INTERLÚDIO PARA MÃES E PAIS
2Timóteo 1.3-6
Mãe, eu não sei quando você se tornou mãe pela primeira ou última vez.
Talvez esteja dentro da média brasileira, que é ter o primeiro neném aos 21 anos e seis meses de idade. Talvez esteja também na mesma tendência, segundo a qual 73% dos primeiros nascimentos acontecem entre 10 e 24 anos de idade. Não importa. Você e mãe. E isto pode ter acontecido depois dos 40 anos, como acontece a 1% das mães brasileiros. Isto não importa.
Eu poderia mencionar as muitas mães da Bíblia, algumas com esperas longas (como Ana, a mãe de Samuel), gestações difíceis (como a de Icabode, filho da esposa de Finéias que morreu pouco depois), partos dolorosos (como o de Benjamim, filho de Raquel) histórias tristes (como a de Agar, mãe de Ismael).
No entanto, vou mencionar uma família, composta de avó, mãe e filho, e um pai adotivo, conforme lemos em 2Timóteo 1.3-6.
Quero lhe convidar a considerar este trecho na perspectiva de um pai. Paulo era o pai adotivo de Timóteo. Na verdade, quero pedir as mães que vejam os comentários de Paulo na perspectiva maternal, não importa o tempo de sua maternidade, se tem dentro ou fora da média do Brasil, em que 73% dos primeiros nascimentos acontecem entre 10 e 24 anos de idade. Em nosso país, a idade média das mulheres, que foram mães pela primeira vez, é de 21 anos e seis meses, embora precocidade continua crescendo preocupantemente. Mulheres começam a ter filhos mais cedo no país. Globo online. Disponível em <http://oglobo.globo.com/online/plantao/167941468.asp>. Acessado em 6.5.2005.
Quero, portanto, que, a partir deste tempo, todos, pais e mães, respondamos à seguinte pergunta: “O que querem os filhos de nós?”.
VIVAMOS COM A CONSCIÊNCIA LIMPA
“Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa” (verso 3a).
O apóstolo Paulo era um pai, espiritual neste caso, que tinha a consciência de que tinha sua consciência limpa diante de Deus.
Assim deve viver, com integridade, um pai, uma mãe. Uma vida limpa, honesta, sincera, verdadeira, é o maior legado que um pai, uma mãe, pode deixar para na formação do presente e na memória do futuro de seus filhos.
A violência, física ou verbal, em casa dos pais poderá ser repetida na casa dos filhos.
Eis um exemplo: uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz, com dependentes químicos, demonstra que o consumo de drogas na cidade do Rio de Janeiro é incentivado pelo uso de entorpecentes dentro da própria família. O exemplo paterno é a principal, o que é surpreendente, porque se acreditava mais no papel dos amigos na indução ao vício. Segundo a pesquisa, feita com 3.772 dependentes, 48,7% dos homens e 45% das mulheres disseram que o pai usava drogas. O pai aparece como a principal figura no processo da drogadição. Uma psiquiatra (Ana Cristina Saad) que participou da pesquisa fez o seguinte comentário: “Isto não quer dizer que o pai fica com a garrafa ou com o baseado na mão incentivando o consumo. Mas ele é visto em casa consumindo”. Pesquisa da Fiocruz mostra que famílias influenciam no uso de drogas. Disponível em <http://www.coepbrasil.org.br/noticias.asp?id_noticia=837>. Acessado em 6.6.2005.
Uma vida exemplar dos pais não garante uma vida exemplar dos filhos, porque estes podem escolher os seus caminhos, mas é a regra. Filhos ruins de pais bons, como Manassés, filho de Ezequiais, são exceções. Filhos ruins de pais ruins, como Acabe, filho de Onri, são a regra. Filhos bons de pais ruins, como Jônatas, filho de Saul, são exceções.
Ter a consciência limpa diante de Deus é importar-se com o julgamento de Deus e buscar ser aprovado por Ele.
INTERCEDAMOS CONSTANTEMENTE (NOITE E DIA) PELOS NOSSOS FILHOS
“Ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações” (verso 3b).
Recordemos este trecho da biografia de Jó: “Tinha ele sete filhos e três filhas, e possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, 500 juntas de boi e 500 jumentos, e tinha muita gente a seu serviço. Era o homem mais rico do oriente. Seus filhos costumavam dar banquetes em casa, um de cada vez, e convidavam suas três irmãs para comerem e beberem com eles. Terminado um período de banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada, ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: `Talvez os meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus'” (Jó 1.2-5). Essa era a prática constante de Jó.
Esta deve ser a dos pais e mães de todos os tempos.
Consciência limpa e joelhos calejados são o melhor legado para o presente e para o futuro dos nossos filhos.
Quando oramos pelos nossos filhos. Deus põe anjos ao redor deles.
Lóide e Eunice oravam por Timóteo. Essas orações fazem parte do currículo bem-sucedido de Timóteo. Paulo era um intercessor por seu filho na fé.
Ouso dizer que o filho pródigo voltou porque seu pai, enquanto esperava por ele, intercedia por ele: “Senhor, faze meu filho voltar”.
Até hoje há hoje filhos voltando para casa, depois de a deixar. Muitos têm encontrado suas mães de joelhos, joelhos que nunca desistiram de se dobrar.
DESEJEMOS ESTAR COM OS FILHOS
“Lembro-me das suas lágrimas e desejo muito vê-lo, para que a minha alegria seja completa” (verso 4).
Tive um privilégio cujo valor reconheço prazerosamente. Até minha adolescência, meu pai tinha seu consultório de dentista em casa. Minha mãe cuidava integralmente da casa. Eu cresci podendo olhar para eles, sem que isto me tornasse dependente, porque souberam manter os espaços distintos. Quanto a meu pai, a influência mais decisiva de minha vida, eu o via no seu escritório cheio de livros lendo a Bíblia por longas horas. Eu o via ajoelhado ao pé da cama. Quando ele se tornou pastor, preparava seus sermões e os boletins em casa, com a minha ajuda, enquanto estive com eles; fui seu redator.
Tudo isto está gravado na minha memória, como está gravada a quinta-feira. Durante um longo tempo da minha vida, toda quinta-feira meu pai fechava seu consultório em Vitória e íamos todos para a praia. Pegávamos o ônibus, com um farnel (“matula”, dizíamos) e um pneu para servir de bóia e nos divertíamos na então praia de Camburi. Abençoadas quintas-feiras. Inesquecíveis quintas-feiras.
Paulo e Timóteo, pai e filho espirituais, gastaram muito tempo juntos. Choraram juntos. Agora separados, o pai preso, o filho livro, tinham saudade um dos outros. Eles se conheceram numa viagem do apóstolo, que foi a sua casa (Atos 16) e participou da sua experiência religiosa (quando o circuncidou — Atos 17). Separaram-se várias vezes, mas sempre com o desejo de estarem reunidos de novo, ele e outros cooperadores. Quando o enviou numa missão, usou as seguintes palavras: “estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas” (1Coríntios 4.17). Tornado co-autor de muitos de seus livros, este filho adotivo (nos termos de hoje) é referido por Paulo como filho na fé (1Timóteo 1.2), filho (1Timóteo 1.18) e amado filho (2Timóteo 1.2).
Paulo achava que estar com o filho era ter alegria completa, mesmo na prisão.
Nossos filhos devem encontrar alegria fora de casa, porque a vida não se resume à nossa casa, mas devem sobretudo encontrar prazer em estar em casa. E a tarefa de tornar a nossa casa um lar para eles é dos pais, que devem apreciar quando estão em casa. E isto tenderá a acontecer quando encontrarmos tempo e lugar para eles.
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ACREDITEMOS NOS NOSSOS FILHOS.
“Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe, Eunice, e estou convencido de que também habita em você” (verso 5).
Paulo estava certo de que Timóteo era um cristão, chamando-o, em outro lugar, de “homem de Deus” (1Timóteo 6.11).
Há pais e mães que acreditam nos filhos, no valor deles, confiam neles, mas não dizem isto a eles. Paulo, o pai adotivo, diz do filho: “Você tem seguido de perto o meu ensino, a minha conduta, o meu propósito, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança, as perseguições e os sofrimentos que enfrentei” (2Timóteo 3.10-11a).
Numa situação difícil numa das igrejas que dirigia, Paulo enviou o filho, seguro de que ele era capaz de resolver o problema. “Não suportando mais, enviei Timóteo para saber a respeito da fé que vocês têm, a fim de que o tentador não os seduzisse, tornando inútil o nosso esforço (1Tessalonicenses 3.5). Por isto pediu que cuidassem dele quando chegasse à cidade (1Coríntios 16.10). Para ele, Timóteo era um homem aprovado que serviu “como um filho ao lado de seu pai (Filipenses 2.22).
Nossos filhos não são perfeitos, como nós não somos. Valorizemos as qualidades dos nossos filhos. Eduque seus filhos. E educar inclui valorizar o educando.
LEMBREMOS NOSSOS FILHOS ACERCA DOS DONS DE DEUS.
“Por essa razão, torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição das minhas mãos” (verso 6).
É nossa responsabilidade ajudar nossos filhos a manterem nos seus corações, onde quer que estejam, a chama da fé. Todos podem desistir deles, menos nós, estejam eles conosco, trilhando o mesmo caminho junto a Deus ou não.
Em outro lugar, Paulo aconselha seu filho nos seguintes termos: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino. Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros. Seja diligente nessas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso. Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (1Timóteo 4.12-16).
Timóteo era um pastor, que precisava do cuidado pastoral do seu pai, como todo filho precisa do cuidado pastoral da sua mãe ou do seu pai.
Com inteligência, seja diligente, pai; seja diligente, mãe.
Se seu filho está firme com você na fé, ajudem-se mutuamente.
Se seu filho um dia esteve e hoje não está mais firme na fé, ou nunca esteve no bom caminho em que se deve andar, por exemplo, interceda mesmo que secretamente, pregue mesmo que cuidadosamente. Se você não o fizer, quem o fará.
Se você mesmo não está firme ou nunca tomou a decisão de ser um cristão, uma cristã, faça isto por você. Faça isto por seu filho ou filhos.