2Samuel 24: ADORAÇÃO E ÉTICA

ADORAÇÃO E ÉTICA
(2Samuel 24)
(Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 19.8.2007)

O Brasil convive com competência e com a incompetência. O Brasil convive com a honra e com a desonra.
Os tribunais estão abarrotados de processos que decorrem da falta de competência e de honra. Nesses processos pessoas e empresas são acusadas de incompentencia e fraude contra outras pessoas, contra empresas privadas e públicas.
Pessoas e empresas buscam formas de levar vantagens indevidas em suas transações, vantagens obtidas por meio de múltiplos procedimentos. (Ilustro: em outubro de 2006 precisei cancelar uma assinatura de telefonia celular. Onze meses depois ainda não tinha conseguido, indicando que os procedimentos da empresa foram calculados de modo a dificultar o cancelamento para continuar recebendo o pagamento mensal por um serviço não utilizado).
É provável que entre as pessoas processadas existam algumas que prestam culto a Deus.
Nós mesmos misturamos atos de adoração com atos de corrupção. No entanto, estou certo que nós, que adoramos a Deus, queremos ser achados justos, com vidas que dêem frutos de justiça. Se queremos, precisamos educar nossos lábios e nossos corpos, para que nossas palavras e nossos comportamentos sejam coerentes com aquilo que cremos.
É por isto que gosto de Davi, o rei-poeta do Antigo Testamento, como nesta história.

A HISTÓRIA

Samuel (2) 24
(1) Mais uma vez irou-se o Senhor contra Israel e incitou Davi contra o povo, levando-o a fazer um censo de Israel e de Judá.

O autor bíblico cria — e é assim que devemos crer também — que todas as coisas estão sob o controle do poder de Deus. Até mesmo a insolência de Davi.
O reinado de Davi estava se solidificando. Seus planos eram de expansão, o que implicava, naquela época, fazer guerra contra os países vizinhos.
Uma das providências de Davi, para reorganizar e ampliar seu exército, foi fazer um censo nacional, um trabalho que demanda contar a população (versos 5-9).
O que havia de errado no recenseamento, se Deus mesmo já o ordenara no passado (Êxodo 30.12; Números 1.2)? Deus não aprovou o recenseamento, por causa da sua motivação.
O livro de Samuel não detalha, mas outro cronista esclarece que foi Satanás quem levou Davi a agir desta maneira soberba (1Crônicas 21.1). Claro: é Satanás quem nos tenta, sem que isto nos tire a liberdade de agir. Davi era responsável por seus atos, apesar do papel que Satanás desempenhou em sua infeliz escolha. Israel se engrandecia; Davi se engrandecia. Satanás colocou no coração de Davi que a vitória não viria mais agora de Deus; viria da força do exército de Israel. A soberba precede a queda e era preciso estancar a soberba no coração de Davi.

(2) Então o rei disse a Joabe e aos outros comandantes do exército:
— Vão por todas as tribos de Israel, de Dã a Berseba, e contem o povo, para que eu saiba quantos são.
(3) Joabe, porém, respondeu ao rei:
— Que o Senhor, o teu Deus, multiplique o povo por cem, e que os olhos do rei, meu senhor, o vejam! Mas, por que o rei, meu senhor, deseja fazer isso?
(4) Mas a palavra do rei prevaleceu sobre a de Joabe e sobre a dos comandantes do exército; então eles saíram da presença do rei para contar o povo de Israel.

Joabe, que era o comandante do exército, percebeu onde Davi queria chegar. Tentou dissuadir o chefe, mas o rei não o ouviu.

(5) E atravessando o Jordão, começaram em Aroer, ao sul da cidade, no vale; depois foram para Gade e de lá para Jazar, (6) Gileade e Cades dos hititas, chegaram a Dã-Jaã e às proximidades de Sidom. (7) Dali seguiram na direção da fortaleza de Tiro e de todas as cidades dos heveus e dos cananeus. Por último, foram até Berseba, no Neguebe de Judá. (8) Percorreram todo o país e voltaram a Jerusalém ao fim de nove meses e vinte dias.
Lendo esta história, lembro de um capítulo da minha vida. Fui recenseador pelo IBGE em 1970. Como os funcionários de Israel, nós íamos a todos as residências de nossa área e contávamos todas as pessoas.

