Ali estava a mulher sofredora diante do seu confessor. Contou ao sacerdote todos os seus problemas. O pior, porém era o marido, que espancava de manhã, de tarde e de noite. O padre ouviu paciente, depois tomou uma garrafinha cheia dágua, entregou-a à mulher e a advertiu:
― Esta água é santa. Quando seu marido começar a maltratá-la com palavras duras, ofensivas, ásperas, antes de falar ponha um pouquinho desta água na boca. Quando ele silenciar esvazie a boca, mas continue calada.
Uma semana depois a mulher voltou:
― Padre. Vim buscar mais água santa; a que eu levei já acabou. Que maravilha!
E o padre:
― Minha filha! A água não é santa, é da torneira. Só queria que vocês compreendessem que quando um não quer dois não brigam.
(Extraído de VASSÃO, Amantino Adorno. Esteiras de Luz. Rio de Janeiro: Juerp, 1971.)
