PARA FORA DA MARGEM DA VIDA
Marcos 10.46-52 (NVI)
Podemos, deste texto, sublinhar o que Jesus é capaz de fazer por nós.
Podemos, deste texto, comentar as atitudes dos discípulos de Jesus para com um cego à beira do caminho.
Podemos, deste texto, destacar as atitudes deste cego, posto e tirado da beira do caminho. E é o que nós o faremos.
Ainda hoje há pessoas á beira do caminho.
Mas também há pessoas que saíram da margem da vida por não se conformarem com sua vida à beira das possibilidades.
A decisão deste cego, chamado Bartimeu, de não se conformar com sua vida à margem, é um convite para cada um de nós.
A partir desta decisão, ele tomou várias atitudes que nos inspiram a pular também para fora da margem da vida.
1. Bartimeu lutou com suas armas para sobreviver.
Bartimeu é o protótipo de todos aqueles que lutam para sobreviver. No seu caso, sua arma era a mendicância. Ele pedia esmola à beira do caminho, na entrada/saída da cidade de Jericó. Era o recurso que tinha naquele momento.
Bartimeu, um cego, é o protótipo daqueles que sofrem algum grau de deficiência, física ou mental. No Brasil, há 25 milhões de deficientes. A maioria está à margem da vida. No entanto, há muitos que conseguem ser vencedores, mesmo com esta adversidade. Muitos tendo uma oportunidade, como Bartimeu, não se conformaram com sua condição e buscaram superá-la, mesmo em meio a muitos obstáculos.
Jesus busca pessoas assim, para pegar em suas mãos e lançá-las a um novo modo de viver.
Jesus busca também aquelas pessoas que, não tendo qualquer tipo de deficiência, física ou mental, estão à margem da vida. Por diferentes razões, estão alquebradas, cansadas, desanimadas. Jesus lhe oferece sua mão para fazê-las viver de novo.
Jesus busca também aquelas pessoas que não têm deficiência alguma e nem se sentem alquebradas, mas que anda se perguntam porque estão no mundo e para onde vão ao final desta vida, para lhes dar um sentido e uma esperança.
2. Bartimeu prestou atenção à oportunidade.
Jesus sempre aparece, porque Ele veio buscar todos os que estão distantes de Deus para os religar ao Pai.
Ele apareceu em Jericó. Ele aparece onde estamos. Ele apareceu a Bartimeu. Ele nos aparece.
Ele vem em silêncio ou pode vir acompanhando de uma multidão barulhenta. Ele é sempre criativo e está sempre buscando formas para nos surpreender. Para Bartimeu, que já ouvira falar de Jesus, ter um encontro com Ele era um sonho irrealizável. Mas Jesus apareceu.
E Bartimeu ouviu o barulho. Se havia alguém que poderia tirá-lo daquela condição era Jesus. Ele ficara sabendo de muitas pessoas que ficaram curadas. Por que não ele também?
Quando ele soube que era Jesus, seu coração começou a se agitar. Chegou minha hora, deve ter gritado em silêncio.
Seus ouvidos estavam atentos. Seus ouvidos não estavam concentrados em escutar seus próprios lamentos. Seus ouvidos estavam colados na realidade fora de si mesmo. Ele não podia ver as coisas, mas podia captar os sons das coisas. Sua limitação o incapacitava para ver, não para viver.
Ele estava pronto para viver. Por isto, prestava atenção à oportunidade, mínima que fosse, e ele chegou.
Certamente havia outros cegos em Jericó. Os Evangelhos falam de dois deles (Mateus 20.30), que também foram curadas em outra passagem por Jesus. Foram cegos que também estavam atentos à oportunidade. Por isto, deixaram de ser cegos, como Bartimeu.
Não há, infelizmente, oportunidade para todos, mas também infelizmente nem todos aproveitam as oportunidades que surgem. Feliz é quem presta atenção. Feliz é quem ouve.
Aqui há pessoas que precisam de salvação e há uma palavra de salvação. Quem prestará atenção?
3. Bartimeu gritou por Jesus.
Jesus ouviu o grito do desconhecido à beira do caminho.
Bartimeu fez o pedido certo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”
Bartimeu percebeu a sua condição e não a mascarou. Bartimeu sabia que precisava da misericórdia de Jesus e a pediu.
Todos precisamos da misericórdia de Jesus. Que podemos gritar, senão: “Jesus, tem misericórdia de mim?”
Bartimeu era cego, mas tinha boca e ele a abriu para pedir o que precisava: misericórdia.
Precisamos da disposição de Bartimeu, que veio por saber quem ele era (alguém que precisava de Jesus) e quem era Jesus (aquele que é o Senhor da graça).
Quantos precisam e sofrem calados! Bartimeu precisava e soltou o verbo.