(9) Então Joabe apresentou ao rei o relatório do recenseamento do povo: havia em Israel 800 mil homens habilitados para o serviço militar, e em Judá, 500 mil. (10) Depois de contar o povo, Davi sentiu remorso.

O coração de Davi o acusou, levando-o a perceber que estava ficando soberbo, não mais dependendo do poder de Deus, mas das forças das armas tão-somente.
Por isto, Deus o disciplinou. Não é assim que Ele fez com quem ama? (Hebreus 12.6; Provérbios 2.12). É claro que “nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados” (Hebreus 12.11). Por isto, “é feliz o homem a quem disciplinas, Senhor” (Salmo 94.12a)

[Então,] disse ao Senhor:
— Pequei gravemente com o que fiz! Agora, Senhor, eu imploro que perdoes o pecado do teu servo, porque cometi uma grande loucura!

Davi entendeu que a graça de Deus se manifesta na disciplina. Davi entendeu que, feita a confissão, a graça é experimentada. Davi entendeu que, perdoado, precisava pagar um preço.

(11) Levantando-se Davi pela manhã, o Senhor já tinha falado a Gade, o vidente dele:
— (12) Vá dizer a Davi: Assim diz o Senhor: ‘Estou lhe dando três opções de punição; escolha uma delas, e eu a executarei contra você’
(13) Então Gade foi a Davi e lhe perguntou:
— O que você prefere: três anos de fome em sua terra; três meses fugindo de seus adversários, que o perseguirão; ou três dias de praga em sua terra? Pense bem e me diga o que deverei responder àquele que me enviou.
(14) Davi respondeu:
— É grande a minha angústia! Prefiro cair nas mãos do Senhor, pois grande é a sua misericórdia, a cair nas mãos dos homens.

Era um teste. O que Davi preferiria? Ele mostraria preocupação com o seu povo (escolhendo uma fome de três anos, que mataria quase todo mundo, ou uma praga de três dias, que mataria milhares de pessoas) ou consigo mesmo (voltando a viver nas cavernas, escondido, como fizera antes de se tornar rei)?
Deus, em sua misericórdia, lhe ofereceu três opções. Uma duraria três anos (a fome nacional); outra uma voltava ao passado (quando era perseguido pelos adversários); a terceira era dura mas curta (praga de três dias). Davi escolheu a menos pior: a praga, que Deus interrompeu por causa da oração do rei.
Evitar voltar a viver como um fugitivo pode parecer a decisão menos egoísta, mas simplesmente o reino se dividiria, com conseqüências muito drásticas. Além disso, Davi não sabia o que o seus inimigos poderia fazer. Evitar uma fome de três anos foi, então, sua escolha, ao preferir apenas uma praga.

(15) Então o Senhor enviou uma praga sobre Israel, desde aquela manhã até a hora que tinha determinado. E morreram 70 mil homens do povo, de Dã a Berseba. (16a) Quando o anjo estendeu a mão para destruir Jerusalém, o Senhor arrependeu-se de trazer essa catástrofe.

Davi, vendo o que estava ocorrendo, orou ao Senhor, oferecendo-lhe uma quarta opção: pagar por sua escolha. Deus ouviu sua oração e se arrependeu, isto é, sentiu a dor do terror (“The message”, de Eugene Peterson) que a praga trazia. Todas as vezes que a Bíblia fala em arrependimento de Deus, ela usa este termo próprio da natureza humana (trata-se, portanto, de um antromorfismo), mas fica claro que esse arrependimento não tem uma dimensão moral, isto é, não é um arrependimento de algo errado que fez, mas de um peso sentido no seu coração, sempre por causa da oração.

(16b) [Por isto], disse ao anjo destruidor:
— Pare! Já basta!
Naquele momento o anjo do Senhor estava perto da eira de Araúna, o jebuseu. (17) Ao ver o anjo que estava matando o povo, disse Davi ao Senhor:
— Fui eu que pequei e cometi iniqüidade. Estes não passam de ovelhas. O que eles fizeram? Que o teu castigo caia sobre mim e sobre a minha família!

Este oferecimento de Davi — “minha família” — deve ser entendido no contexto da época. No antigo Israel, não havia a idéia de indivíduo, mas de comunidade. Além do mais, Davi era o centro de sua família; o que lhe acontecesse atingiria a família toda.

(18) Naquele mesmo dia Gade foi dizer a Davi:
— Vá e edifique um altar ao Senhor na eira de Araúna, o jebuseu.
(19) Davi foi para lá, em obediência à ordem que Gade tinha dado em nome do Senhor.

Davi, um homem que obedecia — este pode ser um bom epitáfio para a sua vida. Gade, pastor de Davi neste momento, continuou ao seu lado e voltou a orientá-lo a levar adiante seu arrependimento pelo pecado da soberba do recenseamento. Era preciso que Davi manifestasse claramente o seu arrependimento; o censo foi algo nacional; seu arrependimento devia ser público também. A comunidade de Israel foi ferida. A confissão devia ser do conhecimento de todos e devia custar um preço, além das palavras reveladoras da intenção do coração.
Davi entendeu e se arrependeu. Arrependido, esperou a conseqüência para o seu pecado.

(20) Quando Araúna viu o rei e seus soldados vindo ao encontro dele, saiu e prostrou-se perante o rei, rosto em terra, (21) e disse:
— Por que o meu senhor e rei veio ao seu servo?
Respondeu Davi:
— Para comprar sua eira e edificar nela um altar ao Senhor, para que cesse a praga no meio do povo.

Como parte de seu processo de arrependimento, Davi, aconselhado por um profeta, decide construir um altar para o Senhor Deus e ali lhe prestar um culto. Davi foi ao local indicado pelo profeta.

(22) Araúna disse a Davi:
— O meu senhor e rei pode ficar com o que desejar e oferecê-lo em sacrifício. Aqui estão os bois para o holocausto, e o debulhador e o jugo dos bois para a lenha. (23) Oh rei, eu dou tudo isso a ti. — E acrescentou — Que o Senhor, o teu Deus, aceite a tua oferta.

O proprietário lhe saiu ao encontro ofereceu tudo de graça, mas o rei não quis.

(24) Mas o rei respondeu a Araúna:
— Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada.

É como se dissesse: não vou oferecer sacrifícios que não importam em sacrifício.

E [Davi] comprou a eira e os bois por 50 peças de prata. (25) Davi edificou ali um altar ao Senhor e ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão. Então o Senhor aceitou as súplicas em favor da terra e terminou a praga que destruía Israel.

O que Deus começou — a libertação do povo das mãos do terror — ele terminou. Deus sempre termina o que começa, se for para nosso bem.

AS LIÇÕES DA HISTÓRIA

Esta história mostra que não deve haver descompasso entre adoração e ética.
Todo crente, que é aquele que honra ao Deus Pai como seu Criador e Senhor, a Jesus como seu Salvador e Senhor e ao Espírito Santo como seu Orientador e Senhor, adora a Deus.
Essa adoração é polifônica. Dá-se por meio da arte e também por meio da vida. Embora não nos salve, o bom comportamento é uma forma de adoração. Não é esta a pergunta que nos faz o nosso Deus: “O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?” (Isaías 58.6-7)
Adorar a Deus é deixar-se incendiar por sua presença. No entanto, o profeta também pergunta: “Quem de nós pode conviver com a chama eterna? Aquele que anda corretamente e fala o que é reto, que recusa o lucro injusto, cuja mão não aceita suborno, que tapa os ouvidos para as tramas de assassinatos e fecha os olhos para não contemplar o mal”  (Isaías 33.14b-15).
Deus mesmo pede aos que O adoram: “Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!” (Amós 5.23-24). Afinal, “a religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1.27).
Precisamos, portanto, de um permanente avivamento, que faça com que nossa adoração correta desemboque em ações corretas, para que não honremos a Deus apenas de lábios (Mateus 15.8).

