1Tessalonicenses 4.13-5.11 Aquele que veio voltará

Em relação à volta de Jesus Cristo, precisamos começar por afimar algumas

CONVICÇÕES PRELIMINARES

1. Por ser essencial, não devemos ignorar o tema da volta de Cristo.
O apóstolo Paulo usa esta mesma expressão (“não ignorem”) para nos advertir sobre outros equívocos que cometemos. Assim, há, portanto, outros temas que não devemos ignorar, como o lugar de Israel no plano de Deus (Romanos 11.25), nosso passado espiritual (1Coríntios 10.1), os dons espirituais  (1Coríntios 12.1) e nosso dever quanto aos necessitados (2Coríntios 1.8 ).

2. O tema da escatologia não deve estar à parte de uma vida reta: a vida é mais importante que a doutrina.
Na verdade, nenhuma doutrina pode estar acima da vida. Jesus teve que enfrentar um grupo de religiosos que praticavam exatamente o oposto. Os fariseus não estavam nem aí para a vida, desde que a interpretação deles das Escrituras ficasse mantida. O parâmetro de Jesus é outro: o critério pelo qual alguém deve ser primariamente julgado não é sua crença certa, mas sua vida certa.

3. A parousia [palavra usada tecnicamente para anunciar a presença de um rei ou conquistador na cidade, que, quando chegava, recebia uma coroa de glória; aplicada a Jesus aparece, por exemplo, em aqui e em 1Tessalonicenses 3. 13; 4.15; 5.23; 2Tessalonicenses 2.1, 8; 1Co 15. 23] não deve ser motivo de controvérsias (polêmicas), mas de consolo e de consolo mútuo (1Tessalonicenses 4.18 e 5.13).
As polêmicas sobre a segunda vinda são travadas em torno de sinais e datas. Sobre datas uns acham que Jesus deixou sinais (pistas) que nos indicam o quando de seu retorno. Para mim, os sinais são pistas que devemos esperar a vinda como um ladrão de Deus (sem previsão).
Sobre datas há inúmeras correntes, entre as quais: pré-milenismo, pós-milenismo e amilenismo.

Os pré-milenistas sustentam que Jesus voltará antes do milênio e evitará que experimentem a grande tribulação
Os pós-milenistas entendem que o milênio durará um longo período (e não necessariamente um período de mil anos); ao fim do milênio, Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos serão  ressuscitados e julgados.
Os amilenistas pressupõem que que não existe período de mil anos (milênio) que esteja por vir. Na Bíblia, a expressão milênio é metafórica. Quando Cristo voltar, haverá ressurreição e julgamento de crentes como de incrédulos.
Em cada uma delas, há bifurcações.

1.4. Sabemos com certeza que Jesus retornará em tempo imprevisível. Para tanto, a Bíblia compara esta vinda com a chegada de um ladrão em nossas casas.
Dois textos usam a mesma figura, para nos orientar:
Em 1Tesalonicenses 5.2, o apóstolo Paulo recorda: “pois vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão à noite”.
O apóstolo Pedro também é preciso em seu ensino: “O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada” (2Pedro 3.10)
Como Paulo, Pedro e os primeiros cristãos, devemos esperar a volta de Cristo como para o nosso tempo de vida. Nunca para depois de mortos.

CONVICÇÕES ESSENCIAIS SOBRE A PAROUSIA
A partir de seus pressupostos, cada leitor da Bíblia pode, com humildade, ficar com a interpretação que lhe dá mais conforto, uma vez que a Bíblia não é explícita.
O que não se pode é perder o essencial.

1. Assim como viveu, morreu e ressuscutou diantes dos olhos humanos, Jesus voltará.
Temos esperança, porque Jesus morreu e ressurgiu,

TODA CONFISSÃO
(1Tessalonicenses 4.13-14).

Com os pastores dos desconhecidos campos de Belém
que, avisados por coro de tão incrível formação,
viram naquele lugar improvavel o neném
e nos braços de Maria O puderam tocar,
creio, sem outros detalhes conhecer,
que Jesus Cristo nasceu.

Com Pilatos e os grandes e pequenos de Jerusalém
que se assombraram com o corpo feito refém
de inúmeras violências
tão rápido a vida perder,
creio, diante de tantas evidências,
que Jesus Cristo morreu.

Com os que criam e com os que não criam também
mesmo que seus ouvidos O tenham escutado
e seus olhos se tenham cruzado
e suas mãos O tenham abraçado
mesmo sem tudo entender,
creio que Jesus Cristo reviveu.

