O NOVO BARTOLOMEU (Amantino Adorno Vassão)

Era um homem simples, mas crente fiel. Convertera-se e sua vida se transformara completamente. Possuía um sítio muito bonito e bem tratado. Daquela terra tirava o pão com que sustentava a família e obtinha os recursos para seu culto por ofertas.
O proprietário das terras vizinhas era rico, mas a cupidez o levou a tentar tomar um pouco das terras daquele homem simples. Mandou fazer uma cerca de arame farpado um pouco além dos limites, fixado em ambas as escrituras. O homem crente andou perguntando para saber o que devia fazer para proteger seus direitos:  quem sabia lhe ensinou. E a cerca apareceu derribada a golpes de machado.
O rico proprietário interpelou o crente sobre o porquê daquilo, como tivera ousadia para tanto. A resposta foi
— O senhor dê graças a Deus que está lidando com o Bartolomeu novo, regenerado pelo sangue de Cristo.
Limitou-se ele a agir dentro da lei.
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Fora o velho Bartolomeu, e o machado não teria parado só na cerca… 

(Extraído de VASSÃO, Amantino Adorno. Esteiras de Luz. Rio de Janeiro: Juerp, 1971.)