Lucas 1.46-47: A FONTE DA ALEGRIA

A FONTE DA ALEGRIA

Lucas 1:46-47

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 28.11.1999 (noite)

1. INTRODUÇÃO
A proposta da série é oferecer reflexões sobre o Natal de Jesus Cristo que sejam reflexões sobre a vida.
Tomada do Magnificat (Lc 1.46-55), esta série pretende discorrer sobre as verdades profundas que tem o Cântico de Maria. Este poema recebe o nome de Magnificat, porque esta é a primeira palavra que aparece na versão latina.
O cântico guarda semelhança com o de Ana (1Sm 2.1-10). No entanto, o de Ana celebrar a sua vitória sobre seus inimigos. O de Maria celebra a misericórdia de Deus para com todos os homens, que o verdadeiro sentido do Nascimento de Jesus.

2. ABERTURA PARA OUTRO
2.1. O outro como tema
Deus é o tema do poema de Maria. Ela não fala de si; ela fala de Deus.
Este deve ser o sentido de nossa vida. Há pessoas que só sabem falar de si. Há pessoas que chegam a salivar enquanto ouvem os outros, tão loucas estão para falar… falar de si mesmas. Você começa a contar um sonho, ela lhe interrompe para contar o seu, geralmente quilométrico. Você fala de uma doencinha, ela vem com uma doençona. Você faz menção de comentar um probleminha, ela vem com um problemão.

2.2. Além de si
Maria não fala de seus projetos de vida. Ela agradece a Deus pelo que Ele é. Ela poderia aproveitar a oportunidade para pedir pelo seu filho ou por si mesma. Nem a responsabilidade pela maternidade desviou seus olhares de Deus.
O cântico lhe foi inspirado depois de uma série de episódios, alguns até cansativos. No entanto, tudo que vira e vivera lhe deixou uma impressão muito profunda. Ela quis compartilhar esta experiência. As circunstâncias não lhe impediram que concentrasse seu cântico na pessoa de Deus.
A religião nos deve levar em direção a nós mesmo, para um melhor autoconhecimento, em nossas qualidades e defeitos. A religião nos deve levar em direção aos outros, para um melhor relacionamento. No entanto, a religião nos deve levar para Deus. Quando vamos em direção a Ele, vamos em direção a nós mesmos e em direção ao outro com os olhos de Deus.

2.3. Louvor como aprendizagem
. Engrandecer significa declarar a grandeza de alguém.
Maria foi grandemente abençoada por Deus. Isto não lhe provocou orgulho, mas louvor. O fato de ser favorecida por Deus não lhe trouxe outro sentimento senão o de louvor.
Precisamos aprender a louvar a Deus. Louvor exige aprendizagem.
. Exultar significa explodir de satisfação.
A exultação é algo que vem de dentro, mas é inspirada de fora, no caso do Alto.
Os verbos aqui (engrandece, exulta) estão no presente, não no futuro. Deus não era para Maria uma esperança apenas; era uma realidade concreta em sua vida. A fé não deve ser algo apenas para futuro, até mesmo como subterfúgio.

3. O CONTEÚDO DO LOUVOR
Maria celebra o caráter de Deus.

3.1. Deus/Jesus, o Senhor = dono = tem a ver com totalidade de domínio sobre nós. Como é difícil dizer: “meu Senhor”. Não é de nossa natureza, que é nunca se curvar, nunca se dobrar.
O título de Senhor se aplica também a Jesus. Dizer que Ele é Senhor quer dizer que Ele é Cabeça de nosso corpo = orientação para a vida toda.
Há muitos indivíduos, sistemas e religiões querendo governar as nossas vidas. Ao tempo do Novo Testamento, só havia um senhor, César. Hoje há muitos. Por isto, é difícil confessarmos que Jesus é o nosso Senhor, porque esta confissão tem um preço.

3.2. Deus/Jesus, o Salvador = aquele que resgata = tem a ver com interesse em nos redimir, depois de ver o nosso estado. Diz a Bíblia que éramos como rebanho sem pastor. Só somos salvos quando renunciamos nosso próprio caminho.
O título de Senhor se aplica também e inteiramente a Jesus, Seu Filho.
Se dizemos que Jesus é nosso Salvador, queremos afirmar que Ele é o Único Caminho. O Salvador é também o Mediador. Isto tem a ver com a Sua disponibilidade para servir a Deus propiciando nossa reconciliação com o Pai.
Nós precisamos do Salvador. Você precisa do Salvador. Se você foi ou for redimido/salvo/liberto por Ele, você pode realmente cantar como cantou Maria.

3.3. Um relacionamento entre pessoas
Maria fala de Deus como sendo seu Senhor e Salvador, indicando com isto um relacionamento pessoal, não de segunda mão, não de ouvir dizer, não de achar que.

4. A FONTE
O louvor do Magnificat decorre do sentimento de Maria diante da escolha. Ela foi escolhida para ser a portadora do Salvador. Sua gravidez era uma ruptura na história e Deus a escolhera para partejar a salvação. Sua escolha foi imerecida, assim como a nossa escolha; fomos escolhidos para ser salvos, quando Jesus nasceu, quando Jesus ainda nos convida para uma nova vida.
Nosso louvor deve decorrer da alegria pela divina providência (o nascimento) da salvação (que se completaria na cruz/ressurreição). A alegria da salvação deve nos levar a engrandecer a Deus e exultar diante dEle. Por isto, não devemos nos contentar com a chamada “alegria interior”. Se é interior apenas, não é alegria verdadeira. Ela não pode ser contida no interior do corpo.
Nosso louvor deve mover nossa alma e nosso espírito em direção a Deus. Alma e espírito são duas expressões sinônimas, neste poema, para indicar a inteireza do nosso ser.
A Fonte da alegria é a ação de Deus por nós. Quando ele é a fonte, a alegria é profunda, permanente e poderosa.

5. CONCLUSÃO
Tendemos a banalizar os grandes e gratos feitos (como o Natal) de Deus por nós. No entanto, diante dos gestos dEle para conosco nossa reação deve ser a de Maria.
Se você já foi redimido/salvo/liberto por Ele, você pode realmente cantar como cantou Maria.
Se você não foi, você pode ser e passar a viver na mesma perspectiva de Maria, tendo a Deus e Jesus como Senhor e Salvador.