Eu nasceria de novo porque, se não tivesse nascido, precisaria ser humano, para viver seu sofrimento, experimentar sua vitória, conhecer a decepção, acompanhar suas incertezas, ouvir suas tentações, de modo que todos pudessem saber que, por ter nascido entre eles, meu chão é também a matéria bruta da mesma realidade.
Eu nasceria de novo porque os homens precisam de paz, essa palavra pequena para abraçar desejos tão elevados, como justiça, fraternidade, harmonia, liberdade, saúde, oportunidade, força, bondade, coragem e solidariedade.
Eu nasceria de novo porque os homens precisam conhecer o amor que perdoa, que se doa, que espera, que se supera, em que há conexão, em que não há solidão.
Eu nasceria de novo porque os homens precisam de um Salvador, mesmo depois de terem acumulado tantos conhecimentos e terem produzido tantas transformações sobre a face da terra.
No meu novo Natal, descobririam que sou também um igual.
A partir do meu novo Natal, poderiam restabelecer a comunhão com o meu/nosso Pai.
Eu nasceria pobre e longe das igrejas, dos palácios, dos centros de compras e dos meios de comunicação, para que os desprovidos se identificassem comigo, para que a religião não me transformasse num símbolo vazio, para que os governantes não quisessem o benefício do meu apoio, para que o comércio não me reproduzisse como uma grife, para que os meios de comunicação não me vendessem como espetáculo.
Eu denunciaria todo tipo de magia, produzida pela religião ou pela tecnologia, todo tipo de hipocrisia, vinda dos religiosos ou dos políticos, todo tipo de ideologia, seja a que promete prosperidade, seja a que garante que o céu pode ser aqui (Ah se soubessem o que é o céu!!!).
Eu não importaria em morrer, para reunir no meu corpo os pecados de todos os homens e, então, fazer a paz entre meu Pai e meus irmãos.
Eu nasceria de novo porque os homens precisam de um Salvador e só eu O sou.
ISRAEL BELO AZEVEDO