Com os que esperam a hora do último amém,
creio, mesmo sem o dia e o modo saber,
que Jesus voltará com pompa e poder,
para levar todo amigo seu
— estou nesta lista de graça —
para brincar com Ele na imensa praça
que nossos olhos chamam de céu. (IBA)

2. Jesus voltará para completar a obra da redenção do ser humano.
É verdade que Jesus disse na cruz que, com sua morte, tudo estava consumada. Sim, a partir dali, nada mais seria necessário para que o homem pudesse ser redimido.
No entanto, aprendemos na Bíblia que Jesus, no final dos tempos, entregará “o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder”; depois disso, Ele mesmo “se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos” (1Coríntios 15-24 4 28). A redenção será plena quando Deus for tudo em todos, por meio da obra terminada de Jesus Cristo.

3. Jesus voltará para que possamos morar para sempre com Ele.
A certeza apostólica é cristalina: “estaremos para sempre com o Senhor” ( (1Tessalonicenses 4.17)
Ao falar da morte como sono, Paulo nos ensina que não devemos absolutizar nem a morte, nem a vida.
Ao se referir à nossa morada com o Pai como sendo para sempre, o apóstolo está colocando as coisas nos seus devidos lugares: o que é relativo (a morte) é relativo, e o que é absoluto (a vida eterna) é absoluto. Enquanto estamos na história, pode haver confusão, com o que é relativo parecendo mais absoluto que o absoluto; no céu, os papéis serão claros porque o pecado ali não entrará.
 
ATITUDES NECESSÁRIAS DIANTE DA PAROUSIA
Mais que saber, devemos esperar a parousia de Jesus, com atitudes dignas de, pelo menos, duas convicções:

1. Sentindo-nos consolados com a promessa de sua volta (1Tessalonicenses 4.15).
Quando perdemos a perspectiva da parousia, perdemos a perspectiva da vida.
Esta esperança é para nos dar alegria, jamais medo, não importa se estaremos vivos ou se estaremos mortos (“dormindo”). Não é melhor nem pior estar vivo por ocasião da parousia. Não é melhor nem pior ter morido por ocasião da parousia.

2. Exortando-nos uns aos outros (1Tessalonicenses 5.11), com as seguintes convicções de fé e amor:

. Afirmemos e reafirmemos quem nós somos: nós somos filhos da luz.
Lemos em 1Tessalonicenses 5.5: “Vocês todos são filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas”.
Ser da luz é viver de tal modo que aquilo que nós fazemos pode vir ao conhecimento dos outros e não teremos que dar explicações. Que é o escândalo, se não a revelação do que estava escondido?

. Vivamos de maneira sóbria.
Leiamos o conselho bíblico: “Portanto, não durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios, de modo a não nos tornarmos merecedores da ira de Deus com comportamentos próprios dos que são das trevas (1Tessalonicenses 5.9).
(Pode parecer estranho o termo “ira de Deus” que o apóstolo Paulo emprega. De antemão, deve ficar claro que este “sentimento” de Deus não faz com que Ele. Sua ira, portanto, não tem uma dimensão moral; ao se irar, Ele não peca, porque a sua ira é uma decorrência de sua santidade, que não pode conviver com o pecado. Paulo usa este termo abundantemente, especialmente em Romanos (como em 1.18, que diz: “a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça”). Somos ensinados que o pecado deixa Deus irado, razão porque sua ira foi desfechada contra Jesus na cruz, quando este lavava sobre si os nossos pecados (Isaías 53). O sacrifício de Jesus aplacou a ira de Deus. Até hoje o pecado provoca a ira de Deus, o que nos deve deixar tristes e nos levar a buscar o arrependimento.)
Viver de modo atento (para a volta de Jesus Cristo) nos leva a viver de modo sóbrio, não absolutizando o desejo ou a força humanas. A ética do ínterim ou do intervalo (nossa vida é um intervalo entre a cruz da redenção e o céu da consumação) é um convite a uma vida segundo padrões elevados, e não o contrário.

. Vistamos a “couraça da fé e do amor e o capacete da esperança da salvação”.(1Tessalonicenses 5.10), que nos mantêm em comunhão com Jesus Cristo. Não somos proibidos de andar com os incrédulos: somos lembrados que a nossa comunhão é com Cristo: dEle vêm os nossos desejos e nossos valores.
Quem tem comunhão com Jesus segue o que Ele diz que é certo, e não o que eu acho que é certo. Quem tem comunhão com Jesus tira dEle seu prazer.

DOXOLOGIA 3
(1Tessalonicenses 5.23-24)

Fiel é o Pai de toda paz, que proclama
seu desejo de nos ver em integridade,
livres do medo e assim longe da ansiedade,
porque firmados em sua fidelidade.

Fiel é o Cristo da paz, que a cada um ama
pra manter inabalado na sua Vinda
na comunhão do seu Reino incompleto ainda
aqui, no presente, e quando a vida for finda.

Fiel é o Espírito da paz, que nos chama,
para a santificação total nos pro-voca,
para a mútua fidelidade nos convoca.

Fiel é o Deus da plena paz, que derrama
sobre nós sua presença consoladora
na certeza de sua graça abençoadora.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO