ISRAEL BELO DE AZEVEDO
Quando acompanhamos a caminhada dos hebreus, do Egito a Canaã, passando pelo deserto, aprendemos como foi esta caminhada e aprendemos como é a nossa. Há semelhanças e diferenças entre as caminhadas, mas o Deus dos hebreus é o mesmo hoje.
Os autores bíblicos registram (em 17 passagens) que esta caminhada foi acompanhada pessoalmente por Deus que se mostrou através de uma dupla manifestação: uma nuvem de dia e uma coluna de fogo à noite, conforme a seguinte síntese:
“De dia a nuvem do Senhor ficava sobre o tabernáculo, e de noite havia fogo na nuvem, à vista de toda a nação de Israel, em todas as suas viagens”. (Êxodo 40.38)
“Era assim que sempre acontecia. de dia a nuvem o cobria, e de noite tinha a aparência de fogo”. (Números 9.16)
“A nuvem do Senhor estava sobre eles de dia, sempre que partiam de um acampamento”. (Números 10.34)
Sigamos as narrativas. Reflitamos sobre a glória de Deus possível sobre as nossas vidas.
1. Nossa vida é uma caminhada, feita de dia (com tudo claro) e feita de noite (sem que vejas e entendamos direito). Como poderemos, por exemplo, encontrar sentido na morte precoce de uma filha querida?
1a
Com tantos riscos a nos rodear e com tantas tentações para nos desviar, nós só podemos caminhar com segurança se formos guiados por Deus.
“Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e de noite”. (Êxodo 13.21)
1b
A caminhada é nossa. Nós é que a temos que percorrer. Percorrer é preciso. Os pés dos hebreus tinham que pisar na areia cálida e seca. Os nossos também.
Séculos depois Neemias entendeu a necessidade do caminho, já que ele mesmo teve fazer o mesmo caminho, embora em outro itinerário.
“Tu os conduziste de dia com uma nuvem e de noite com uma coluna de fogo, para iluminar o caminho que tinham que percorrer”. (Neemias 9.12)
1c
Nossa caminhada é feita por etapas, durante as quais paramos, refletimos, revisamos, retornamos, retomamos, avançamos. Nem sempre na vida seguimos em linha reta. Nem sempre trafegamos por lugares agradáveis. Como os hebreus, precisamos vencer etapa por etapa.
“No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano, a nuvem se levantou de cima do tabernáculo que guarda as tábuas da aliança. Então os israelitas partiram do deserto do Sinai e viajaram por etapas, até que a nuvem pousou no deserto de Parã”. (Números 10.11-12)
2
No percurso dos hebreus, há uma informação que não podemos ignorar: “a coluna de nuvem não se afastava do povo de dia, nem a coluna de fogo, de noite”. (Êxodo 13.22)
Também conosco a presença de Deus conosco é garantida. O que aconteceu lá acontece aqui.
A presença de Deus conosco na caminhada é manifestação da sua graça para conosco, como Neemias percebeu bem mais tarde:
“Foi por tua grande compaixão que não os abandonaste no deserto. De dia a nuvem não deixava de guiá-los em seu caminho, nem de noite a coluna de fogo deixava de brilhar sobre o caminho que deviam percorrer”. (Neemias 9.19)
3. Não se pense que o trajeto é percorrido sem sobressaltos. Segundo a narrativa principal, que é a de Êxodo, houve perplexidade em alguns momentos, como neste: “A seguir, o anjo de Deus que ia à frente dos exércitos de Israel retirou-se, colocando-se atrás deles. A coluna de nuvem também saiu da frente deles e se pôs atrás, entre os egípcios e os israelitas. A nuvem trouxe trevas para uns e luz para os outros, de modo que os egípcios não puderam aproximar-se dos israelitas durante toda a noite”. (Êxodo 14.19-20)
Deus às vezes muda sua posição, para não nos perdermos na rotina do ritual. Ele às vezes se manifesta no fim da madrugada (“No fim da madrugada, do alto da coluna de fogo e de nuvem, o Senhor viu o exército dos egípcios e o pôs em confusão”. — Êxodo 14.24), depois dias e noites de muita preocupação e mesmo lágrimas de nossa parte.
