Rapper faz baladas para público evangélico

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Gilberto Dimenstein, premiadíssimo jornalista da Folha de S. Paulo, escreveu sobre um DJ e rapper evangélico.
Selecionei alguns trechos do texto O DJ DE DEUS:
 
 
RAPPER e evangélico, o DJ Maurício Alexandre Oliveira, de 22 anos, está descobrindo um inusitado mercado de trabalho nas madrugadas paulistanas: as “baladas de Deus”.
As festas acontecem não só nos templos mas também em casas noturnas, que, para não ofenderem a clientela, evitam servir bebidas alcoólicas. “Cada vez mais, recebo pedidos para tocar nessas baladas religiosas.”
A conversão religiosa do ex-católico Maurício, hoje mais conhecido como DJ Max, ocorreu exatamente porque encontrou um templo evangélico aberto ao rap e a baladas para jovens. “Vi que eu podia combinar uma crença religiosa com meu prazer musical.”
A combinação, porém, demorou a entrar na sua carreira profissional.
(…)
O novo mercado surgiu porque alguns pastores perceberam que, para atrair os jovens da periferia, precisavam inovar o repertório, adaptando letras religiosas a estilos musicais como o funk, o rap e a música eletrônica, além de deixar a festa correr até de manhã.
Um deles é Anderson Dias, agora só conhecido como DJ Pastor, cujo templo fica no Itaim Paulista (zona leste). “Quando eu era adolescente, tinha deixado a igreja porque gostava muito de ir às baladas. Mas voltei, quase numa reconversão, e implantei as baladas.”
DJ Pastor foi chamado para animar outros templos e, recentemente, passou a receber pedidos para atuar nas casas noturnas regulares, sempre com letras gospel. DJ Max passou a acompanhá-lo em várias apresentações.
O mercado gospel está longe de sustentar DJ Max. Além das festas normais, ele virou professor de DJ para crianças da periferia. Mas, pelo menos quando está nas baladas com fundo religioso, tem a sensação de que seu toca-discos é uma espécie de alto-falante divino.