Isaías 9.1-7: NATAL: UM MENINO NOS NASCEU, UM FILHO NOS FOI DADO

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 7.12.2003

1. INTRODUÇÃO: o significado dos filhos
Jesus mudou o mundo, ao lhe oferecer, com seu nascimento, morte, ressurreição e ascensão, o que as pessoas precisam para viver de modo feliz. Segundo aprendemos em Isaías 9.1-7, Ele nos propicia, como o indica seu próprio nome, o Conselho para nos orientar, o Poder de Deus para nos socorrer, a Eternidade de uma vida com qualidade e a Paz que excede nossos conhecimentos e as circunstâncias que nos acompanham.
Ouçamos o que nos ensina o texto sagrado:

Contudo, não haverá mais escuridão para os que estavam aflitos. No passado ele humilhou a terra de Zebulom e de Naftali, mas no futuro honrará a Galiléia dos gentios, o caminho do mar, junto ao Jordão. O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.
Fizeste [, Senhor] crescer a nação e aumentaste a sua alegria; eles se alegram diante de ti como os que se regozijam na colheita, como os que exultam quando dividem os bens tomados na batalha. Pois tu destruíste o jugo que os oprimia, a canga que estava sobre os seus ombros, e a vara de castigo do seu opressor, como no dia da derrota de Midiã.
Pois toda bota de guerreiro usada em combate e toda veste revolvida em sangue serão queimadas, como lenha no fogo. Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz (Isaías 9.1-6).

Como muita liberdade, quero tomar este texto de natureza messiânica, para falar um pouco do significado dos filhos na vida dos casais e das famílias.

2. Os filhos são presentes de Deus (verso 6).
“Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado” — eis o que o texto sagrado nos lembra. Diz a Bíblia ainda que os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal (Salmo 127.3-5)
Os filhos são heranças que Deus nos dá ainda em vida. Nós os temos quando estamos jovens. Quando bebês, nós os seguramos, mas chegará um tempo em que eles nos segurarão.
Por isto, a sociedade hebraica considerava a fertilidade com uma bênção de Deus e imaginava as famílias reunidas em torno da mesa como plantas de oliveira (Salmo 128.3). A oração do poeta bíblico é que os filhos sejam como plantas viçosas e as filhas se pareçam como colunas esculpidas para ornar um palácio (Salmo 144.12).
Recebam, pois, pais, seus filhos e suas filhas como presentes de Deus, para o presente e para o futuro.
Quero recordar aos que não têm filhos, por opção ou por impossibilidade biológica, que Deus nos dá outros presentes.

3. Os filhos dão direção à vida familiar (verso 1).
Para os que desejam filhos, não os ter é viver na escuridão (verso 1). Quando eles chegam, com seus choros, sorrisos e balbucios, são luz, no sentido, que dão luz (direção) a vida familiar.
Filho faz a vida mudar. Uns deixam empregos; outros apertam o tempo para que os filhos recebam a prioridade. Uns trancam cursos;  outros o tocam num ritmo mais lento. Uns levam as novas tarefas sozinhos (pais e mães, às vezes, só mães); outros agregam mais gente à casa. As mudanças são muitas, incômodas até, mas nenhum casal se arrepende ao olhar o seu bebê.
Há um certo peso na paternidade/maternidade, mas tudo é compensado pela lembrança daquele choro primordial na maternidade, a fúria em direção aos seios maternos, os primeiros e ininteligíveis sons, os primeiros movimentos definidos, os primeiros olhares amigos, as primeiras sílabas, as primeiras tentativas de passos.
Com a chegada de um bebê, a família que andava na escuridão vê uma grande luz.

3. Os filhos trazem a alegria do crescimento (verso 3)
Nossos bebês crescem e isto é medido em gramas e centímetros. Daqui a pouco — daqui a pouco mesmo! — esses bebês que agora são sustentados nos colos correrão pelo santuário, tropeçaram nos corredores e brincarão de escorrega nos corrimãos.
Eles trouxeram alegria quando nasceram; trazem alegria quando crescem. É assim que Deus age, continuando o que começou. Por isto, podemos aplicar a oração do autor bíblico: Fizeste [, Senhor] crescer a nação e aumentaste a sua alegria; eles se alegram diante de ti como os que se regozijam na colheita (verso 4).
Alegrem-se, pais, com o crescimento dos seus bebês, mesmo que isto lhe traga saudade. Seu filho crescendo é o Seu Deus agindo neles e em vocês.

