Academia da Alma 4 — Disciplina 8: SUPERAÇÃO

Disciplina 8
SUPERAÇÃO
Aqui não é o nosso lugar.

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O DESEJO
Quero ir além.

PARA MEDITAR
1Pedro 1.17-25

PARA MEMORIZAR
"Podemos, pois, dizer com confiança: 'O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?'” (Hebreus 13.6)

PARA PENSAR
"Quem sou eu? Sou uma palavra pronunciada por Deus. Pode Deus falar uma palavra que não tenha sentido?"  (Thomas Merton)

PARA VIGIAR
NÃO acreditarei que não sou capaz de ser vencer porque sei em Quem tenho crido.

PARA ALCANÇAR
Viverei todas as conseqüências de ser amado por Deus, ungido, selado e habitado pelo Seu Espírito.

PEDRO, FINALMENTE COM AS EMOÇÕES NO LUGAR
Nem sempre temos por Pedro a admiração que merece. Ele foi um homem que conheceu a desolação em sua forma completa e se superou.
Seu Mestre disse que ele o negaria três vezes. Ele negou pés juntos que nunca faria uma coisa desta, disposto que estava a morrer por ele. Pois trair foi exatamente o que fez, levando-o em seguida a desabar em lágrimas.
Passadas algumas semanas, o mesmo Mestre o procura na praia e lhe pede para que seja o pastor titular da igreja que nascia. Quando os atônitos irmãos de Jerusalém precisam de um líder, Pedro é o corajoso (diferente do medroso de antes) que enfrenta suas próprias limitações, a perplexidade de seus irmãos, a oposição feroz do "establishment" religioso e a firme incredulidade de uma população, tomando a iniciativa de dizer o que precisa ser dito, para o público interno e para o público externo.
Decorridos alguns anos, Pedro precisa tomar uma decisão. E toma. A igreja de Jerusalém cresceu e transbordou para outras cidades e nações. Pedro tinha uma visão: os não-judeus precisavam se tornar judeus para serem salvos. Com isto, não concordava Paulo, para quem o evangelho não pode fazer tal tipo distinção. O conflito se estabeleceu e Pedro permaneceu tristemente na sua posição.
Não temos os registros diretos, mas novamente Pedro se superou. Somos, no entanto, informados que Pedro viajava levando consigo sua esposa (1Coríntios 9.5), o que pode indicar que ele abriu mão de sua visão judaizadora. A tradição histórica também o diz. Contudo, a maior evidência da superação de Pedro está naquilo que ele mesmo escreveu aos seus leitores, judeus e não-judeus espalhados pelo mundo.
Vejamos como se refere a Paulo com quem altercara anteriormente e tinha tudo para guardar rancor: "Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles" (2Pedro. 3.15).
Sobre si mesmo, ele anota: "Apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada" (1Pedro 5.1).

Estas são palavras de um homem restaurado. Em outros termos, estas são palavras de um homem que se recuperou da tragédia de trair ao seu Senhor, para se tornar um líder da causa deste mesmo Senhor, e se recuperou de uma visão tacanha do mundo e do Evanfelho, de acordo com o seu coração, para uma visão de acordo com o coração de Deus.
Seu exemplo de vida é um convite à vida plena.

SABENDO QUEM SOMOS
Quem somos nós, não segundo nós mesmos, não segundo nossos próximos, mas segundo Aquele que sabe todas as coisas?
Pedro responde: "Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1Pedro 2.9).
Que o pensamento de Thomas Merton nos ajude a entender a Palavra de Deus: "Quem sou eu? Sou uma palavra pronunciada por Deus. Pode Deus falar uma palavra que não tenha sentido?"  (Thomas Merton)
Somos peregrinos fazendo uma jornada (1Pedro 1.17) na boa companhia do Espírito Santo, de nós habitante. Absolutizemos esta certeza, não os percalços. Somos peregrinos, mas peregrinos amados por Deus como somos, não como deveríamos ser.
Tendo Deus sempre diante de nós, nós veremos Quem Ele é e quem nós somos.
Este é o primeiro passo para o triunfo.
Com uma visão assim, somos menos feríveis por aqueles que procuram diminuir o nosso tamanho. Sobretudo, ficamos confiantes para as marchas necessárias.

PROPONDO-NOS ALVOS CLAROS
Peregrinos, precisamos ter bem claro para onde vamos. E nós sabemos para onde vamos, mesmo que gemendo (2Coríntios 5.2). Caminhamos firmes quando sabemos que, "destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus, não construída por mãos humanas" (2Coríntios 5.1). Toda a nossa vida (feita de sorrisos ou gemidos) tem que ser visto sob esta luz.
Descendo um pouco a tela para vermos melhor, precisamos propor onde queremos chegar na jornada terrena, que é a única que podemos definir como será. A outra é alegre mistério.
Esta nos cabe fazer, acertando e errando.
Propor-nos propósitos implica em tomar decisões corajosas. A primeira delas é acreditar que somos vencedores junto com Aquele que nos amou (Romanos 8.37). Com Ele não há situações insuperáveis. Não há traumas invencíveis, nem os da infância, desde que decidamos supera-los. Não há vícios indeixáveis, desde que decidamos abandona-los. A segunda é analisar a situação, para ver como podemos supera-la.
Precisamos de propósitos claros e também de esforço e disciplina. Quando lemos os milagres realizados por Jesus, intrigamo-nos com o fato de que Ele não mostra um padrão em relação ao comportamento daqueles a quem curou? Para uns, pede que saíssem gritando para contar o que lhes sucedera. Para outros pede discrição absoluta. Por que? Por causa dos seus propósitos. Ele mirava a cruz, mas no momento certo, depois de ter abençoado milhares e depois de ter um corpo de discípulos mais maduro, capacitados para tocar a missão depois de sua partida. Quando se tem alvos claros, é preciso cuidado, para que não haja desvio. Como num jogo de xadrez, cada lance de Jesus tinha o Calvário como ponto de chegada. Jesus tinha um alvo claro (redimir o mundo), estratégia (não saiu pelo mundo pregando mas se concentrou numa determinada região) e disciplina (acordava cedo, por exemplo, para orar ou para cumprir a agenda do dia). Ele venceu o mundo agindo assim e nós poderemos vencer as nossas lutas agindo como Jesus.
Sem alvos claros, correndo para todas as direções, inclusive para a direção errada. Sem estratégia, os obstáculos são maiores que as nossas forças. Sem disciplina, não mostramos que o que estamos fazendo é importante para nós.

SENDO REALISTAS, MAS NEM TANTO
Precisamos ser realistas. Realista é aquele que não nega ou mascara a sua realidade.
Pedro negou a Jesus porque não percebeu, realisticamente, que era capaz de negar a Jesus. Se percebesse, tomaria o cuidado necessário.
Há situações com as quais precisamos aprendera conviver. Quando Paulo diz que aprendeu a se contentar com toda e qualquer situação, não nos pede o conformismo, mas indica que devemos ser realistas. No seu caso, ele precisava aprender a conviver com o seu espinho na carne (2Coríntios 12). Precisou entender que as perseguições (com prisões e chibatadas — 2Coríntios 6) eram inerentes à sua missão.
Imaginemos uma pessoa não gosta da sua altura. Não há como muda-la. Ele precisa aprender a conviver com ela. Imaginemos uma pessoa que tem uma doença crônica; depois de fazer o que estiver ao seu alcance para ser curada e não tendo sido, ela precisa aprender a conviver com ela, buscando tirar até mesmo proveito de suas limitações. Imaginemos alguém que tem alguém na família com uma doença degenerativa. Se é possível a cura, ela deve fazer tudo para obtê-la para seu familiar. Não sendo possível, precisa aprender a cuidar e reaprender a viver.
Devemos estar atentos para não aceitar qualquer situação como inalterável. Nosso senso de realidade não pode ser um muro para o sonho. Se não o que fazer, não façamos; se há, façamos.

MIRANDO BONS EXEMPLOS
Devemos observar as pessoas, imitando o que houver de imitável nelas, mas sem nos comparar a elas.
Pedro, perto do fim de sua vida, olha para Paulo, mas não se compara a Paulo. Podemos imaginar que Pedro olhou para Paulo, e viu e reconheceu o seu talento. Não quis imita-lo nisto, tanto que não escreveu tantas cartas. Talvez por ter um grego limitado (ele era um pescador educado em aramaico e não um professor versado em vários idiomas, como Paulo), pediu ajuda a Silvano (1Pedro 5.12), que também cooperou com Paulo (1Tessalonicenses 1.1, 2Tessalonicenses 1.1).
Se olharmos para as nossas vidas, verificaremos que parte daquilo que sabemos fazer aprendemos observando e imitando os outros. Não há problema nisto. O problema é nos compararmos, negando a nossa singularidade e a do outro.

REVISANDO A ROTA
Se temos um propósito e temos uma estratégia, temos feito movimentos em direção à meta.
Podemos, olhando para o que já fizemos, contemplar o que ainda faremos. Agir assim é usar a memória como instrumento de esperança, como lemos: "O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante um pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces" (1Pedro 5.10).
Temos que nos perguntar: o que podemos fazer melhor? Fazendo de qualquer jeito, não alcançaremos nossos alvos, a menos que sejam comezinhos.
Olhando para atrás, podemos agradecer a Deus pelas vitórias já alcançadas. O louvor nos molda.
Nesta revisão, temos que verificar as nossas motivações e as nossa ações, para ver se estão de acordo com a dignidade do Evangelho. Mais que vencedores (Romanos 8.37) não atropelam a ética para vencer. Mais que vencedores não pensam que os fins justificam os meios. Não podemos deixar de revisar nossas vidas para ver se estamos atentos às instruções bíblicas para nós, como esta: "Uma vez que vocês chamam Pai àquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês" (1Pedro 1.17).
Revisamos para, sobretudo, continuar avançando. "Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé" (Hebreus 12.1-2a).

ORANDO E AGINDO PARA CHEGAR LÁ
Nossos dísticos são claros:
Vencemos com propósito e oração.
Triunfamos com oração e esforço.
Chegamos onde queremos com esforço e disciplina.
Como Paulo, precisamos esmurrar os nossos corpos, fazendo deles nossos escravos (1Coríntios 9.27).
"A disciplina é a mãe do sucesso" (Esquilo) e tem a ver com rotinas, que não se contradiz com o espírito empreendedor, porque se complementam (David Ben Gurion). Disciplina é organizar as atividades a serem realizadas, prevendo quando serão executadas. Disciplina é hora para deitar e acordar, trabalhar e brincar, alimentar-se e exercitar-se. Disciplina é estabelecer prioridades relacionadas aos alvos colimados.
Disciplina tem a ver com persistência. Um remédio tem quer tomado durante o tempo prescrito, para fazer efeito. Um tratamento fisioterapêutico demanda uma série de exercícios, alguns dos quais não são visíveis em seus benefícios. Um cuidado psicoterápico percorre caminhos tortuosos e longos, antes de o poder aprender a levantar a sua cabeça e sorrir. A memorização de um texto implica em repetições sucessivas dele até ficar inscrito no disco da memória.
A disciplina aperfeiçoa nosso esforço.
O esforço valoriza a nossa oração.
A oração esclarece o nosso propósito, ao nos permitir pôr o foco no Senhor de nossas vidas.
Vamos começar a restauração de nossas vidas?
Vamos continuar nossa jornada como temor?

UM PROPÓSITO NA DISCIPLINA DA SUPERAÇÃO
(Anote o seu propósito nesta área da sua vida.)

PARA LER
EM QUE SOMOS ESPECIAIS

UMA ORAÇÃO

SUPERAÇÃO

Graças a Deus, fui justificado gratuitamente por Jesus
e posso fazer dEle toda a fonte da minha riqueza
que não se conta em números obtidos com ardileza
e não se sustentam diante do tribunal da divina luz.

Graças a Deus, meu corpo foi reconciliado na cruz
quando o corpo de Jesus conheceu toda a torpeza
para me apresentar, absolvido, naquela beleza
que o Espírito Santo, pela misericórdia, produz.

Graças a Deus, prossigo, sem ainda ter chegado,
trilhando firme o caminho que leva à perfeição,
esquecendo das coisas que  me têm atrapalhado,

e fitando o alvo para mim por Ele colocado,
para receber o prêmio, entregue por sua mão,
destinado a quem não esquece a sua vocação.