Mateus 11.25-30: AOS CANSADOS (ampliado)

Grandes Versos da Bíblia: Mateus 11.25-30
AOS CANSADOS

(25) Naquela ocasião Jesus disse:
“Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. (26) Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado.
(27) Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar.
(28) Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. (29) Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. (30) Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (NVI)

Entre os versos que a maioria dos cristãos sabe de cor, estão estes, em que Jesus nos convida ao descanso.

JESUS FALA COM O PAI
Estamos diante de um texto, em que Jesus fala a dois destinatários.
Primeiramente, Ele fala com o Seu pai.
“Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado” (versos 25b-26)
Traduzido de forma mais livre, podemos ouvir Jesus orando assim:
“Graças Te dou, Pai, Senhor dos céus e da terra. Tu não reservaste teus caminhos para as pessoas sofisticadas que sabem tudo, mas os soletraste claramente às pessoas comuns. Sim, Pai, este é o teu jeito de fazer as coisas”.

Com esta oração aprendemos duas verdades essenciais sobre a oração.

1. Quando Jesus ora, Ele se conforma à vontade do Seu Pai. Nos Evangelhos é sempre assim. É assim que deve ser conosco. E isto implica num aprendizado. Assim como os filhos querem impor seus desejos aos seus pais, tendemos a fazer o mesmo com o nosso Pai. Jesus nos ensina outro caminho, mais difícil porque antinatural, mas muito melhor porque espiritual.

2. Quando Jesus ora, Jesus se coloca em comunhão com o Seu Pai. Embora em nós esta comunhão jamais venha a ser plena, devemos buscá-la; é um projeto para a vida toda, não para um momento eventual de êxtase. Orar é falar o idioma de Deus. Temos que aprender este idioma. Como acontece conosco em relação a uma língua natural, erramos na gramática, tropeçamos nos pronomes, gaguejamos na pronúncia, mas vamos falando cada vez melhor, especialmente quando temos uma experiência transcultural. O idioma de Deus, chamado também de língua dos anjos, é falado nos céus; precisamos nos transportar transculturalmente para lá, por enquanto como diante de um espelho, mas, um dia, sem espelho, face a face.

O fato de a oração ter dois destinatários nos ensina duas outras verdades.
1. Quem quer conhecer ao Pai precisa conhecer o Filho. Quem quer ver Deus precisa ver Jesus, que se encarnou e se manifestou claramente. Jesus, o Filho de Deus, é plenamente Deus, embora plenamente humano.
2. Só podemos falar aos homens se falamos com Deus. Não é por acaso, portanto, que antes de fazer o extraordinário convite (versos 28-30), Jesus ora. Jesus não orava apenas para nos ensinar. Jesus orava porque tinha necessidade orar, tinha necessidade de comunhão, tinha necessidade de alcançar a profundidade de Sua filiação ao Pai, tinha necessidade de sentir quão profundo era o amor do Pai para com Ele.
Não temos as mesmas necessidades?

O conteúdo da oração nos ensina duas outras profundas verdades, que requerem a nossa reflexão.

1. O sentido da vida vem pelo aprendizado com Jesus. É Ele que nos revela como viver. A razão nos ajuda, o convívio nos apóia, a experiência nos educa, mas é Jesus Quem nos põe no caminho certo. Essas outras dimensões, indispensáveis e fundamentais, podem nos levar a caminhos equivocados; Jesus, não.
A vida, portanto, não se esgota na dimensão racional. Nem sempre nossas escolhas racionais são as melhores. Não se trata de depreciar a razão, mas de educá-la.

2. Jesus tem a chave da vida. É como se a vida fosse uma fechadura com um segredo que só uma chave abre. Jesus tem esta chave. O livro de Apocalipse nos fala deste segredo com duas palavras. Uma é chave. Jesus é apresentado como Aquele que tem a chave do segredo da vida. “O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir”.
A outra palavra é selo. Jesus é apresentado como aquele que tira o selo do livro da vida, que rompe o lacre do envelope onde está o segredo da vida. Esse tempo vai chegar, e somos convidados a participar dele desde agora. Veremos o que o autor bíblico anteviu: “Então olhei, e diante de mim estava o Cordeiro [que é Jesus Cristo], em pé sobre o monte Sião, e com ele 144 mil [a totalidade dos que tiveram suas vestes lavadas no sangue Cordeiro, aceitando o sacrifício salvador de Jesus na cruz] que traziam escritos na testa o nome dele e o nome de seu Pai. Ouvi um som dos céus como o de muitas águas e de um forte trovão. Era como o de harpistas tocando seus instrumentos. Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser 144 mil que haviam sido comprados da terra. Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois se conservaram castos  [aqueles que desenvolveram sua sexualidade de modo puro, no interior do casamento] e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá [isto é: aqueles que seguiram radicalmente a Jesus, nada colocando como mais importante que Ele e que se dispuseram de viver de modo digno do Evangelho, viesforcando-se para viver de modo reto]. Foram comprados [pelo sangue de Jesus] dentre os homens e ofertados como primícias a Deus e ao Cordeiro” (Apocalipse 14.1-4).
Esta compreensão do sentido da vida nos é revelado por Jesus.

3. Jesus quer dar esta chave a todos. Nem todos a querem, por preferirem as que acham serem suas, mas são extrodeterminadas.
Falando recentemente a jovens, expus-lhes as possibilidades da autonomia (pretensão que nós mesmos fazemos nossas leis/regras, porque sabemos o que é melhor para nós), da heteronomia (admissão que nossos desejos e gostos são determinados socialmente, em função dos meios e recursos colocados diante de nós) e da teonomia (a crença que podemos ser guiados pelo Espírito Santo de Deus em nossas escolhas e atitudes), propondo-lhes o seguinte:
a) a autonomia é uma utopia, porque mesmo que soubéssemos o que é melhor para nós, o sistema de coisas e valores em que vivemos nos impede de tomar decisões por nossa própria conta;
b) neste sentido, somos sempre extrodeterminados, porque nossa liberdade tem uma margem muito pequena de manobra; apesar da pressão que o sistema de valores exerce sobre nós, devemos ser muito críticos para não os absorver ingenuamente;
c) devemos desejar que a nossa autonomia seja guiada pelo Espírito Santo, o que equivale a uma renúncia (à autonomia) ou a uma busca por uma autonomia teonômica, vale dizer, a busca por uma liberdade vivida dentro das boas possibilidades postas por Deus na Sua Palavra, que também nos orienta de modo direto, mas sempre à luz de Sua Revelação Objetiva, que é a Bíblia Sagrada.

JESUS FALA CONOSCO
Na segunda parte do texto, Jesus fala aos discípulos dos tempos bíblicos e aos discípulos de hoje com mentes bíblicas.
Diz ele:
“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar.Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (versos 27-30 — NVI)
Em outras palavras, ouvimos:
“O Pai me deu todas as coisas para fazer e dizer. Esta é uma ação singular entre Pai e Filho, que vem da intimidade e do conhecimento do Pai e do Filho. Precisamos conhecer o Filho como o Pai conhece. Precisamos conhecer o Pai como o Filho conhece. Eu não guardo isto para mim mesmo, mas estou pronto para apresentá-lo detalhadamente a quem quiser me ouvir. (28-30) Você está cansado? Esgotado? Desanimado na fé? Venha a mim. Venha comigo e eu restaurei a sua vida. Eu lhe mostrarei como alcançar o verdadeiro descanso. Caminhe comigo e trabalhe comigo e veja como eu faço. Aprenda o ritmo tranqüilo da graça. Eu não porei nada pesado ou desajeitado sobre você. Fique na minha companhia e você aprenderá a viver de modo livre e leve”.

Jesus agora baixa os seus olhos, há pouco levantados, para se dirigir aos seus discípulos, talvez espantados com a oração que fizera e na qual afirmara que segue a vontade de Deus, cujo método é abençoar os que nada sabem mas querem aprender, que nada são mas querem ser, que nada têm mas querem ter.
É como se dissesse: o que estou lhes dizendo eu o faço com a autoridade que tenho, autoridade que me foi dada pelo meu Pai. Quando Ele envia seus discípulos ao mundo (no último capitulo deste mesmo livro de Mateus), Ele recorda esta mesma autoridade (Mateus 28.16).
Ele fala ao mesmos discípulos, enviados ao mundo. Ele nos fala, portanto.
Ele fale aos seus discípulos, que são aqueles o confessaram que Ele é o Salvador e o seu Senhor. Se você já o fez, Jesus está falando com você. Se você não fez esta confissão, faça-a agora e escute Jesus falando com você.
Esta a verdade essencial que o discípulo de Jesus não pode esquecer: o ensino que recebe de Jesus não é um ensino de um professor qualquer, mas do Mestre Jesus, que não só fala em nome de Pai, mas fala como Deus. O aluno de Jesus precisa saber que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 1.7). As palavras de Jesus devem ser ouvidas como plenas palavras de Deus. As palavras de Jesus devem ser levadas a sério.
A palavra discípulo nos empurra para outra dimensão: discípulo de Jesus é o aluno, que, tendo confessado a Este Jesus como Salvador e Senhor, aprende permanentemente dEle e com Ele. Este ensino é feito de palavras, cujo conjunto Jesus mesmo chama de jugo. Jugo, portanto, é a escola de Jesus.
Nela seus alunos aprendem com as suas palavras, com a sua vida e com a sua ação. Nem sempre as palavras agradam aos alunos; algumas exigem estudo e esforço para que sejam entendidas; outras demandam sacrifícios, como disciplina pessoal e empenho.
Deve ficar claro também que o discipulado é uma escolha. E esta escolha é conhecer ao Pai; é conhecer a Jesus. Estes conhecimentos são faces de um mesmo conhecimento, porque o Pai e o Filho são um (João 10.30). Quando Jesus restringe que o conhecimento dEle e  de seu Pai será revelado a quem Ele quiser, está convidando a uma comunhão. Neste sentido, nós escolhemos ser discípulos. Aos que escolhem ser discípulos de Jesus, Jesus lhes ensina o caminho da salvação e da sabedoria. Há autonomia para a escolha. E a escolha pode ser rejeitar a Jesus, mas este não é a escolha do discípulo.
A vida do discípulo é feita numa caminhada com Jesus. E Jesus não promete que seus discípulos não se cansariam, mas garante que, quando ficarem cansados, terão suas forças revigoradas. Jesus não promete que nos cansaremos, mas que encontraremos descanso, quando estivermos cansados.
O convite é feito aos discípulos que, por algum motivo, ficam cansados. A promessa é feita aos discípulos que ficaram cansados.
Não importa a fonte do nosso cansaço, há uma promessa para nós.

FONTES DO CANSAÇO
Estar cansado é viver numa situação de déficit de energia. Ficamos cansados quando nossa energia para viver está aquém do estoque necessário. Quando gastamos mais energia do que recebemos, ficamos cansados.

1. Nosso cansaço pode advir da cruz que temos por carregar. Discípulo é aquele que toma cada dia a sua cruz e segue a Jesus. A cruz de Cristo não tem alça, nem almofada. Às vezes, ela pesa muito. Temos que lutar para não fazer o que não queremos fazer, e isto cansa. Temos que lutar para não viver segundo nossos desejos e instintos, e isto cansa. Temos que lutar para nos mantermos fiéis a Deus, e isto cansa. Temos que lutar para nos importar com aqueles que debocham de nossa fé, e isto cansa. Temos que lutar para não desistir, e isto cansa. Temos que lutar para entender a vontade de Deus sobre as nossas vidas, e isto cansa. Temos que lutar para mudar algumas coisas que desagradam a Deus, como hábitos, vícios, manias, e isto cansa. Temos que lutar para não permitir que traumas, antigos ou novos, nos afastem da graça, e isto cansa. Temos que lutar para atender aos muitos desafios da fé, e isto cansa.
2. Nosso cansaço pode advir de nossas próprias condições de vida. Muitos de nós temos saúdes físicas ou emocionais frágeis, e isto drena nossas energias para o ralo. Muitos travamos longas lutas dentro de casa, com nossos filho, pais ou cônjuges, e isto desvia as nossas forças para o ralo. Muitos enfrentamos muitas dificuldades para sobreviver com o trabalho que temos (ou às vezes não temos) ou com o dinheiro que recebemos (ou às vezes não recebemos).
3. Nosso cansaço pode advir de nossa própria inserção no Reino de Deus, que é feito de homens e mulheres reais, de instituições reais, que nem sempre compreendem a própria natureza do Reino e o papel da igreja nele. Isto cansa. Dentro e fora da dimensão do Reino, não podemos esquecer que o cansaço advém também da falta de compreensão da natureza humana, que, mesmo quando não deve ser aceita, precisa ser compreendida, para que não esperemos do ser humano, dentro e fora da igreja, o que ele não pode dar.

4. Nosso cansaço pode advir de nossas atitudes diante da vida. Steven Covey nos lembra que 90% de nossas atitudes são gastas com as reações que temos diante dos fatos da vida. Gastamos nosso tempo apagando incêndio, não criando, e apagar incêndio cansa. Gastando nosso tempo gastando energias com problemas hoje que amanhã poderão não existir. Sabemos que o estresse é outro nome para cansaço, mas nos estressamos. “Milhares de pessoas estão sofrendo de um estresse que não vale a pena, sofrimentos, problemas e dores de cabeça”. (COVEY, Stephen. O Princípio 90/10. Artigo circularizado na internet via e-amail.)

5. Nosso cansaço pode advir de nossas escolhas, especialmente aquelas erradas, resultando em erro do alvo (pecado!) de Deus para as nossas vidas. Quando pecamos e sentimos culpa, gastamos tempo em encontrar uma justificativa para o nosso erro ou gastamos tempo em pedir perdão. Encontrar justificativa cansa; pedir perdão descansa. Há outro caminho: quando pecamos, podemos não sentir culpa alguma por acharmos que estamos fazendo a coisa certa, e isto acontece quando estamos longe de Deus (não longe da igreja, porque podemos estar totalmente dentro dela e totalmente longe de Deus!). O resultado é: chafurdamos mais ainda no pecado e nos cansarmos ainda mais.

 
Então, precisamos ter em mente que não há discipulado sem cruz, que não pode ser estilizada; cruz estilizada não é cruz.
Não podemos achar que os discípulos são protegidos de todo o mal; o céu é no céu, não é aqui.
Devemos ter em mente que há uma promessa na cruz, um peso de glória, que experimentamos quando oramos como Jesus orou: nossa vida está sob o cuidado de Deus. E o que Ele fizer será o melhor para nós, não importa o que as pessoas acham, não importa o que os nossos próprios corações sintam. A caminhada da cruz não termina no calvário. A história de Jesus não termina com Ele pendurado na cruz. Sabemos o resto da história. Aleluia.
Devemos ter em mente que, mesmo que nossas energias estejam aquém de nossas necessidades, nossas vidas são renovadas. Para tanto, precisamos orar e regar as nossas orações com a ações inspiradas por Deus (não por nós mesmos ou por nossa cultura secular ou eclesiástica).
O Evangelho não traz a notícia de que não nos cansaremos, mas nos garante descanso. Jesus nos faz descansar.
E como Ele o faz?

MÉTODOS DIVINOS PARA O REFRIGÉRIO
Quero sugerir três métodos divinos no cumprimento da promessa da cruz, que é a promessa de descanso..

1. Deus nos ensina a viver.
Ouçamos a promessa outra vez:
“Você está cansado? Esgotado? Desanimado na fé? Venha a mim. Venha comigo e eu restaurarei a sua vida. Eu lhe mostrarei como alcançar o verdadeiro descanso. Caminhe comigo e trabalhe comigo e veja como eu faço. Aprenda o ritmo tranqüilo da graça. Eu não porei nada pesado ou desajeitado sobre você. Fique na minha companhia e você aprenderá a viver de modo livre e leve” (The Message. Adaptado)
A fé é um dom, dom gratuito na cruz. Neste sentido, nosso único gesto é tomar essa cruz.
Ao mesmo tempo, fé é confiança, confiança em Deus, e confiança se desenvolve. Como Deus nunca nos trai, cabe-nos desenvolver crescentemente esta confiança. Aprendemos isto na Palavra de Deus.
Muito de nosso cansaço advém de nossa falta de confiança; por falta de confiança, nós nos debatemos e esgarçamos nossos músculos; por falta de confiança, não conjugamos só verbo confiar, mas lutar, correr, gritar, fazer, que são verbos necessários, mas em segundo lugar; o primeiro deve ser confiar; confiar em Deus. Onde aprendemos isto? O extraordinário salmo 37 nos desafia a uma difícil, mas relaxante tarefa: “entrega o teu caminho ao Senhor”; “confia nEle”.
Muito de nosso cansaço advém de escolhas erradas. Precisamos aprender a decidir certo. Precisamos ter a dignidade de arcar com as conseqüências de nossas decisões, sejam elas positivas ou negativas. Precisamos aprender a carregar a carga que podemos carregar, nem mais nem menos. Ah! Como é difícil tomar decisões equilibradas! Precisamos aprender. Onde aprendemos a tomar decisões equilibradas? Na Bíblia, onde está o Conselho de Deus.
Muito de nosso cansaço advém de atitudes erradas diante das adversidades da vida. Precisamos ter atitudes certas diante das realidades que nos cercam, especialmente aquelas que não desejamos. Muitas vezes somos tomados de pensamentos mágicos, como se houvesse pó de pirlimpimpim (como nas histórias de Monteiro Lobato para crianças); como se pudéssemos dormir e acordar com tudo resolvido; como se todos os problemas não tivessem solução ou que todos tivessem só porque o nosso pensamento é positivo; como se bastasse ler um trecho da Bíblia e tudo ficar resolvido osmoticamente. Problemas concretos se resolvem com atitudes concretas, não com lamúrias; lamúrias são formas de cansaço que cansam mais ainda quem já está cansado. Precisamos de atitudes certas diante das situações concretas da vida. Onde aprendemos a tomar atitudes certas? Na Bíblia, onde estão problemas e soluções que nos inspiramos em nossas decisões.
É nela que aprendemos o ritmo da graça. É nela que aprendemos que Jesus não põe nada pesado ou desajeitado demais sobre as nossas vidas. A carga está pesada? Não foi Jesus quem a colocou. O que aprendemos com Ele é viver de modo livre e leve. Afinal, Ele é manso e humilde de coração.

