Onde estão os dinossauros na Bíblia?

A PERGUNTA
Meu filho de sete anos freqüenta a escolinha bíblica neste mesmo tempo. Entre suas atividades da semana, ele tinha que ler Gênesis 1. Deparando-se com a criação dos animais seguida da criação do homem, ele me questionou sobre onde estavam os dinossauros, uma vez que ele sempre ouviu que o homem não viveu junto com os dinossauros.
Confesso que fiquei sem resposta. Pesquisando em sites bíblicos na internet sobre os dinossauros, achei duas correntes teóricas: uma afirmando que os dinossauros conviveram com os seres humanos, citados na Bíblia como bestas-feras, o que me gerou confusão devido aos achados arqueológicos de fósseis de dinossauros datados de épocas bem mais distantes do que do homem (coisa de milhões de anos); outra afirmando a existência de uma terra em Gênesis 1:1 diferente da terra de Gênesis 1:2, que, mais uma vez confesso, foi a teoria que me confortou mais. Contudo, não me sinto a vontade em me basear em fundamentações teóricas errôneas. Por isso escrevo pedindo uma luz sobre esse assunto.

UMA RESPOSTA
Selecionei uma resposta formulada pelo teólogo Luiz Alberto Sayão. Ao final, faço meu comentário.

A dúvida fundamenta-se no fato de que a Bíblia não se refere especificamente àqueles animais, que teriam vivido muitos milhões de anos atrás. Afinal, devemos ou não acreditar naquilo que aparece como científico no ambiente secular?
Para a surpresa de muitos, podemos afirmar categoricamente que a existência dos dinossauros não representa problema para quem é cristão e crê na Bíblia. Ao contrário, existem textos da Escritura que podem, sim, ter sido escritos em referência a eles.
Pela perspectiva da ciência apresentada em nossos currículos escolares, os dinossauros foram répteis, muitos deles enormes, que viveram na Terra em um passado remoto. A maioria dos cientistas parece concordar com tese de que eles desapareceram há cerca de 60 milhões de anos, restando apenas fósseis como prova de sua existência.
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que é bastante razoável admitir uma idade bem antiga para o nosso planeta. O texto da criação, em Gênesis 1, não deve ser interpretado literalmente. O foco do texto é literário, e os dias da Criação não podem ser avaliados mediante nossos parâmetros. Uma Terra muito antiga não contradiz as Escrituras; portanto, a criação dos animais parece ter ocorrido muito tempo atrás — bem mais que os seis mil anos propostos por determinadas correntes teológicas.
A grande dificuldade, e aparentemente a única realmente séria, é a suposta impossibilidade da convivência entre seres humanos e dinossauros. Se os grandes répteis desapareceram há tanto tempo, como é possível que o homem os tenha conhecido? Aliás, será por isso que a Bíblia não os menciona? Talvez a resposta para tais questões não sejam tão difíceis. Surpreendentemente, muitas histórias e lendas de diversos povos mencionam animais e monstros impressionantes. Quase todas as civilizações antigas fizeram referência a bichos descomunais. Mitos como o do dragão são quase que universais. Por que será? Seria apenas imaginação, ou teriam estes povos tido contato com seres enormes, hoje extintos, e feito descrições imaginativas a seu respeito?
Os antigos vikings, por exemplo, mencionavam monstros marinhos como o hafgufa e o lyngbakr, que posteriormente foram chamados de kraken. A princípio, muitos pensaram que tudo não passava de crendice daquele povo marítimo, ancestral dos escandinavos — mas a descoberta recente, nas profundezas abissais, de polvos e lulas gigantes mostrou que tais referências míticas tinham sua fundamentação na realidade.
As Escrituras Sagradas também mencionam animais enormes que algumas traduções tentaram comparar a crocodilos e hipopótamos. Mas a sugestão dos tradutores não subsiste ao exame do texto. De fato, o Antigo Testamento menciona criaturas como Raabe (Sl 87.4; 89.10; Is 51.9), Tanin (Jó 7.12 ; Sl 74.13; 148.7; Is 27.1; Is 51.9; Ez 29.3; 32.2), Beemote (Jó 40.15) e Leviatã (Jó 3.8; 41.1; Sl 74.14; 104.26 e Is 27.1). A descrição desses animais surpreende, pois em nada lembra criaturas conhecidos. O Leviatã, citado em Jó 41.7-33, por exemplo, lembra mais um dragão: “Você consegue encher de arpões o seu couro, e de lanças de pesca a sua cabeça? (…) Esperar vencê-lo é ilusão; apenas vê-lo já é assustador. Não deixarei de falar de seus membros, de sua força e de seu porte gracioso (…) Quem se aproximaria dele com uma rédea? Quem ousa abrir as portas de sua boca, cercada com seus dentes temíveis? Possuem fileiras de escudos firmemente unidos; cada um está tão junto do outro que nem o ar passa entre eles; seu forte sopro atira lampejos de luz (…) Seu peito é duro como pedra, rijo como a pedra inferior do moinho. Quando ele se ergue, os poderosos se apavoram; fogem com medo dos seus golpes (…) Seu ventre é como caco denteado, e deixa rastro na lama como o trilho de debulhar. Ele faz as profundezas se agitarem como caldeirão fervente, e revolve o mar como pote de ungüento.”
Já o Beemote é descrito no mesmo livro de modo semelhante à imagem que se faz hoje dos dinossauros: “Ele come capim como o boi. Que força ele tem em seus lombos! Que poder nos músculos do seu ventre! Sua cauda balança como o cedro; seus ossos são como canos de bronze, e seus membros são varas de ferro (…) Quando o rio se enfurece, ele não se abala; mesmo que o Jordão encrespe as ondas contra a sua boca, ele se mantém calmo. Poderá alguém capturá-lo pelos olhos, ou prendê-lo em armadilha e enganchá-lo pelo nariz?” (Jó 40.15-24).
O Leviatã e o Beemote merecem maior atenção pela sua descrição detalhada, mas ainda vale lembrar de Raabe, traduzida por monstro dos mares (Salmo 89.10 e Isaías 51.9), que simboliza o poder do Egito (Salmo 87.4 e Ezequiel 29.3). Já Tanin, quando o termo se refere a um grande animal aquático, o sentido é de um monstro das profundezas (Jó 7.12), serpente das águas (Salmos 74.13; Isaías 27.1), serpente marinha (Salmo 148.7).
Quando os estudiosos se deparam com esses textos, a atitude deles varia. Alguns sugerem que tudo não passa de pura mitologia dos judeus do passado. Outros tentam relacionar as descrições com animais conhecidos hoje, ou que tais relatos são meramente poéticos. Mas outra possibilidade é de que os autores bíblicos, de fato, conheceram animais enormes, possíveis remanescentes de grandes dinossauros, e deixaram escritas suas impressões sobre os mesmos.
Vale ressaltar que “monstros” como esses ainda existem, mesmo que nem todos sejam parentes dos dinossauros; logo, é bem possível que existissem muito mais em tempos antigos. Nos dias de hoje, temos espécies como as serpentes sucuri e píton, que atingem mais de 10 metros de comprimento, e lulas gigantes maiores ainda. Entre os répteis quadrúpedes, o crocodilo do Nilo, que ultrapassa os sete metros,e o dragão de Komodo, que chega a quatro, são praticamente dinossauros vivos. O maior animal dos dias de hoje, a baleia azul, ultrapassa os 30 metros de comprimento e pode pesar 150 toneladas, dimensões semelhantes à de um brontossauro, espécie extinta de dinossauro da qual só restaram alguns ossos petrificados. Além disso, mistérios e lendas sobre possíveis animais gigantescos são muito comuns. Vale lembrar o chamado monstro de Loch Ness, que viveria na Escócia.
As referências bíblicas, associadas ao fato de que quase todos os povos antigos deixaram como legado escritos e objetos de arte mostrando criaturas gigantes — que bem poderiam ser dinossauros mencionados pela ciência moderna, como o diplodocus, o tricerátops, o pterodáctilo ou o mais famoso deles, tiranossauro rex, astro de diversos filmes sobre a Pré-História -, sugerem que pelo menos algumas espécies desses répteis tenham vivido em tempos mais recentes e contemporâneos ao homem. Alguns chegaram a identificar o Beemote com o braquiossauro e o Leviatã com o cronossauro.
Ainda que a questão ainda esteja longe de ser resolvida, é preciso ressaltar que não há qualquer incoerência e contradição em crer na Bíblia e admitir a existência dos dinossauros. É possível até mesmo que os autores bíblicos tenham tido algum contato com espécimes remanescentes.

MEU COMENTÁRIO — Não devemos ter medo das ciências. Não devemos inocular em nossos jovens esta polarização “Bíblia ou ciência”. Ambas tratam de áreas diferentes da vida. Quem crê na Palavra de Deus precisa examinar as informações que vêm das várias ciências, com respeito e crítica. As ciências estão sempre a caminho, mudando sempre; é da sua natureza. Elas não devem afirmar ou negar a Bíblia, cuja veracidade não depende delas. Quem crê na Bíblia não precisa evitar os fatos, afirmando, por exemplo, que a terra tem 4 mil ou 6 mil anos. Tem muito mais e é tarefa das ciências contar esses anos (milênios). Floi lendo aBíblia como um livro de ciência que a Igreja Católica Romana condenou equivocadamente Galileu por ensinar que a terra não era o centro do universo. A Bíblia não diz isto, porque a Bíblia NÃO é um livro de CIÊNCIA. É um livro de VIDA. Não vamos misturar as coisas. Não vamos confundir a cabeça de nossas crianças. Que dificuldade há em afirmar que, quando os dinossauros existiram, o homem ainda não existia?  A narrativa de  Gênesis não deixa claro que os animais (irracionais) foram criados ANTES do ser humano?


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