A PERGUNTA
Sempre que passo por um indigente, seja criança, velho, moço, vem à minha cabeça o que faria Jesus naquele momento. Minha vontade é parar, perguntar o que levou a pessoa àquela situação. Se criança, minha vontade é pegar pela mão, levar pra casa, dar banho, dar comida, enfim é isso que eu penso. Mas a verdade é que eu só penso, pois imagino o que Jesus faria, mas eu não posso parar, pois a maioria das vezes eles estão completamente embriagados ou drogados. Muitas vezes dou dinheiro, pois meu coração fica apertado de passar e nada fazer. Também não posso pegar todas as crianças abandonadas e levar pra casa. Tento na verdade amenizar minha consciência, pensando que como igreja eu já ajudo de alguma forma. Estou agindo corretamente?
UMA RESPOSTA
Os dramas dos miseráveis que circulam entre nós sem dúvida alguma nos trazem muitas dificuldades. Uma delas é não nos importarmos mais. Talvez os dois insensíveis da parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37) já estavam cansados de ver mendigos nas ruas e tomaram o caminho da indiferença. Não podemos perder nossa capacidade de nos entristece e nos indignar. Devemos ficar tristes quando vemos um semelhante nosso, por razões que não sabe(re)mos, morando na rua. Devemos ficar indignados com o descaso em que a justiça é administrada em nosso país e com o baixo (ou nenhum) interesse na solução dos problemas. Devemos ficar indignados com aqueles que exploram os mendigos. Os moradores de rua têm problemas de toda ordem, inclusive emocionais, que os levam a se verem como irrecuperáveis, tanto o abandono, tanta a sua dor.
Além de tristeza e indignação, devemos agir de modo concreto, cobrando do poder público ações efetivas, no curso, no médio e no longo prazo. Devemos nos envolver em organizações não-governamentais, no âmbito das igrejas e fora delas, que desenvolvam programas responsáveis para minorar a dor ou recuperar plenamente essas pessoas. Alguns nada fazem por achar que estão sendo assistencialistas. E o que fazem? Alguns não fazem nada.
De fato, a situação é muito complexa. Não podemos ser ingênuos, nem indiferentes, nem cruéis.