Escrevi recentemente duas cronologias de Jesus: uma sobre a sua última semana e outra sobre o seu nascimento.
Não é uma tarefa fácil, em função das muitas possibilidades.
O mais difícil, no entanto, é deparar com autores, respeitáveis autores, que simplesmente dizem que as informações apresentadas por Lucas não são dignas de crédito. Um deles (Geza Vermes) chega a dizer que o médico não investigou cuidadosamente os fatos, como diz no seu prólogo.
Eu fiz uma opção: Lucas (bem como Marcos e Mateus) são dignos de crédito.
Com prazer, então, li um artigo sobre a veracidade dos livros de Lucas e Atos dos Apóstolos. Nele, Randall Niles (ex-cético) lembra que, desde o século 18, os historiadores vêm dizendo que Lucas errou em nomes de pessoas e lugares. Ele recorda que Sir William Ramsay iniciou sua pesquisa para demonstrar que o Novo Testamento foi escrito no terceiro século. Sua conclusão foi decepcionante: "Lucas é um historiador de primeira linha. não apenas suas informações factuais são fidedignas, como ele tem o verdadeiro sentido da histórica. Em resumo, este autor deve ser colocado junto com os grandes historiadores".
Eis uma lista resumida da acurácia lucana:
. Quando anuncia o início do ministério público de Jesus, Mucas menciona cita "Lisânias, tetrarca de Abilene" (Lucas 3.1) Os eruditos questionaram, pois este Lisânias viveu 40 anos antes, até que foi descoberta uma inscrição do tempo de Tibério (14-37 AD) que nomeava Lisânias como retrarca de Abilene.
. Lucas diz que Paulo foi levado a Gálio, o procônsul da Acaia (Atos 18.12). Errou, disseram alguns eruditos. No entanto, uma inscrição do imperador Cláudio, datada do ano 52 AD, foi revelada, com o seguinte texto: "Lucius Junios Gallio, meu amigo e procônsul da Acaia".
. Lucas aponta Erasto como colaborador de Paulo e tesoureiro de Corinto (Atos 19.22; Romanos 16.23). Num teatro escavado encontrou-se, em 1928, a seguinte inscrição: "Erasto em retorno por sua função de tesoureiro fez a pavimentação às suas próprias expensas".
. Lucas atribui a Plúbio, chefe da ilha de Malta, o título de "homem principal da ilha" (Atos 28.7). Novo questionamento, até que uma inscrição recentemente descoberta falasse de Públio como "homem principal".
. Lucas usa a expressão grega "politarcas" ("oficiais da cidade") para designar os líderes de Tessalônica (Atos 17.6). Durante séculos, Lucas ficou desacreditado porque não havia qualquer referência a este título na literatura grega. No entanto, foram descobertas recentemente cerca de 20 inscrições com o termo "politarca", cinco dos quais se referindo a Tessalônica.
. Lucas diz que Icônio era uma cidade da Frigia, mas os historiadores diziam que ficava na Licaônia (Atos 17.5). Em 1910, Ramsay, que buscava provas em contrário, encontrou um monumento que afirmava que Icônio era uma cidade da Frigia.
Lucas cita 32 países, 54 cidades e nove ilhas, sem um erro sequer.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO