A diferença do cristão

SE NÃO HÁ DIFERENÇA, ESTÁ ERRADO
Romanos 12.1-2

Quando nos chegam notícias de jovens mortos por overdose, ficamos tristes. Quando estas mortes são de garotos que moram perto de nós, ficamos chocados e até nos sentimos culpados: não podíamos ter feito algo para evitar essas tragédias?

Diante destas notícias penso na sugestão de Freud, para quem há dois tipos de pessoas: as que crêem e as que não crêem. Não há dúvida que crer, especificamente crer em Deus Pai como Senhor e Autor da vida, crer em Jesus como Senhor e Salvador da vida, crer no Espírito Santo como Senhor e guia da vida, faz toda diferença na vida porque, se crer não faz diferença, está errado.
Tenho ouvido de não-cristãos, que dizem não ver diferença entre seus colegas de faculdade ou de trabalho, mas tem que haver.

1. Vidas que não crêem são vidas sem propósitos, porque sem a perspectiva da missão. Um episódio na vida do filósofo Jean-Paul Sartre ilustra este tipo de existência: um jovem, que estava para tomar uma decisão, procurou seu conselho sobre o sentido da vida. O filósofo disse que não havia sentido algum. Por isto, ensinava que o que importa é que vivamos cada momento intensamente.
Diferentemente, um cristão acorda todo dia sabendo por que e para que nasceu, de onde veio e para onde vai, por que e para que vive.
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto à razão da sua vida, está errado. O sentido vem da criação geral de todos os seres humanos, que não foi por acaso, e da criação de cada pessoa, que não foi por acaso.
Um cristão sabe por que e para quem vive. Um cristão não vive como se não soubesse por que. Esta é a sua diferença.

2. Vidas que não crêem são vidas sem uma orientação a seguir, sem um livro-guia, no caso a Bíblia, pela qual devam ser regidas. A propósito, um jornalista (segundo a revista Superinteressante, de outubro de 2007) viveu durante um ano seguindo literalmente as regras da Bíblia, a maioria do Antigo Testamento, sobretudo Levítico. O resultado, gerado pelas regras que ele mesmo escolheu e interpretou, beirou o ridículo.
Diferentemente, um cristão orienta a sua vida pela Bíblia, lida com oração e na razão, em lugar de criar regras próprias… para atender interesses próprios.
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto à orientação da sua vida, está errado. Se um cristão não se orienta pela Palavra de Deus mas por sua própria palavra, decidindo o que é certo por si mesmo, escolhendo o que é bom por si mesmo, formando sua própria lista de pecados, não tem diferença em relação às outras pessoas; e se não tem diferença, está errado.
Um cristão é alguém que procura, que almeja intensamente, ser guiado pelo Espírito de Deus. O cristão não diz: “sei que a Bíblia diz, mas eu não concordo”. Esta é a sua diferença.

3. Vidas que não crêem são vidas sozinhas, porque são vidas vivendo sem a idéia de que Deus faz parte da vida e que Ele está ao lado do homem, para fortalecer, animar, socorrer.
Diferentemente, um cristão não vive sozinho. Ele sabe que não há um lugar ou uma condição em que Deus não esteja para fortalecer, animar, socorrer.
Se não sabe disto e não vive esta certeza, não há diferença entre a sua vida e a de um não crente com relação à atitude perante a vida, está errado.
Um cristão sabe que é um peregrino, mas que não está sozinho em sua caminhada. Esta é a sua diferença.

4. Vidas que não crêem são vidas sem a noção de pecado, porque, para essas pessoas, no máximo há erros, patologias, mas não imoralidade, pecado, visto como algo imposto por uma autoridade controladora. Quem fala de pecado é ridicularizado. Há uma completa recusa à idéia de um julgamento, de um tribunal diante do qual todos os seres humanos vão comparecer para serem julgados.

Diferentemente, um cristão sabe que a Queda, como narrada em Gênesis 3, trouxe conseqüências, que nos alcançam até hoje. Para entender a Queda, basta olhar-se para a natureza humana, que leva a pessoa a errar o alvo de Deus, sempre bom, agradável perfeito. É verdade que há erros, há patologias, mas há pecados. O pecado afasta do homem de Deus. O cristão sabe também que é julgado todos os dias no Tribunal de Cristo e que a cada dia pode ser absolvido se se arrepender.
Se um cristão vive como se não houvesse pecado, como se pudesse decidir o que não é ou o que é pecado ou como se não pecasse, não há diferença entre a sua vida e a do não crente.
Um cristão sabe que um pecador, mas um pecador que detesta o pecado, que confessa quando peca, que não deseja viver pecando. Um cristão, quando em pecado, não diz: “estou apenas me divertindo”. Um cristão, quando vê o pecado em que se envolveu, não se sai com um “Deus me entende”. Ele se quebranta e se arrepende. Esta é a sua diferença.

5. Vidas que não crêem são vidas que idolatram o dinheiro e poder, o prestígio e a fama, o brilho e a glória, mesmo que efêmera.
Diferentemente, um cristão sabe que o dinheiro que tem lhe foi emprestado por Deus para Lhe ser devolvido; que o poder por aqui é efêmero porque poder mesmo só Deus o tem; que prestígio é dado pelos mesmos que enxovalham; que fama tem a resistência da fumaça; que o brilho não passa de gelo seco; que glória é humanamente construída e humanamente destruída.
Sabemos de cidades com altos índices de evangélicos que experimentam quedas nos índices de corrupção ou violência. Quando estoura um escândalo, já nos acostumamos também a ver evangélicos envolvidos.
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto ao modo como trata o dinheiro e o poder, com seus correlatos, está errado.
Um cristão não tem ídolos. Esta é a sua diferença.

6. Vidas que não crêem são vidas de mentiras, porque sem dificuldades em mentir, para obter vantagens nos negócios, mesmo que subornando, propinando, superfaturando, subfaturando, laranjando, falsificando, fazendo “gatos”, procurando levar vantagem em tudo, apropriando-se do que é do outro ou do Estado, colando numa prova na escola ou no concurso, copiando textos de outros, pagando para escreverem trabalhos acadêmicos apresentados como próprios, fraudando o fisco, pirateando conteúdos dos outros, não importando a mídia, negociando escusamente.
Diferentemente, um cristão é transparente em seus negócios, mesmo que tendo prejuízo; um cristão cumpre horários no trabalho, mesmo que não haja controle, ou compensa quando se atrasa mesmo por motivo justo; um cristão paga seus impostos; um cristão não frauda o fisco; um cristão não engana seu empregado; um cristão paga as suas contas; um cristão tem o que tem, não o que não tem; um cristão não usa software pelo qual não pagou ou foi autorizado pelo criador, não ouve CD ou DVD que não pagou ou não foi autorizado; um cristão não cola, não copia trabalho da internet, não pagar para outro fazer trabalho, não faz trambique em concurso, mesmo que não venha a ser aprovado (como, por exemplo, um cristão vai orar para ser abençoado por Deus, enquanto frauda?)
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto à transparência de seus negócios, está errado. Um cristão é honesto em tudo o que pensa e faz. Um cristão, quando toma decisões, não se justifica com argumentos do tipo: “Estou buscando o melhor para mim”. Esta é a sua diferença.

7. Vidas que não crêem são vidas muitas vezes resumidas ao movimento do corpo, corpo disponibilizado para o prazer que vem do suor, para o prazer do sexo com ou sem amor e compromisso, para o prazer que vem do uso da droga, seja jogo, cigarro, álcool ou droga propriamente dita, para o prazer que vem de vidas perigosas.
Diferentemente, um cristão não é dono do seu corpo, que pertence ao Senhor que o empresta; um cristão se diverte com o seu corpo, desde que não tenha que enviar (como se isto fosse possível) para bem longe e por um pouco o Espírito Santo que nele habita; um cristão não precisa de droga (de qualquer tipo) para se divertir; um cristão não serve álcool em suas festas porque há convidados não cristãos (o que é errado para ele é errado para os outros; falando de Cristo a uma pessoa, ela me disse: “se algum dia eu for um cristão, não serei como o casal Fulano, que não bebe conosco quando os filhos estão”); um cristão não consome pornografia, nem que ninguém não esteja vendo (a indústria e o comércio da pornografia fatura bilhões de reais por ano, mas um cristão não lhes dá um centavo sequer); um cristão não adultera; um cristão não aborta por causa de sexo irresponsável mesmo que consentido, porque exerce responsável e santamente a sua sexualidade. A adrenalina do crente é descobrir e fazer a vontade de Deus. Que aventura!
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto ao modo como frui a vida, está errado.
Um cristão não é senhor do seu tempo, da sua profissão, do seu dinheiro ou do seu corpo. Esta é a sua diferença.

8. Vidas que não crêem são vidas que encontram prazer em conversar sobre a vida alheia, sejam celebridades, famosas ou ricas, sejam amigos ou conhecidos, como forma de diversão ou de benefício próprio, tenham os comentários fundos de verdade ou não.
Diferentemente, um cristão santifica a sua língua, santifica sua mente, pensando nas conseqüências de poluir sua mente e sua língua e no prejuízo que seus comentários maldosos podem trazer para os outros.
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto ao uso da língua e da curiosidade, está errado.
Um cristão domina a sua língua. Um cristão não se esconde atrás do fato de não ser Jesus Cristo, que não é mesmo; nem se nega a ser, humildemente, exemplo para os outros. Esta é a sua diferença.

9. Vidas que não crêem são vidas são vidas que apelam para soluções fáceis para a solução de seus problemas. Se o casamento deles não vai bem, separam-se (pouco se importando com as conseqüências para os mais fracos, sejam cônjuges ou filhos), às vezes conflituosamente por causa de dinheiro. Se encontram alguém a quem acham amar, amasiam-se (afinal o Estado não garante união estável?). Se os pais não são legais e querem reciprocidade, os filhos saem de casa.
Diferentemente, um cristão vai até o fim em seus esforços para manter os relacionamentos, recomeçando, restaurando na mutualidade do compromisso e do afeto, e, quando no extremo, não há como estar sob o mesmo teto, um continua a proteger o outro, emocional e financeiramente. O cristão recusa o fácil, o leve e o rápido. Entre as famílias cristãs o índice de separações não pode ser o mesmo entre os não-cristãos, como acontece, por exemplo, nos EUA, a quem sempre imitamos… Nisto também?
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão quanto à busca de relacionamentos duradouros, está errado.
Um cristão não se curva ao fácil, ao leve, ao rápido.
Esta é a sua diferença.

10. Vidas que não crêem são vidas que pensam apenas em si mesmas, num selvagem “cada um por si”, que usam pessoas e as descartam, que tratam os outros sem polidez, que consideram menores os outros por algum preconceito de classe, de cor ou de religião.
Diferentemente, um cristão é generoso, solidário, fraterno, polido; mesmo quando discorda, as veias não lhe saltam do pescoço; mesmo errado, o outro é respeitado e tratado com cortesia. Um cristão é agradecido.
Se não há diferença entre um cristão e um não cristão no relacionamento com o outro, está errado.

***

Seremos faróis da graça de Jesus Cristo para o mundo e centro de referência para os que não crêem, se a luz que refletimos alcançar o outro lado da calçada do templo da igreja.
Seremos centros de referência para os que não crêem quando seguirmos o inspirado conselho paulino:

“Tome a sua vida, no seu dia a dia, ao dormir, comer, trabalhar e viver, colocando-a diante de Deus como uma oferta. Considere que o que Deus faz por você é a melhor coisa que você pode fazer por Ele. Não se ajuste à cultura que quer enquadrar você sem pensar. Antes, preste atenção em Deus. Você deve ser transformado de dentro para fora. Reconheça prontamente o que Ele quer de você e prontamente apresente a sua resposta. Diferentemente da cultura que o cerca, sempre empurrando você para o mais baixo nível da imaturidade, Deus leva você para o melhor, dirigindo-o para a segura maturidade” (Romanos 12.1-2 – A Mensagem)

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

Para comentar esta mensagem, acesse o blog comentandomensagens .