4. Os filhos são modelos de fé para os adultos (verso 6)
Em nossa vida, para que ela valha a pena, precisamos receber Jesus como nosso Maravilhoso Conselheiro, nosso Deus Poderoso, nosso Pai Eterno, nosso Príncipe da Paz (verso 6).
Nesta decisão, precisamos nos fazer com crianças. Jesus valorizou as crianças de tal modo, que as colocou como modelo de fé para os adultos. Eis o que ele, chamando uma criança e a colocando meio do grupo, disse: Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo (Mateus 18.2-5).
O que há de tão paradigmático nas crianças, para Jesus elogiá-las desse modo?
Nelas há, pele menos, três qualidades nas crianças que levam alguém a responder ao convite de Jesus.

As crianças não são ansiosas. Elas vivem o dia de hoje, hoje; a hora de agora, agora. A ansiedade nos afasta de Deus e nos incapacita para viver do modo como Ele deseja. Em certas circunstâncias, Ele nos pede algo, que só as crianças podem obedecer com facilidade: Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra (Salmo 46.10).

As crianças sabem confiar. O bebezinho, mesmo com os olhos fechados, sabem que os seios de sua mãe ou uma mamadeira lhe serão entregues na hora certa… na hora certa da fome. Uma criança é capaz de pular de um lugar elevado, se não parte baixa está o seu pai. Fé é precisamente isto: lançar-se, não no abismo, mas no colo de Deus pai. Confiemos em Deus, pois assim como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o SENHOR tem compaixão dos que o temem (Salmo 103.13).

As crianças desejam a companhia dos seus pais. Numa festa, um pai me contava que seu filho de 12 anos chegou em casa, de uma festa na igreja, à 1:30 da manhã. Como o pai se queixou, o menino respondeu:
— Vai-se acostumando, papai.
Este garoto não é mais uma criança, porque uma criança quer estar sempre com os seus pais. Este garoto não é um modelo de fé, mas a criança agarrada com a mãe ou com pai, sim. Este desejo de companhia é modelo de fé porque estar na presença do nosso Deus Pai deve ser o nosso desejo.
Precisamos aprender a aprender com os nossos filhos.

5. CONCLUSÃO: desejemos Deus
Por isto, o apóstolo Pedro nos convida a, como crianças recém-nascidas, desejar de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação, agora que provaram que o Senhor é bom (1Pedro 2.2).
Desejemos Deus.
Desejemos, como um bebê em direção ao seio materno, o conselho dEle. Não vivamos segundo os nossos entendimentos acerca das coisas. Seja Deus a fonte de nossa vida.

Desejemos o poder de Deus sobre as nossas vidas, assim como um bebê sabe que precisa da proteção dos seus pais. O bebê busca este poder. O bebê se protege sob este poder. O bebê se abriga sob este poder. A experiência deste poder ler nos leva a exclamar: Quão preciosa é, o Deus, a tua benignidade! Os dos homens se refugiam à sombra das tuas asas (Salmo 36.7).

Desejemos viver com a qualidade que só Jesus pode oferecer uma vida com qualidade, mesmo que relativa porque começa aqui e não termina no céu, quando será absolutamente perfeita. A esta vida com qualidade a Bíblia chama de vida eterna. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (João 17.3). Por isto, quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna (João 4.14).

Desejemos experimentar e continuar experimentando a paz o que Príncipe da Paz nos dá, paz pelo acesso direto a Deus que recebemos pelo perdão dos nossos pecados, paz que é força para viver em meio aos conflitos pela presença do Espírito Santo de Deus conosco permanentemente. O resultado desta presença permanente é paz, como Jesus mesmo nos promete:  Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo (João 14.1, 27).