Obrigado, mãe,
pelos telefonemas que deu para saber como iam as coisas
pelas vezes que calou, quando queria falar, e falou, quando queria calar
pelas manhãs e tardes que ficou em casa preparando a comida quando eu me divertia
pelos dias todos em que chorou por mim, quando as coisas pareciam dar errado para mim
pelas noites que esperou por mim (e foram tantas, tantas vezes) mesmo que eu demorasse
porque você não me reteve no seu ventre, onde eu terminaria morto
porque você me mandou atravessar sozinho a rua, pedindo-me cuidado
porque você não me deixou sozinho no quarto do hospital, quando precisei ficar lá
porque você deixou que eu comesse toda a porção do prato, que também era a sua preferida
porque você complementou a disciplina oferecida pelo papai com outra forma de reprovar o que fiz
porque você me defendeu, mesmo quando eu não merecia defesa
porque você sempre acreditou, mesmo nem eu mesmo acreditava
Só quero lhe dizer agora, mesmo que não possa ouvir:
“eu sou o que sou, graças ao seu amor para comigo”.