DE QUE PRECISO SABER (poema)

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Deste meu ser quase nada sei:
será como uma chuva de poeira
filtrada por fina esteira
 
verdade que começou a ser ensinada
na mais translúcida madrugada
em que os corpos mal podiam se ver
 
quando Jesus não foi percebido
como o Raboni de tantos milagres 
para ser pelas mulheres ungido
 
quando Jesus não foi reconhecido
por olhos que ali tinham ido
para seu corpo — onde? — perfumar
 
quando Jesus não foi admitido
no círculo dos amigos, mas dos forasteiros,
reunindo-se os seus seguidores antigos
 
quando Jesus discretamente visitou os distraídos
na estrada da saudade imensa e peregrina
sem que os seus corações fossem aquecidos
 
Deste meu ser — corpo e alma — o que sei:
é que será também transformado
como foi o dele quando aqui habitou
para viver para sempre com o Rei
para ser como o Pai um dia me criou
 
De que mais preciso saber?