Para tanto, esta história é exemplar.

1. O autor deste livro tinha uma teologia extraordinária. Soa-nos estranho ler: “Mais uma vez irou-se o Senhor contra Israel e incitou Davi contra o povo, levando-o a fazer um censo de Israel e de Judá” (verso 1).
Sua afirmativa é um gesto de adoração. Deus está no controle de todas as coisas. Ele é soberano sobre todas as coisas, até sobre as coisas ruins. A majestade de Deus é tal que pode ser contemplado sem reservas. Tudo está sob sua direção.
Ah! Quando cremos que Deus está no controle das nossas vidas, nós O adoramos.  Quando não cremos nisto, nós reclamamos; até blasfemamos.
Pensar corretamente sobre Deus não nos salva, mas mas nos prepara para contemplar a sua grandeza. Nossos pensamentos devem ser expressões de adoração.
O autor escreve sua história com a certeza: não importa o que o rei Davi faça, Deus é soberano e Davi vai se curvar. Não importa que ele ignore os conselhos corretos de Joabe, que vai ter que escutar os conselhos do profeta Gade mais adiante.
É como se ele dissesse aos seus leitores: mesmo que todos estejam contra você, fique firme, que Deus está no controle e vai prevalecer, mesmo que seu adversário tenha muito poder, mesmo que o seu chefe lhe mande fazer o que você não quer fazer, como aconteceu com Joabe, que não queria a realização do recenseamento. Continue pedindo discernimento a Deus e peça coragem a Ele para se dispor a pagar o preço da obediência a Ele.

2. A personagem central deste capítulo (Davi) tinha uma atitude extraordinária. Soa-nos reconfortante ler: “Depois de contar o povo, Davi sentiu remorso [o coração de Davi o acusou] e disse ao Senhor: `Pequei gravemente com o que fiz! Agora, Senhor, eu imploro que perdoes o pecado do teu servo, porque cometi uma grande loucura!'” (verso 10)
Davi se arrependeu do que fez, sabendo que seu ato era um gesto de idolatria, de ego-latria e de desobediência.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que adoração bonita implica em confissão de pecado. A ética precisa preceder e suceder a estética. Quando contemplou Deus no templo, Isaías olhou para si mesmo e viu sua indignidade. A estética precisa renovar a ética. A adoração precisa influenciar a ação. Nosso canto precisa inspirar nosso comportamento.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que o pecado tem conseqüências (verso 13). Seremos mais sábios, se nos lembrarmos disto.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que a misericórdia de Deus é inesgotável (verso 14). A misericórdia é a essência de Deus. Se queremos parecer com Deus, precisamos ser misericordiosos.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que a adoração, especialmente quando sob a forma da oração, é algo tão sério que muda até o coração de Deus (verso 16). Nada é definitivo, nem mesmo o desejo de Deus de deixar rolar, de permitir que as conseqüências dos nossos pecados nos alcancem. A oração pode cancelar desgraças.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que a verdadeira adoração implica em disposição de pagar o preço pelo pecado cometido (verso 17). Extraordinário Davi que diz: “fui eu”. Desde Adão nosso pecado é culpa do outro. Diferentemente de Davi, estamos sempre buscando um culpado para os nossos erros.
Obrigado, Davi, por nos ensinar que adoração rima com dependência e obediência, não com arrogância e petulância (verso 19).

3. A atitude de Davi é um modelo no entendimento da relação entre adoração e ética.
Adorar é levantar um altar para Deus. Levantar um altar para Deus é deixar uma evidência para um fato, no caso uma bênção de Deus, como se fosse uma escritura pública. Levanta um altar quem reconhece que foi Deus quem lhe fez o que fez.

Não sabemos qual a intenção de Araúna ao oferecer um terreno para o altar, bem como os animais para o sacrifício, cujas despesas deviam correr por conta de Davi.
Se Araúna agiu por medo, Davi não tirou proveito deste medo, para levar vantagem pessoal. Diante de um homem fragilizado, não o pressionou ainda mais, mas o soergueu, restabelecendo sua dignidade.
Se Araúna agiu por interesse, Davi não lhe ficou devedor. Se Davi cedesse, ficaria nas mãos de Araúna, que teria feito com ele um bom negócio. Para Araúna, seria um bom investimento. Para Davi seria uma bomba de efeito retardado.
Se Araúna agiu por bondade, Davi entendeu que precisava pagar o preço, porque o pecado era seu. Ninguém podia pagá-lo, nem mesmo o bom Araúna. Aceitar a oferta não seria honesto com Deus. Outro pagaria o preço por seu sacrifício. Seu sacrifício não lhe custaria nada e encerraria a culpa por um pecado que era dele, não de Araúna.
Davi estava ali para firmar seu compromisso por viver uma vida reta. Não precisava percorrer nenhum atalho. Não há atalhos para a santidade. Não há atalhos para uma vida ética. Davi não iria oferecer um culto que não fosse um culto.
O verdadeiro adorador faz como Davi e jamais procura tirar vantagens de seu culto. Ele não cultua a Deus para receber bênçãos. Ele cultua a Deus porque ama a Deus.
O verdadeiro adorador faz como Davi e jamais procura tirar vantagens de seu culto. Não precisava explorar seu próximo, no caso Araúna.

Aceitar a oferta de Araúna é aceitar furar uma fila no banco.
Aceitar a oferta de Araúna é sonegar o imposto que é devido, seja justo ou injusto.
Aceitar a oferta de Araúna é ficar com um dinheiro que não lhe pertence.
Aceitar a oferta de Araúna é piratear um livro ou um CD, mesmo que para fins considerados nobres.
Aceitar a oferta de Araúna é tomar emprestado (dinheiro ou objeto) e não devolver.
Aceitar a oferta de Araúna é deixar de praticar preços justos.
Aceitar a oferta de Araúna é oferecer ou receber propina para acertar um negócio.
Aceitar a oferta de Araúna é deixar de cumprir os horários na empresa onde se trabalha.
Aceitar a oferta de Araúna é vender o voto a um político.
Aceitar a oferta de Araúna é deixar de pagar salários justos e dentro da lei a um empregado, na empresa ou em casa.
Aceitar a oferta de Araúna é omitir-se diante da corrupção, da violência contra todos e do descaso com os pobres no Brasil.
Aceitar a oferta de Araúna é deixar alguém levar a culpa de algo que nós cometemos e merecemos arcar com as conseqüências.

Aceitar a oferta de Araúna é deixar de cumprir a escala de voluntários na igreja, como se fosse um compromisso que não tivesse sido firmado.
Aceitar a oferta de Araúna é enganar a comunidade com uma honestidade que não se tem.
Aceitar a oferta de Araúna é deixar de dar o dízimo ou dá-lo na expectativa da bênção prometida.
Aceitar a oferta de Araúna é abrir mão da paz com Deus, que vem quando Ele ouve o nosso pedido de perdão e apaga as nossas transgressões.
Aceitar a oferta de Araúna é tornar sem efeito o sacrifício de Jesus Cristo na cruz em nosso lugar.
Aceitar a oferta de Araúna é brincar de adorar.
Aceitar a oferta de Araúna é abrir mão de procurar viver uma vida reta, porque nossa adoração tem um preço: o preço da adoração é o compromisso com um vida reta.

Adoração sem ação é uma tragédia. Estética sem ética é um escândalo.

Se estamos brincando de adorar, porque com atitudes que negam os lábios, é hora de parar.

Como na história bíblica, a praga da falta de ética só cessará quando Deus ministrar sobre nossa nação o seu perdão. Ele apenas espera que o peçamos.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

 

plugins premium WordPress