro que não há nada difícil para Ele: “Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim?” (verso 27) Cabe-nos confiar e confia quem sabe que não há nada difícil para Deus (verso 27).
Você tem confiado em Deus? Tem tido mais momentos de esperança do que de desespero?

1.3.  O Senhor nos convida para uma vida plena.
No caso de Jeremias, a promessa é para a restauração da nação israelita: “Certamente eu os reunirei de todas as terras para onde os dispersei na minha ardente ira e no meu grande furor; eu os trarei de volta a este lugar e permitirei que vivam em segurança. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Darei a eles um só pensamento e uma só conduta, para que me temam durante toda a sua vida, para o seu próprio bem e o de seus filhos e descendentes. Farei com eles uma aliança permanente. Jamais deixarei de fazer o bem a eles, e farei com que me temam de coração, para que jamais se desviem de mim. Terei alegria em fazer-lhes o bem, e os plantarei firmemente nesta terra de todo o meu coração e de toda a minha alma. Sim, é o que farei” (versos 37-41).
No nosso caso, é uma plenitude que começa neste mundo, cheio de aflições e alegrias, e prossegue no próximo, onde a lágrima não povoará nosso rosto, a preocupação não habitará nossa alma, a dor não permeará nossas células, a violência não entrará. Todo o bem de agora, no entanto, é apenas um lampejo de nossas vidas no céu.
Jesus Cristo personificou esta esperança, ao perdoar os nossos pecados e nos tornar justos para percorrer a ponte que nos separa da nova terra, onde Deus reina de modo absoluto e visível. Jesus garantiu a realização desta esperança, ao ir à nossa frente.
Por isto, “bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor” (1Pedro 1.3).
Você tem certeza da vida eterna? Essa vida já lhe foi dada na cruz por Jesus. Se não aceitou esta graça, o que lhe falta?

1.4. O Senhor nos manda sinais para nos fortalecer a esperança.
Deus já tinha falado. mas ainda não fora suficientemente ouvido. Por isto agiu de novo, agora publicamente. Todas as providências em relação à compra de uma propriedade pelo presidiário Jeremias visavam tornar solene a promessa e também fortalecer Jeremias. Deus estava comprometido com o profeta. E Deus queria que ele o soubesse. E Deus queria que o povo o soubesse também.
Portanto, “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas” (como neste caso por meio de Jeremias), mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo” (Hebreus 1.1-2). Jesus é a “a imagem do Deus invisível,o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste (Colossenses 1.15-17).
Deus ainda fala conosco por meio de Jesus Cristo. Todos quantos aceitamos o sacrifício dEle na cruz, podemos ter comunhão com Deus. Quem tem comunhão com Deus tem esperança, esperança de estar sendo conduzido, desde já, para uma vida extraordinária.
Antes de Jesus, havia um abismo entre o céu e a terra, entre o homem e Deus; entre eles, os profetas eram pontes, imperfeitas, quebradiças, estreitas, mas agora, entre nós não há mais separação, porque Jesus estabeleceu a comunicação perfeita, a ponte inteira, que nos dá acesso direto a Deus. Nossa esperança, portanto, é Jesus.
É Jesus a sua esperança?

2. A NATUREZA ESPERANÇA
É por isto que podemos ter esperança, que se tornou concreta em Jesus. Você quer ter esperança, confie em Jesus.
Podemos ter esperança.
[filmete]

2.1. Podemos ter esperança porque Deus está no controle.
Quando entramos num avião, sabemos que ele só levantará vôo ou só tocará a pista de volta, se o controlador de vôo autorizar.
É assim que penso em Deus: Ele está no controle, como o controlador de vôo na torre. Eu posso decolar quando Ele me autoriza. Eu posso aterrissar quando Ele me libera a pista.