Quantos precisam e vão atrás de tantas coisas. Há pessoas que vão atrás de drogas ilícitas, para preencherem seus vazios, quando podem ir a Jesus. Há pessoas que vão atrás de dinheiro, quando podem ir a Jesus. Há pessoas que vão atrás de sexo sem amor, quando podem ir a Jesus. Há pessoas que vão atrás de ideologias, quando podem ir a Jesus. Há pessoas que vão atrás da diversão ilimitada, quando podem ir a Jesus. Só Jesus preenche o vazio que há em nós.
Bartimeu estava com sede de viver e foi a Jesus.
Ele gritou por Jesus e Jesus o ouviu.
Até hoje Jesus nos ouve. Não importa que estejamos à beira da vida, Ele vai nos tirar e nos colocar no centro.
4. Bartimeu foi até Jesus, quando a oportunidade surgiu.
Jesus nos responde, chamando-nos para a graça.
Uma amiga pensa na graça como se fosse um banquete de docinhos gostosos. Escreveu-me ela: “Fiquei pensando na graça. Fiquei pensando no grande amor de Deus por nós. Em suas manifestações diárias, nas suas mil formas de nos presentear. Seu amor é enorme.Ele é o extraordinário, o além do necessário. Seu amor é como um banquete de doces, lindos, coloridos, perfumados, nunca antes vistos ou experimentados. E Ele nos convida a provar. Estão todos ali, à nossa vista, aos nossos olhos, à nossa mão… E, quando provamos, vemos o quanto é bom e que existem outros e outros… Então, provamos mais para saber se este é melhor que o primeiro, mas não conseguimos distinguir, pois não existe o melhor. Todos o são únicos, de cuja espécie não existe outro. Únicos, a que nada é comparável.
A graça de Deus é como um doce pensado, feito exclusivamente para cada um de nós. São milhares de doces. Só se sabe como é bom quando se experimenta.
A graça é uma prescrição deliciosa, uma dieta de felicidade, sem contra-indicação”. (Ana Cristina Peixoto Natividade)
Para minha amiga, graça é um banquete de doces.
Para Bartimeu, graça era a visão recuperada.
E para você?
Jesus quer lhe dar aquilo que você precisa.
Ele está passando e chamando para a sua graça.
Bartimeu recebeu a graça porque foi a Jesus;
E você: por que não vem para Jesus agora?
5. Bartimeu respondeu à pergunta de Jesus.
Jesus gostou do pedido de Bartimeu (“Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”). Em lugar de responder com um ponto de exclamação, Jesus optou por um ponto de interrogação: “O que você quer que eu lhe faça?”
Jesus ainda hoje nos faz esta pergunta.
Que estamos respondendo?
“Ah, Senhor, vou ver e depois lhe digo”.
“Não sei, Senhor!”
Bartimeu respondeu ainda mais forte, gritando, para não ter sua voz abafada pela multidão: “Eu quer ver!”
Bartimeu não se entregou a uma autoestima baixa. Bartimeu não se escondeu atrás de sua deficiência. Se o Mestre o chamava, era porque o Mestre se importava com Ele, era porque o Mestre se interessava por suas necessidades, era porque o Mestre o amava.
Bartimeu sabia o que queria. Sua resposta estava guardada na garganta há anos. A resposta estava pronta. Só faltava a pergunta, a pergunta que Jesus fez:“O que você quer que eu lhe faça?”
Jesus estava com a sua resposta pronta; só faltava o pedido, o pedido que Bartimeu fez. E a resposta de Jesus foi: “Vá; a sua fé o curou”. Complementa o Evangelho: “Imediatamente ele recuperou a visão”.
Jesus está com a resposta pronta para você. Ele quer lhe dar a salvação, por meio da graça. Você só precisa dizer que quer a salvação. Seu desejo tem um nome: fé.
Você, se já é salvo, só precisa dizer que quer de volta a alegria da sua salvação.
Você, que está enfrentando alguma dificuldade, só precisa dizer a Jesus o que quer que Ele lhe faça.
6. Bartimeu seguiu a Jesus.
A história de Bartimeu termina de um modo apoteótico: ele se tornou um companheiro de Jesus.
Aquele homem tinha uma vaga idéia acerca de Jesus. Agora tinha uma visão profunda de quem era Jesus.
Aquele homem vivia parado à margem do caminho. Agora era alguém que seguia a Jesus pela vida afora. Não mais esperava que as coisas viessem ao seu encontro; agora, livre da cegueira, era livre para seguir a Jesus, sem que ninguém lhe pegasse pela mão.
Seu caminho era estático; agora, era dinâmico.
Antes dependia dos parentes e amigos, para ser levado ao seu ponto de esmola. Agora só dependia de Jesus.
Antes seguia quem o levasse para a beira do caminho. Agora, seguia a Jesus, não para o ponto de esmola, mas para a plenitude da vida.
Ainda hoje Jesus busca seguidores (discípulos) a quem possa fazer companhia.