Diante do cálice que minha mão sustém,
penso no sangue que Jesus verteu por mim
e uma vontade de lágrima logo me vem,
mas o Espírito ao ouvido me sussurra assim:
“A morte de Jesus é a sua vida tornada possível;
festeje-a com com a força de uma alegria indizível”.
Diante do pão que meus dedos levantam,
penso num corpo dolorosamente esmagado
não pelo dEle, mas pelo meu rebelde pecado,
e lágrimas tristes em meus olhos se plantam,
mas o Espírito com Seu jeito pronto e doce
me lembra o que seria eu, se redimido não fosse.
Então, eu olho para cima para um canto
cheio de gratidão por sacrifício tão imenso,
e o cálice do fruto da vide firme levanto
para radiantemente celebrar amor tão denso
porque para mim, alegremente reconheço,
o sangue de Jesus é presente que não mereço.
Então, eu olho para o lado para um abraço
que deseja ser parte de uma fraternidade
que tem no corpo de Jesus o vigoroso laço
que integra os diferentes numa comunidade
que se reúne para tomar o cálice e o pão
entregues como voluntária doação.
Assim alcançado por este grande mistério,
tiro meus olhos felizes do passado crucial
porque no futuro também sinto refrigério
ao fruir o convite para a eterna festa final,
quando todos entoaremos a mesma melodia
que hoje cantamos com a antecipada ousadia
que brota solene do oferecimento da cruz:
“Digno de receber toda a glória é Jesus”.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO