Até um racista pode mudar (ilustração)

Até um racista pode mudar
Numa entrevista, para lançar seu documentário sobre Abraham Lincoln (“Looking for Lincoln” [À Procura de Lincoln]), o hostoriador Henry Louis Gates Jr., da Universidade Harvard, disse:

Lincoln era racista quando mais jovem, antes de se tornar presidente. Disse que era contra os casamentos birraciais, que os negros não deveriam ter o direito de entrar em brigas, não deveriam ter o direito de participar de um júri e não deveriam poder votar. Mas ele mudou durante a Guerra Civil. Ele precisava de mais tropas para vencer o conflito. A única alternativa era libertar os escravos. Lincoln os incluiu na guerra e depois disso sempre se referia a eles como “meus 200 mil guerreiros negros”. Ficou convencido que foram esses negros que deram a vitória ao Norte.
Outra coisa que fez com que ele mudasse seu jeito de pensar foi conhecer [o abolicionista] Frederick Douglass, o negro mais inteligente que ele já conhecera. Até então, Lincoln não conhecia nenhum negro que tivesse sido tratado como um igual, só os que trabalhavam como serviçais. Ele era um racista reformado, como um alcoólatra que mantém seu vício sob controle.
Em seu ultimo discurso na Casa Branca, disse que queria dar aos 200 mil guerreiros negros o direito ao voto. E adivinhe quem estava entre as pessoas ouvindo o discurso? John Wilkes Booth, que, quando ouviu isso, pensou:
— Isso quer dizer que os negros serão cidadãos, e isso eu não vou permitir.
Três dias depois, matou Lincoln. Ou seja, no final o presidente deu a sua vida pela defesa do direito dos negros.

(LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA)

Diante dos fatos, Lincoln mudou o seu pensamento, contra toda a cultura de sua vida e do seu ambiente. O historiador só viu a motivação política de Lincoln, sem perceber outras variáveis, inclusive a sua fé, para a mudança. Assim mesmo, a conclusão, lógica, é que até um racista pode mudar.
Se um racista pode deixar de ser racista, um viciado também pode deixar de ser viciado, uma pessoa marcada por um trauma pode se ver livre dele.