Para deixar Deus ensinar você a viver, conside os seguintes conselhos:
1.1. Faça um inventário das fontes de seu cansaço. Você pode evitar alguma(s) dela(s)? Identifique suas fontes. Ao fazê-lo, vai evitar alguma(s). Deus nos ajuda nisto.

1.2. Encontre uma mensagem bíblica (um versículo, uma história) que tenha a ver com esta fonte. Deus anos fala ainda hoje por sua palavra.

1.3. Ore sobre este assunto, pedindo orientação de Deus. Muitas vezes precisamos apenas de sabedoria. É clara a promessa bíblica: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento” (Tiago 1.5-6).

1.4. Procure agir sempre com sabedoria.
Num recurso belíssimo, o livro de Provérbios põe na boca da sabedoria as seguintes palavras: “Meu filho, se você aceitar as minhas palavras e guardar no coração os meus mandamentos; se der ouvidos à sabedoria e inclinar o coração para o discernimento; se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que é temer o Senhor e achará o conhecimento de Deus” (Provérbios 2.1-5).
Tiago nos garante que “a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera” (Tiago 3.17).

1.5. Peça perdão a Deus quando agir com falta de sabedoria.
Há descanso no perdão.

2. Deus nos fortalece para viver.
Há outros livros, e não só a Bíblia, que nos ensina a viver de modo livre e leve.
No entanto, só o Deus da Bíblia nos fortalece para viver.
Conto, então, uma passagem recente da minha vida.
Por escolhas, tenho um ritmo diário de vida pouco sábio. Trabalho mais que deveria. Um dia destes, então, apesar da minha estupidez, experienciei o seguinte.
Acordei cedo, decidido a caminhar. Depois de fazer o que tinha que fazer, saí para andar. Nos primeiros momentos, comecei a me angustiar com as tarefas do dia, algumas herdadas do dia anterior. Enquanto caminhava, certificava-me que não daria conta de todas as tarefas do dia, mas eu teria que realizá-las porque os prazos não são elásticos.
E continuei andando. Depois de alguns minutos comecei a cantarolar uma canção. Depois de outros minutos, notei que a canção tinha a seguinte letra, mal recordada naquela hora:

“As misericórdias do senhor se renovam sobre mim
As misericórdias do senhor se renovam, não têm fim.”

Então, eu me perguntei: por que estou cantando esta música? Não cantamos esta música no domingo anterior. Eu nem sabia a letra direito; só vinha o estribilho, todo mascado, à minha mente.
Então, tive certeza: era Deus me fortalecendo.
Então, nesta força passei o dia; terminei todas as minhas tarefas tarde de noite, mas as terminei renovado por causa da misericórdia de Deus.
Então, eu me lembrei também do que Deus nos diz em Isaías 40: “Por que você reclama, o Jacó, e por que se queixa, o Israel: `O Senhor não se interessa pela minha situação; o meu Deus não considera a minha causa’? Será que você não sabe? Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável. Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças. Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. [Então, depois desta bênção] voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam” (Isaías 40.27-31).

Para deixar Deus fortalecer sua vida, para que encontre nEle  descanso, considere as seguintes disciplinas espirituais:

2.1. Use a memória a seu favor.
O conselho bíblico nos lembra que, quando olhamos para trás e vemos o que Deus já fez em nossas vidas. imediatamente vemos o que Ele pode fazer.

2.2. Encontre textos bíblicos em que, antes de nós, homens e mulheres de Deus  foram fortalecidos pelo Senhor. São tantos!

2.3. Fique atento à voz de Deus.
Não espere que Ele fale com você de uma forma em que nunca falou; Ele até pode, mas você não reconheceria. Como Ele lhe tem falado? É num culto? Fique atento! É numa caminhada diante da exuberância da natureza? Aguce os sentidos! É ajoelhado no seu quarto? Rale os joelhos! É lendo um livro? Leia!
Deus fala.

3. Deus intervém em nosso viver.
O Deus que Jesus nos ensina a ouvir e amar faz as coisas convergirem a nosso favor, conforme aprendemos no texto que também sabemos de cor (Romanos 8.28). Ele intervém para que as coisas se organizem melhor. Podemos não ver Deus agindo, mas Deus está em ação. Quando Jó perdia tudo na vida, Deus estava em ação; quando Jó notou, Deus lhe devolvera tudo. Quando Abraão subia o monte para sacrificar o filho Isaque, Deus  estava em ação providenciando o animal para o sacrifício. Quando o povo hebreu clamava a Deus por causa da aflição que seus escravizadores lhes infligia, Deus estava chamando e capacitando Moisés. Quando Davi esperava que o reino lhe fosse  dado, já que para tanto fora ungido mas nada acontecia, Deus estava preparando Davi para ser rei. Quando Ezequias estava chorando por causa de sua doença para a morte, Deus estava dizendo a Isaías sobre o que dizer ao rei e como seria instrumento para sua cura. Quando Simeão já imaginava sua partida deste mundo sem ver a Luz deste mundo, Deus lhe trazia ao colo o Filho de Maria. Quando o silêncio abafava o túmulo onde Jesus estava, Deus esperava o momento de levantá-lO para a glória. Quando Paulo se derramava em oração para seu sofrimento lhe fosse tirado, Deus estava em ação, deixando o espinho para que Paulo não se tornasse soberbo e dando-lhe o consolo de sua graça para suportar o sofrimento. Quando João estava confinado em Patmos, Deus lhe revelou a majestade de Sua presença na história.
Deus age para nos dar refrigério. Se vamos a Ele, encontramos descanso para as nossas lutas. Ele troca o jugo amargo por um jugo suave. Ele troca o fardo pesado por um fardo leve.

Venha
o cansado

de entregar o caminho ao Senhor e nada acontecer
de fazer projetos que não saem da mente ou do papel
de ver sonhos um após outro inteiramente despedaçados
de portar sofrimentos reais ou imaginários, igualmente pesados

de ouvir promessas divinas que Deus jamais proferiu
de pedir por um milagre a um Deus que parece que dormiu
de orar por uma conversão que mude um querido o perfil
de oferecer a Deus o que Ele jamais pediu

de promover a paz em casa com persistência
de desejar que o cônjuge fique livre da doença
de gostar e amar sem a mínima recompensa
de receber na pele as marcas da violência

de encontrar desinteresses pelos seus suores
de buscar saúde para seu corpo ou sua alma
de observar o solene triunfo dos malfeitores
de confiar que ainda possa sobrevir a calma

de esperar a chegada de quem, parece, não virá
de esperar que as coisas um dia vão melhorar
de esperar que mês que vem o dinheiro vai dar
de esperar aprovação depois de tanto estudar

de fazer o bem sem receber o afago da gratidão
de ouvir a zombaria por ter encontrado a salvação
de querer mudar o mundo e não ver transformação
de carregar sozinho nos ombros a cruz da missão

Venha também
o derrotado pelo vício ou pelo caráter ou pelo desejo ou pelo instinto ou pela história

Venha
a Jesus
porque
nEle
há descanso