4. Enquanto o povo seguia, Deus bailava sobre eles, em forma de nuvem. O movimento da nuvem era a palavra de Deus.
“Sempre que a nuvem se levantava de cima da Tenda, os israelitas partiam; no lugar em que a nuvem descia, ali acampavam. Conforme a ordem do Senhor os israelitas partiam, e conforme a ordem do Senhor, acampavam. Enquanto a nuvem estivesse por cima do tabernáculo, eles permaneciam acampados. Quando a nuvem ficava sobre o tabernáculo por muito tempo, os israelitas cumpriam suas responsabilidades para com o Senhor, e não partiam. Às vezes a nuvem ficava sobre o tabernáculo poucos dias; conforme a ordem do Senhor eles acampavam, e também conforme a ordem do Senhor, partiam. Outras vezes a nuvem permanecia somente desde o entardecer até o amanhecer, e quando se levantava pela manhã, eles partiam. De dia ou de noite, sempre que a nuvem se levantava, eles partiam. Quer a nuvem ficasse sobre o tabernáculo dois dias, quer um mês, quer mais tempo, os israelitas permaneciam no acampamento e não partiam; mas, quando ela se levantava, partiam”. (Números 9.17-22)
“Então a nuvem cobriu a tenda da revelação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo; de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da revelação, porquanto a nuvem repousava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.
Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, prosseguiam os filhos de Israel, em todas as suas jornadas; se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam até o dia em que ela se levantasse.
Porquanto a nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas”. (Êxodo 40.34-37)
Somos guiados por Deus quando queremos obedecer. Precisamos estar prontos obedecer. Obedecer é abrir mão da própria vontade, da própria certeza, da própria razão. A obediência tem um preço, como caminhar quando não se quer ou descansar quando se quer caminhar.
“Eles ouviram que tu, o Senhor, estás com este povo e que te vêem face a face, Senhor, e que a tua nuvem paira sobre eles, e que vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia e numa coluna de fogo de noite”. (Números 14.1b)
“Mas nem ainda assim confiastes no Senhor vosso Deus, que foi à frente de vocês, numa coluna de fogo de noite e numa nuvem de dia, procurando lugares para vocês acamparem e mostrando-lhes o caminho que deviam seguir”. (Deuteronômio 1.32-33)
5. Anos, décadas e séculos se passaram, mas a imagem da nuvem sobre o povo no deserto não saiu cada da cabeça dos seus descendentes.
Um poeta cantou: “Ele [Deus] os guiou com a nuvem de dia e com a luz do fogo de noite”. (Salmo 78.14)
Outro repetiu: “Ele [Deus] estendeu uma nuvem para lhes dar sombra, e fogo para iluminar a noite”. (Salmo 105.39)
Quando cantamos o que Deus nos fez no passado, somos lembrados do que Deus fará futuro “O Senhor criará sobre todo o monte Sião e sobre aqueles que se reunirem ali uma nuvem de dia e um clarão de fogo de noite. A glória tudo cobrirá”. (Isaías 4.5)
4
Deus ainda se manifesta usando nuvens e colunas de fogo?
Literalmente, não; espiritualmeente, sim. Não precisamos mais desta manifestação porque temos a Palavra de Deus que Ele nos deixou. Também conhecemos a Jesus Cristo, que é a revelação completa de Deus
5
Há um preço para ter a nuvem e a coluna de fogo conosco?
Sim, há o preço de ouvir e obedecer a Palavra de Deus (Números 9.17-22; Êxodo 40.34-37). Somos guiados por Deus quando queremos obedecer. Precisamos estar prontos para obedecer. (Deuteronômio 1.32-33)
Precisamos recordar as experiências do passado sobre o poder de Deus, tanto as experiências do povo da Bíblia como as nossas.