O Ódio de Deus

Toda a linguagem humana sobre Deus é linguagem humana, logo insuficiente. Até mesmo a linguagem bíblica sobre Deuso o esgota. Se Ele Se revelasse de modo completo e pleno, quem entenderia? Quem sobreviveria?
Então, vem Provérbios e diz que Deus odeia sete comportamentos humanos: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que projeta perversidade, pés que se apressam para fazer o mal, testemunha falsa e aquele que semeia discórdia entre irmãos (Provérbios 6.16-22).
o temos dificuldade em reconhecer que essas atitudes não agradam a Deus, mas a nossa razão empaca: Deuso pode odiar, mas a Bíblia diz que odeia.
Temos três saídas para encaixar a nossa teologia.
A primeira é lembrar que o ódio de Deus é um antromorfismo (o humano atribui a Deus sentimentos humanos, porque só alcança sentimentos humanos).
A segunda é recordar que o que Deus odeia é o pecado, não o pecado. A ressalva é perfeita: nada contra ela, porque é um didatismo que esclarece.
A terceira é aceitar de forma literal a afirmação. Deus odeia. Acalma-me saber que o ódio de Deuso inclui uma dimensão moral, mas uma perspectiva volitiva. Em outras palavras, quando Deus odeia, Ele não peca. Quando Jesus entrou no templo arrepiando os comerciantes da fé (ah! se Ele voltasse por aqui nestes dias… oh! que Deusde mercadejar a Sua graça), Ele não pecou. Quando Ele promete que vomitará do Seu estômago os mornos, também não pecará quando sentir este nojo.
Pensar que o ódio de Deus é um antropomorfismo, conquanto verdadeiro, pode me levar a relativizar tanto a Palavra de Deus, que eu posso nela escolher o que devo considerar como imperativo e assim descartar aquilo que me soe “forte” ou “exigente” demais.
Pensar que Deus odeia o pecado e não o pecador, conquanto real, é perigosamente confortador. “Deus me ama como eu sou”. Sim, desde que eu não queira continuar como eu sou. O amor de Deuso só me acolhe; ele me transforma.
Há um senso de peso e responsabilidade em pensar que Deus odeia o pecador que se esconde no espelho da graça para continuar no pecado. O amor de Deus, que é para ser fruído e degustado, deve ser recebido como peso e responsabilidade, peso que nos aproxima mais dEle.
O amor de Deus é tão grande que o Seu ódio está nele incluído. nã me livre

ISRAEL BELO DE AZEVEDO