ESSE PAPO DE VALORES

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Leio um articulista (Luiz Felipe Pondé) ridicularizando aqueles que acham que, em matéria de valores, o mundo está pior. O que ele admite é que, no passado, faltavam oportunidades.
Diz ele: “se há 500 anos havia ‘valores’ mais válidos é porque simplesmente havia menos opções na vida”.
Concordo com ele.
Colocando nos termos cristãos, o pecado é pecado em todos os tempos. Quem lê a Bíblia vê como eram as coisas na época dos juízes de Israel e sabe como se comportavam as pessoas, sobretudo da elite, ao tempo do apóstolo Paulo.
Leio o mesmo articulista duvidando de que existam valores. Para ele, “a vida cotidiana se dá aos pedaços, aos trancos e barrancos, com fragmentos de consciência e a custa de muito esforço. Ninguém sabe com certeza o que está fazendo, quando está fazendo, em meio a tudo o que faz ao mesmo tempo, o tempo todo”. Como justificativa, cita uma pesquisa recente sobre ética, em que as pessoas se apresentam como cheias de valores.
(“Ninguém corrompe ninguém, ninguém trai ninguém, ninguém mente para ninguém, todo mundo ensina aos filhos o bem”). No entanto, temos este mundo em que vivemos…
Aqui discordo.
Não da pesquisa, que talvez reflita mais o mundo ideal do que o real. Nem do retrato que o autor pinta de nossa época.
Discordo do autor quando diz que “esse papo de ‘valores’ serve para evitarmos falar de coisas mais sérias”.
Pergunto: quais são essas coisas mais sérias que os valores?
É pelos valores que vivemos.
A Bíblia é o livro dos valores, para serem aceitos, desejados e praticados. Mesmo quando falhamos, falhamos porque temos valores. Sem valores, sequer saberíamos que erramos.
Os (dez) mandamentos do Monte (Sinai) e as bem-aventuranças do Monte (das Oliveiras) são resumos das exigências de Deus para nós. São conjuntos de valores atemporais que devem estar presentes como os ideais de nossas vidas, que seriam melhores (as nossas e as dos outros) se atentássemos para eles. São difíceis? São. É por isto que são bons. Precisamos saber o que estamos fazendo e por que estamos fazendo, quando estamos fazendo. Às vezes, o sentido do que fazemos nos escapa, mas mesmo assim, se os valores se tornaram nossos (e não mais apenas de Deus), vamos por algum tempo (mas só por um pouco de tempo) no piloto automático.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO