Ar puro, visâo ampla

Suponha que você concorda que Deus se comunica e o conteúdo de Sua comunicação, para a vida e sobre a vida, presente e futura, está na Bíblia. O que você fará?
Você lerá Este livro.
Só que Este foi escrito por muitas mãos, em muitos lugares. Você a abre e lê coisas que não compreende e se depara com atitudes de homens e do próprio Deus com as quais não concorda. Você lê, por exemplo, que, para dar seqüência a um plano, Deus mandou exterminar pessoas, famílias e povos. Desesperado, segue lendo em busca de uma explicação para tanto derramamento de sangue e descobre Deus dizendo que ama as pessoas, ao ponto de enviar seu próprio Filho para lhes comunicar boas notícias de paz. Aí você fica confuso: Com toda a razão.
Houve um tempo na história do Cristianismo em que os cristãos eram desaconselhados a ler a Bíblia. Em parte a proibição pressupunha que as pessoas não teriam capacidade de lê-la, tal a sua profundidade e complexidade.
Nota Dez para quem acha a Bíblia difícil e complexa.
Nota Zero para quem acha que, por ser difícil e complexa, a Bíblia não deve ser lida.
Deve. Lida e estudada.
Por isto, os evangélicos têm investido na sua leitura e no seu estudo. Foi lendo a Bíblia, da qual era professor, que Martim Lutero (1483-1546) descobriu que a salvação se dá tão somente pela graça. Como queria que todo o seu povo, que não lia mais o latim, fizesse a mesma descoberta, tratou de traduzir a Bíblia para o alemão.
A disseminação do estudo bíblico teve um momento singular há 228 anos (1880), quando o jornalista inglês Robert Raikes (1735-1811) começou uma escola bíblica para crianças, com o objetivo também de lhes ensinar a ler. O pressuposto feliz de Raikes é que todos, até crianças em processo de alfabetização, podem e devem ler e estudar a Bíblia.
Então, se o nosso pressuposto é que a Bíblia é o livro pelo qual Deus se comunica, temos uma tarefa dupla: lê-la e estudá-la.
Sua leitura deve ser diária e sistemática, com metas definidas.
Seu estudo deve ser constante, podendo ter seu apogeu a cada domingo na Escola Bíblica. Há sempre uma classe para atender o interesse de cada um.
Escalá-la, para conhecer, por meio do estudo, o Deus amoroso e perfeito que nela se apresenta é um desafio. A cada estágio na subida você pode escolher o que lhe chega melhor: ou o ar cada vez mais puro porque cada vez mais santo porque cada vez mais próximo de Deus ou a visão que se tem, do alto, da vida.
(E por que não os dois: o ar puro e a visão ampla?)

ISRAEL BELO DE AZEVEDO