Mateus 26.26: DANDO GRAÇAS

DANDO GRAÇAS
Mateus 26.26

(Da série: “À mesa com Jesus”)

“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: ‘Tomem e comam; isto é o meu corpo'”.

Devemos ter em mente que a Ceia de que Jesus participou com seus discípulos era diferente da que ministramos hoje, no seu aspecto material. Ela era, ao mesmo tempo, uma celebração litúrgica e uma refeição comunitária. Hoje distinguimos as duas. Uma é a celebração da Ceia do Senhor, outra é refeição comum, na igreja ou em casa.
Na sua Ceia, durante uma hora crítica, Jesus tomou o pão e deu graças, tomou o vinho e deu graças (Mateus 26.26, Marcos 14.22, Lucas 22.17).

DANDO GRAÇAS PELA COMIDA
Jesus tinha o habito de dar graças às refeições.
Nós o encontramos agradecendo antes das refeições nas duas vezes em que multiplicou os pães e peixes (Mateus 14.19, Mateus 15.36 e João 6.23, entre outras referências).
Há um outro episódio que mostra a prática cristã de agradecer a refeição antes de toma-la (Atos 27.33-36). Viajando de navio, Paulo precisou recomendar aos tripulantes e passageiros que “se alimentassem, dizendo:
— Hoje faz catorze dias que vocês têm estado em vigília constante, sem nada comer. Agora eu os aconselho a comerem algo, pois só assim poderão sobreviver. Nenhum de vocês perderá um fio de cabelo sequer.
Tendo dito isso, tomou pão e deu graças a Deus diante de todos. Então o partiu e começou a comer. Todos se reanimaram e também comeram algo”.
O hábito ganhou a história. Entre os evangélicos brasileiros, tornou-se uma prática distintiva, sobretudo em casa, mas também nas refeições tomadas por evangélicos em outros ambientes.
As práticas nas famílias mudaram e as refeições com toda a família reunida escassearam e junto escassearam as orações de gratidão pelo alimento a ser tomado.
Não sei como é na sua família, mas ouso dizer que na família de Jesus, havia o hábito de se agradecer pela comida a ser ingerida.
Por que Jesus orava antes da refeição?
Jesus orava porque sabia que o seu alimento vinha do Pai. Mesmo que algumas discípulas se cotizassem para alimenta-lo, a Ele e a seus discípulos, Jesus sabia que até este cuidado era uma providência do Pai para Ele.
Jesus orava porque entendia que devia dar graças ao Pai pelo alimento.
Jesus orava porque sabia que o momento da alimentação é um tempo propicio para a reflexão, porque é o tempo em que paramos com o que estamos fazendo. A refeição é um convite à parada, à diminuição do ritmo, à gratidão. Ao nos alimentarmos, sobretudo em grupo, na família ou com amigos, nós nos damos as mãos, mesmo que não nos demos as mãos. A refeição tem, portanto, sua dimensão simbólica que extrapola a satisfação das necessidades básicas. Refeição tem a ver com comunhão, cuidado e carinho.
Era por isto que Jesus orava antes das refeições. Pelas mesmas razões, Paulo deu graças durante aquela viagem de navio.
Quero sugerir então a que cada um de nós ore antes de se alimentar, esteja em casa ou no trabalho.
Dirão: vai ser uma oração repetitiva, sem valor. Não: nossa oração, diariamente feita, não precisa ser repetitiva. Um dia podemos agradecer por quem preparou aquela comida. No outro dia, pelos recursos financeiros que nos permitiram ter o alimento à mesa. No outro dia, por aquele prato que nos dá tanto prazer, olhando para ele. No outro dia, pelo próprio prazer de comer. No outro dia, por estar juntos com pessoas queridas. No outro dia, pela água ou suco ou refrigerante durante a refeição. No outro dia, por termos apetite para comer. São tantos os motivos de gratidão às refeições.
Se você tem feito isto todos os dias, continue. Se fazia e não faz mais, volte a fazer. Se nunca fez, comece a fazer.

DANDO GRAÇAS PELA VIDA DE JESUS
A prática de Jesus também nos convida a, durante a participação na Ceia do Senhor, a darmos graças por sua vinda, vida, morte, ressurreição e volta próxima.
Naquela hora difícil, deu graças. Talvez não sorrisse, mas deu graças.
Recordar a morte de Jesus é algo dramático, mas recordamos uma morte que se completou na ressurreição, ressurreição que se completa na volta de Jesus.
Devemos dar graças a Jesus na hora da Ceia.
Temos motivos para, voltando ao passado, chorar, mas temos motivos para sorrir: Jesus venceu a morte; Jesus levou sobre o seu corpo os nossos pecados, para que ficássemos livros do poder da morte sobre nós.
A Ceia, portanto, é um tempo de dar graças, fazendo como Jesus fez.