Mudanças Opcionais (Adalberto Alves de Sousa)

      Mudanças Opcionais
Por Adalberto Alves de Sousa
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Hoje vou destacar algumas das mudanças (felizmente opcionais!) introduzidas na nossa ortografia pelo novo Acordo Ortográfico.
Há verbos que conservam a mesma forma para tempos diferentes na 1ª pessoa do plural (nós). Veja o verbo “cantar”: “nós CANTAMOS” (presente do indicativo); “nós CANTAMOS” (pretérito perfeito do indicativo). Pois bem, o Acordo criou uma distinção para a forma do pretérito perfeito: “nós CANTÁMOS”. Na frase, pode ficar assim: “No passado nós CANTÁMOS; hoje não CANTAMOS mais”. Observe agora o verbo “dar”: “nós DEMOS” (pretérito perfeito do indicativo); “que eu dê… que nós DEMOS” (presente do subjuntivo). Para esta forma o Acordo criou “que nós DÊMOS”. Na frase: “Convém que DÊMOS hoje ao assunto a importância que não DEMOS ontem”.
Preste atenção agora ao outro aspecto da ortografia que o Acordo padronizou: “Pode cindir-se [dividir-se] por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva é forma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de maiúscula: d’Ele,  n’Ele,  d’Aquele,  n’Aquele,  d’O,  n’O,  pel’O,  m’O,  t’O,  lh’O,  casos em que a segunda parte, forma masculina,  é aplicável a Deus, a Jesus etc.; d’Ela, n’Ela, d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A, casos em que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à Providência etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira” (Base XVIII).
Na minha opinião, de preferência tais destaques só devem ser usados para evitar ambiguidades. Quando num texto há dois antecedentes e um deles é “Jesus”, por exemplo, “d’Ele” pode ser usado para se referir a “Jesus” e “dele”, para se referir ao outro. Mas se o único antecedente é “Jesus”, nada nos impede de usar “dele”. De agora em diante, os adeptos desse procedimento deverão pautar-se pelo que está previsto no Acordo, aposentando formas como “Dele”, “dEle” e outras variações que temos visto com frequência. Mas, preste atenção, tudo isso é opcional.