Evolução? (Adalberto Alves de Sousa)

               EVOLUÇÃO? 
Por Adalberto Alves de Sousa.
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“Anelo por tua salvação, ó Senhor, a tua lei é o meu prazer” (Sl 119.174).

          A língua é uma instituição viva, que está sempre evoluindo, num processo de constante atualização. Assim sendo, palavras ganham e perdem status, e isso pode ser facilmente notado quando deslocamos nossa observação tanto no tempo quanto no espaço.
          No versículo que estou destacando hoje encontramos o verbo anelar (desejar ardentemente, ansiar, almejar), que está caindo em desuso. Esse verbo encontra-se também no hino 487 do Cantor Cristão: “Anelo por Cristo, meu Rei Salvador”. Dificilmente conseguiríamos sintetizar com tanta precisão essa expressão do poeta, usando um outro verbo. 
         Se, por um lado, anelar está perdendo status como verbo, como adjetivo, está ganhando. O nome do dedo que temos entre o mínimo e o médio é anular. Anelar é forma paralela desse nome. Só que a forma paralela é que está se firmando no uso do dia-a-dia. Por falar em dedos, os outros são o indicador e o polegar.
          É interessante observar que o mesmo processo que vemos em relação ao vocabulário pode ser notado também em relação às formas verbais. É muito clara a tendência atual, principalmente entre os jovens, de se restringir drasticamente o uso futuro do indicativo em determinadas circunstâncias. É raro um jovem, ao dirigir um culto, por exemplo, dizer: “Agora cantaremos o cântico nº 4”. Ele dirá: “Agora nós vamos estar cantando o cântico nº 4”. E sem a menor cerimônia repetirá tantas vezes quantas forem necessárias “vamos estar”, acrescentando o gerúndio do verbo principal: “nos levantando, cantando, repetindo, repetindo, orando, nos cumprimentando, nos assentando” etc. Será esse um processo natural da língua ou se trata de um problema causado pela falta de leitura, principalmente de bons autores, entre nós? Se o leitor achar algum exagero nessas observações é porque não tem andado ultimamente pelo Sudeste e adjacências.                        
          A receita é a leitura. É ela que nos mostra aquilo que o uso realmente consagrou.