2.2. Podemos ter esperança porque Deus está no comando.
Deus agora não é mais o controlador de vôo. Deus agora é o piloto-chefe. Às vezes, cruzamos com o piloto nos saguões. Mas depois, sabemos que Ele está no comando e vai nos levar. A porta da cabine está fechada, mas Ele está lá. Às vezes, Ele fala, mas mesmo que não fale, está no comando. E o vôo prossegue.
Posso viajar tranqüilo; posso até dormir enquanto o avião percorre o espaço, a 900 quilômetros por hora, a dez quilômetros acima do chão, porque há um comandante.

2.3. Podemos ter esperança porque Deus está no final da pista.
Deus agora não é mais o comandante. É aquele operador de pista, com duas tábuas sinalizadoras na mão, sinalizando o lugar preciso em que o avião deve estacionar, para que os passageiros e os tripulantes possam sair, indicando que a viagem terminou.
Dentro do avião nos agitamos, mas lá embaixo, fones nos ouvidos por causa do ruído ensurdecedor, que os passageiros não ouvimos, o operador de pista sinaliza o ponto exato da parada.
Possos viajar tranqüilo. Deus está no final da pista. O avião da minha vida pousará no lugar certo.

Em meio à turbulência, Jeremias mantinha a serenidade por causa da Sua esperança em que Deus transforma o lamento em canto, na certeza que “Aquele que dispersou Israel o reunirá e, como pastor, vigiará o seu rebanho. O Senhor resgatou Jacó e o libertou das mãos do que é mais forte do que ele. Eles virão e cantarão de alegria nos altos de Sião; ficarão radiantes de alegria pelos muitos bens dados pelo Senhor: o cereal, o vinho novo, o azeite puro, as crias das ovelhas e das vacas. Serão como um jardim bem regado, e não mais se entristecerão. Então, as moças dançarão de alegria, como também os jovens e os velhos. Transformarei o lamento deles em júbilo; eu lhes darei consolo e alegria em vez de tristeza. Satisfarei os sacerdotes com fartura; e o meu povo será saciado pela minha bondade” —  declara o Senhor. Assim diz o Senhor: “Ouve-se uma voz em Ramá, pranto e amargo choro; é Raquel, que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque os seus filhos já não existem”.  Assim diz o Senhor: “Contenha o seu choro as suas lágrimas, pois o seu sofrimento será recompensado”, declara o Senhor. “Eles voltarão da terra do inimigo. Por isso há esperança para o seu futuro”, declara o Senhor. “Seus filhos voltarão para a sua pátria” (Jeremias 31.10b-17)

3. O CONVITE DA ESPERANÇA
Jeremias nos ensina a aceitar o convite divino à esperança.
Como devemos viver?

3.1. Confiemos em Deus.
Ele confiou que há um Deus. Ele acreditou que o roteiro de Deus era o melhor para sua vida, sua e do seu povo. Ele sabia, por experiência própria, que Deus se interessava por ele.
Essa deve ser a nossa confiança também.
Podemos, mais que Jeremias, confiar também que Deus se manifestou de modo completo e amoroso em Jesus Cristo, que não morreu em vão. Ele não morreu para que nós nadássemos e morrêssemos na praia. Ele não morreu para que navegássemos e morrêssemos no mar. O salmista descreve o que fizeram algumas pessoas, mas ele nos descreve também: “Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e ele os tirou da tribulação em que se encontravam. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, eles se alegraram, e Deus os guiou ao porto almejado. Que eles dêem graças ao Senhor por seu amor leal e por suas maravilhas em favor dos homens” (Salmo 107.28-30).

Na minha aflição, quando ao Senhor eu clamo,
Ele me tira da tribulação que me assola;
Ele reduz a tempestade ao peso de uma brisa
e faz uma onda gigantesca virar uma marola,
e vejo como meu barco ao porto seguro desliza.
É por isto que eu canto ao Senhor a quem amo.

Confie em Deus. Acredite no roteiro dele para você.
 
3.2. Prestemos atenção à Voz de Deus.
A Palavra do Senhor veio a Jeremias e ele a ouviu. Jeremias tinha o ouvido da esperança.
A Palavra que lhe veio lhe pediu para fazer um negócio, humanamente desaconselhável. E ele fez o negócio, publicamente; ele não tinha dúvidas de que Deus lhe falava e nem que Deus faria o que lhe dizia.
Ele não ficou duvidando, pedindo sinais e mais sinais, evidências e mais evidências. Sua atitude é bem clara. Narra o profeta (versos 6-9): “O Senhor dirigiu-me a palavra nos seguintes termos: Hanameel, filho de seu tio Salum, virá ao seu encontro e dirá: Compre a propriedade que tenho em Anatote, porque, sendo o parente mais próximo, você tem o direito e o dever de comprá-la’. Conforme o Senhor tinha dito, meu primo Hanameel veio ao meu encontro no pátio da guarda e disse:  Compre a propriedade que tenho em Anatote, no território de Benjamim, porque é seu o direito de posse e de resgate. Compre-a! Então, compreendi [eu sublinho: “compreendi”] que essa era a palavra do Senhor. Assim, comprei do meu primo Hanameel a propriedade que ele possuía em Anatote” (versos 6-9).
Jeremias era algume que orava assim: “Por amor do teu nome não nos desprezes; não desonres o teu trono glorioso. Lembra-te da tua aliança conosco e não a quebres. Entre os ídolos inúteis das nações, existe algum que possa trazer chuva? Podem os céus, por si mesmos, produzir chuvas copiosas? Somente tu o podes, Senhor, nosso Deus! Portanto, a nossa esperança está em ti, pois tu fazes todas essas coisas” (Jeremias 14.21).
É assim que devemos também orar.
Coloquemos “nossa esperança no Deus vivo, o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem” (1Timóteo 4.10).

Preste atenção no que Deus está lhe dizendo.

3.3. Vivamos segundo esta Voz.
A esperança de Jeremias é como toda esperança deve ser: ativa.
Depois que Deus lhe falou, Jeremias entrou em ação para pôr a esperança em marcha. Em outros momentos, a ação de Jeremias era parar, e Jeremias parou; ele se deixou levar para o cativeiro, por exemplo. Aqui sua ação de esperança era agir e foi o que ele fez.
Ter esperança não é ser escravo da inação. Afinal, uma vez que “o ontem já foi e o amanhã ainda não chegou, só temos o hoje. Vamos começar”. (Madre Teresa de Calcutá).
Aquietando-se ou agindo, Jeremias demonstrava que sabia Quem Deus era, um Deus que está sempre no controle, um Deus que está sempre no comando, um Deus que nos espera no final de nosso vôo. O fato de haver turbulência no vôo da nossa vida não quer dizer que Deus  não esteja conosco.
A vida, por vezes, pode despedaçar os nossos sonhos, mas Deus está conosco para nos ajudar a juntar os cacos, para que se tornem sonhos de novo.
Tenhamos “esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu” (Hebreus 6.19).

Viva segundo a Voz de Deus. Se Ele lhe pede para agir, aja. Se pede para você se aquietar, acalme-se.

3.4. Deixemos que Deus nos faça transbordar de esperança.
A esperança é uma atitude decorrente da confiança em Deus. A esperança é derramada em nós pelo Espírito Santo de Deus.
Na verdade, nossa esperança é sempre uma esperança-resposta. Nossa oração deve ser assim: “Oh Deus da esperança, encha-nos de toda alegria e paz, por nossa confiança em Ti, para que nos faças transbordar de esperança, pelo poder do Espírito Santo” (Romanos 15.13 — paráfrase).

Se você está com um déficit de esperança, talvez massacrado pela própria vida, peça um superávit a Deus. Peça-lhe esperança.

Quero ter um coração-criança
que, diante dos braços paternos,
para ele, com gestos fraternos,
ao seu encontro feliz se lança.

Quero ter um coração-confiança
que diante de Deus cala e se aquieta
mas. se preciso, lhe fala de forma direta
mas na dificuldade nEle descansa.

Quero ter um coração-esperança
que crê contra todas as evidências
e funda todas as suas experiências
nAquele em que não há mudança.