INTRODUÇÃO A 2CORÍNTIOS
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A epístola de 2 Coríntios pode ser resumida como um texto por meio do qual o apóstolo Paulo pretende defender a sua autoridade apostólica diante da comunidade de Corinto. É justamente nesta apologia da autoridade apostólica de Paulo que está a singularidade deste texto, pois na mesma é possível perceber um pouco da personalidade do apóstolo e do entendimento que o mesmo tem de seu ministério.
II A Coleta para Jerusalém (8.1 – 9.15)
III A defesa do ministério apostólico de Paulo (10.1 – 13.14)
“E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12.7-10).
O texto acima é um dos mais polêmicos desta epístola. Entretanto, também é um dos mais ricos. A polêmica que envolve o mesmo está justamente em tentar desvendar o que é o espinho da carne que Paulo cita. As hipóteses são inúmeras, mas não vem ao caso citá-las aqui, pois na verdade não é o espinho em si que é o importante, mas sim a ação do mesmo na vida do apóstolo.
A primeira coisa que é possível perceber sobre o espinho da carne é que ele é um incômodo para Paulo. Entretanto, ao mesmo tempo o autor também destaca a importância desta dificuldade em sua vida. Segundo ele, este elemento tem valor por não deixar que ele passe a se perceber como um indivíduo que é auto-suficiente. Porém, o mesmo faz com que ele sempre tenha que se lembrar que depende da graça de Deus para viver.
A dificuldade deste texto não está especificamente na interpretação do mesmo, mas sim na realização (aplicação) do mesmo na época atual, em uma sociedade na qual as pessoas são estimuladas a serem agentes que buscam a auto-realização em seus atos. Ao lermos esta passagem somos desafiados a viver na contra-corrente desta ideologia, somos desafiados a nos vermos como indivíduos que necessitam da graça do Senhor para viver a cada dia.
Apenas o necessitado é que pode dar o próximo passo nesta caminhada, que é aceitar o propósito completo de Deus em sua vida independente das consequências deste ato. Apenas desta forma é possível fazer como Paulo e sentir “prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo”. Apenas desta forma é possível tomar a cruz de Cristo.
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (2 Coríntios 4.7). Este é um lembrete de que a excelência da existência está não no que é de origem humana, transitório, mas sim no que é eterno, a pessoa do próprio Cristo e a proclamação da sua Palavra.
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos. Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos” (2 Coríntios 4.8-10). Esta é uma passagem de alívio para aqueles que sofrem em nome do Evangelho. Este texto relembra a transitoriedade da vida e de suas dificuldades, além de estimular o cristão a optar pelo “caminho estreito”, aquele por meio do qual o Senhor é honrado.
“Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente. Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4.16-17). Aqui Paulo motiva mais uma vez os cristãos a realizarem sempre a opção que honre a Cristo apesar do preço a ser pago. Em todo o tempo ele estimula seus leitores a manterem seus olhos fixos na glória futura e eterna.
“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Coríntios 5.14-15).
Nesta pequena e simples passagem Paulo faz uma síntese da Missão do servo de Cristo na terra, do compromisso que ele assume ao nascer de novo.
Em primeiro lugar, ele fala do sacrifício de Jesus pelo homem. Por meio deste ato, pontua o autor, os seres humanos têm a possibilidade de alcançarem a vida eterna. Entretanto, este oferecimento de amor também envolve um compromisso, um compromisso do homem para com Deus.
Assim como Jesus deu sua vida pelo ser humano, o homem não pode viver mais apenas para si mesmo. Mas, por amor, deve oferecer sua vida para o Cristo que morreu e ressuscitou.
Toda esta dinâmica é permeada pelo amor de Jesus, amor este que constrange o homem a não viver para si mesmo, mas sim a passar a ser um promotor deste amor na vida de seus semelhantes.
PARA GUARDAR NO CORAÇÃO E MEMORIZAR
“Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus. O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica” (2 Coríntios 3.5-6).
“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2 Coríntios 9.6-7).
“Pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo” (2 Coríntios 10.4-5).
ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: Romanos. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. 2 ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1988.
KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 1982.