Espírito Santo, nosso conselheiro (O)

A habitação do Espírito Santo em mim não é compulsória. Escolho ser habitado. Escolho não ser habitado pelo Espírito Santo, que não usa pé- de-cabra para forçar a entrada no meu coração. Ele é suave. Posso extingui-lo  (1Tessalonicenses 5.19), e Ele se ausenta entristecido.

Para entendermos o papel do Espírito Santo em nossas vidas, há dois textos bíblicos essenciais. Um (João 14.16-17) contém a promessa de Jesus aos seus discípulos. Outro (Romanos 8.5-9) nos oferece o que o Espírito Santo pode fazer conosco, se deixamos que nos habite.
Jesus se refere ao Espírito Santo como Parácleto, uma palavra rara na antiguidade e sem tradução precisa para as línguas modernas, que trazem Ajudador, Consolador, Confortador, Conselheiro. O Parácleto é o Deus que está ao nosso lado para nos sustentar, apoiar, defender, consolar.
Infelizmente, para evitar um extremo, caímos em outro, ao ponto de muitos de nós viver uma espécie de ínterim, sem o Espírito Santo. Viver sem o Espírito Santo é viver sem Deus.
Jesus nos ensina (João 16.8-11) que o Parácleto nos mostra o plano de Deus para nós, convencendo-nos do nosso pecado. Sem Ele, a graça é incompreensível. Sem Ele, não somos convencidos do nosso pecado.
O Parácleto nos dá força para viver, já que vive conosco e habita em nós, segundo o ensino de Jesus (João 14.17).
Conforme o ensino apostólico (Romanos 8.26), o Parácleto nos ajuda em nossas fraquezas, ensinando-nos, inclusive, a orar, já que, por nós mesmos, não temos competência nem para pedir.

HABITADOS?
Uma pergunta se impõe: como podemos saber se o Espírito Santo habita, de fato, em nós.
A Bíblia, livro de prática excelente, nos mostra quatro critérios.
O primeiro é pensar segundo o Espírito Santo (João 16.8-11). A alternativa, triste, é pensar pos nós mesmos, que é, na verdade, pensar segundo o nosso século.
O segundo é desejar o que o Espírito Santo deseja (Romanos 8.5b). Nosso anseio mais profundo (aquele secreto que só nós conhecemos) é inspirado pelo Espírito Santo? — Esta éa pergunta que não pode calar.
O terceiro é ser dominado pelo Espírito Santo (Romanos 8.9). Nosso temperamento tem toda a liberdade para se expressar ou nós o temos submetido ao controle do Espírito Santo?
O quarto é falar e viver a verdade (João 14.26; 16.13b). Num mundo em que mentira é um valor, um cristão cheio do Espírito Santo tem seu prazer numa vida pautada pela verdade.

O QUE ME CABE
Diante do Espírito Santo e para que a nossa vida seja vivida longe dEle, o que nos cabe fazer?
Respondamos na primeira pessoa, por permitir mais precisão.

1. Para que eu seja cheio do Espírito Santo, preciso me deixar ser convencido do meu pecado pelo Espírito Santo (João 16.8-10).
Este é o primeiro passado. Se não for convencido do meu pecado original (de rebeldia contra Deus), não reconhecerei que precisão ser redimidos e não serei redimido. Se não for convencido do meu pecado atual, continuaremos tendo prazer no pecado. Se o Espírito Santo me convencer do meu pecado, serei salvo e serei lançado no caminho da santidade, esta estrada que torna cada vez mais parecido, à medida que vou sendo atraído para Deus.

2. Preciso desejar ser cheio do Espírito Santo (Efesios 5.18).
O copo da minha precisa estar cheio de água pura. Quanto mais liberdade tiver o Espírito Santo dentro do meu coração, mais feliz serei. Quanto mais cheio, mais o fruto do Espírito fluirá da minha vida. Quanto mais cheio do Espírito Santo, mais poder terá o Espírito Santo sobre a minha vida.

3. Preciso permitir que o Espírito Santo habite em mim (Romanos 8.9,11).
A habitação do Espírito Santo em mim não é compulsória. Escolho ser habitado. Escolho não ser habitado pelo Espírito Santo, que não usa pé-de-cabra para forçar a entrada no meu coração. Ele é suave. Posso extingui-lo  (1Tessalonicenses 5.19), e Ele se ausenta entristecido.

4. Preciso convidar o Espírito Santo para me conduzir. Tenho falado de autonomia e heteronomia como possibilidades e afirmado uma terceira via: a teonomia. Entregar as rédeas (sic!) de minha vida ao Espírito Santo é um atentado contra a minha autonomia, que, na verdade, não existe, porque sempre penso o que pensam ao meu redor. Jesus abriu mão de sua divindade para nos salvar. Precisamos abrir mão de nossa humanidade para que o Espírito Santo possa nos conduzir no caminho iluminado pelo Pai e que nos leva ao melhor dos lugares: a Ele mesmo.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO