Mateus 3.1-7 — A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA

COMENTÁRIO BÍBLICO DEVOCIONAL

Por ALMIR DOS SANTOS GONÇALVES JR

Mateus 3.1-7 — A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA

Mateus, como os demais evangelistas, silencia sobre o intervalo de vida do
Senhor Jesus, compreendido entre sua infância até aos 30 anos. A não ser
Lucas, que narra o episódio da ida ao templo com seus pais, aos 12 anos de
idade, numa das festas dos judeus, nada mais sabemos sobre o que decorreu
em todo este tempo, de pelo menos 18 anos. Podemos supor que, sendo ele,
Jesus, ser humano, mas também divino, como o vemos declarar no encontro
que teve com os doutores no templo, esse tempo foi todo de preparo íntimo e
pessoal dele para a obra que estaria por realizar e que iniciaria no momento
aprazado pelo Senhor Deus desde o princípio do mundo.

Este tempo completou-se com a chegada de João, primo de Jesus, pouco
mais velho do que ele, sendo então o precursor, o porta-voz, o anunciador das
boas-novas para o mundo. Enquanto de Cristo nada se sabe nesse tempo de
sua infância e juventude, de João também pouco se sabe, a não ser aquilo que
os estudiosos deduzem de sua pregação. Ele deve ter passado boa parte de sua
vida entre os essênios, grupo asceta e tradicionalista do judaismo, que, não
contente com os desvios que percebia na religião oficial presente no templo em
Jerusalém, teria saído da cidade e, indo para a região ao sul da capital da
província, junto ao Mar Morto, o chamado deserto da Judéia, ali se radicara,
acolhendo muitos simpatizantes. Pregavam a mudança de vida, o afastamento
das coisas materiais, a santidade no procedimento, tendo o batismo dos novos
acólitos como a evidência da conversão. Nessa região, identificada hoje como
a de Qunram, é que foram descobertos os célebres “manuscritos do Mar Morto”,
relíquias deixadas pelos essênios em esconderijos nas cavernas da região. A
finalidade disto era para preservar os textos sagrados da fúria romana, que nos
anos 70, depois de destruir Jerusalém, chega a Masada, bem próximo dali,
para destroçar o último reduto dos rebeldes judeus. É dali que:

“Naqueles dias apareceu João, o Batista,
pregando no deserto da Judéia.”
Mt 3.1

Interessante que ele foi pregar no deserto. Não foi para a cidade ao encontro
das pessoas. As pessoas é que iam ao deserto ouvi-lo. O poder de sua palavra
e a unção com que falava vai abrir o caminho para Cristo.

Senhor,
que eu tenha o que dizer
aos que estão ao meu redor.
Que o meu testemunho atraia os
meus amigos para Cristo.