VIVER COMO CRISTÃO
1Tessalonicenses 4.1-12
Há várias maneiras de se viver. Uma delas é a cristã.
Uma vida cristã é a que se desenvolve a partir da salvação por Jesus e do atendimento às instruções de Cristo. A nossa maneira de viver, portanto, deve-se ajustar-se a proposta de Cristo, que está na Bíblia, e não o contrário. É por esta razão que o apóstolo Paulo exorta “no Senhor Jesus” (verso 1) e acrescenta: “aquele que rejeita estas coisas [isto é: as instruções de Jesus] não está rejeitando o homem, mas a Deus” (verso 8).
O nosso corpo, no entanto, pergunta: e quando não dá para viver e agradar a Deus ao mesmo tempo? Nossa mente deve se lembrar que “agradar a Deus” é o projeto de Deus para uma vida feliz, não a vida de Deus, mas a nossa. Quando O agradamos, somos felizes. Quando não o agradamos, somos infelizes.
E o que é agrada a Deus? Ele responde: “Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado”, declara o Senhor” (Jeremias 9.23-24).
SEM DIVIDIR
As palavras de Senhor, por meio do profeta Amós, são ainda mais penetrantes e que não se apliquem a nenhum de nós: “Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes. Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!” (Amós 5.21-24).
Nesta dimensão, agradar a Deus é viver segundo os Seus padrões de justiça, justiça praticada por nós, justiça desejada que pratiquem a nosso favor.
Mais ainda: agradar a Deus é desenvolver uma vida de acordo com o Seu Espírito. Ouçamos o apóstolo: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus. Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês” (Romanos 8.5-11).
Justiça social e moralidade pessoal são conseqüências de um ato primeiro, a fé, sem a qual ninguém pode agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam (Hebreus 11.6).
Não há incompatibilidade entre prazer pessoal e honra a Deus. A honra a Deus, por meio da fé, do louvor, da retidão pessoal e do serviço, traz prazer, prazer sem limites e prazer sem perigos.
Há um falso dilema: não podemos viver bem e agradar a Deus. Há uma verdade bíblica: podemos e devemos viver agradando a Deus.
Nós temos recebido a boa instrução.
Precisamos aceitar esta instrução.
Este é o pacto que você fez quando se associou ao Cristianismo por meio da igreja.
SEM PROGRESSO, NÃO DÁ
A vida cristã implica necessariamente progresso.
Escreve o apóstolo: “insistimos com vocês que cada vez mais assim procedam” (verso 10). (Em outra versão: “Continueis progredindo cada vez mais”)
Tenho insistido que temos três fontes de problemas: nosso temperamento, nosso caráter e nosso desejo. Eles sao parte de nós e podem ser a nossa totalidade. Precisamos colocá-los nos seus lugares, para que nenhum deles nos domine. Precisamos conhecê-los, instruí-los e governá-los e isto é um processo constante.
Nossa dificuldade é que, com o tempo, tendemos a sucumbir diante deles, em lugar de os sossegar.
Neste caminho da santidade, temos um conjunto de instruções.
O apóstolo Paulo nos lembra quatro metas:
1. Precisamos controlar nossos desejos (verso 4).
A regra áurea do mundo em que vivemos é: faça o que o seu coração manda: a regra de ouro da Bíblia é: “Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa (verso 4).
A pureza sexual é uma exigência da santidade divina, porque a imoralidade é uma forma de idolatria. Além disso, a imoralidade defrauda o próximo. Deus não nos chama para a
imoralidade, mas para a santidade. E por que somos? É porque Deus sabe de nossa tendência natural e porque também Deus sabe o que a nossa tendência natural pode fazer conosco. Disse-me alguém que cedera à tentação da imoralidade: “Sei que o que estou fazendo é contra os meus princípios; assim mesmo, eu vou negar os meus princípios para ser feliz”. Não preciso dizer que a história terminou melancolicamente: essa pessoa não foi feliz.
2. Precisamos fazer crescer o amor fraternal (verso 9).
Amor fraternal é amor de irmão por irmão. É amor que não espera recompensa. É amor que não nega as divergências, mas as supera. É amor que cresce, apesar das dificuldades relacionais. Amor de irmão é amor para com aquele que tem o mesmo pai.
3. Precisamos nos esforçar por ter uma vida tranqüila
Tem vida tranqüila quem ouve a Deus e só se ouve a Deus na quietude.
Tem vida tranqüila quem ouve as pessoas e só se ouve as pessoas quem tem paciência.
Vivemos na agitação, que não pode ser enfrentada com agitação.
Vivemos sendo feridos, que não serão curadas ferindo os outros.
Se estamos ferindo alguém, precisamos parar e ouvir e ver.
Se estamos sendo feridos, precisamos parar e ouvir e ver e orar.
Só se aquieta quem sabe que Deus é Deus. “Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra” (Salmo 46.10).
4. Precisamos acreditar no trabalho individual para o bem estar próprio e comunitário
Os romanos consideravam como indigno o trabalho com as mãos e os cristãos são, ao contrário, concitados a usá-las.
Parece haver uma contradição, nesta instrução, com a recomendação anterior por uma vida tranquila, mas não há. Quem trabalha, para seu próprio sustento, não se envolve com a vida dos outros.
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Uma vida assim é possível quando nos interessamos em fazer a vontade de Deus, reconhecemos o chamado de Deus para a nossa (não a dos outros) santidade; abandonamos como legítimos os padrões do mundo (neste sentido, “não dependam de ninguém” — verso 12 — significa viver de tal modo que não se importa com a aprovação dos que seguem os padrões que não são de Deus) e reconhecemos que já recebemos o que precisamos para uma vida que agrada a Deus.