A DIALÉTICA CRISTÃ (Flavio Mattos)

Tem razão quem coloca todas as suas forças no sonho de pregar a palavra e transforma isso num projeto pessoal, porque Deus é pessoal.

Tem razão quem acha que os projetos de Deus devem ser coletivos, porque Deus deve ser tudo em todos.

Tem razão quem apoia e patrocina as iniciativas, porque, enfim, elas são tão raras e preciosas…

Tem razão quem zela pelo rigor e apuro do dízimo, porque ele é coisa santíssima ofertada no altar do Senhor.

Tem razão quem é consumido pelo zelo, porque o mesmo aconteceu com Jesus no templo.

Tem razão quem se ressente quando, voluntaria ou involuntariamente, alguém o confronta com palavras ásperas.

Tem razão quem anela pela perpetuidade dos frutos da lida da fé.

Tem razão quem lamenta o trabalho feito com amor e irremediavelmente perdido.

Tem razão quem decide, porque a decisão é necessária, e nunca atende a todos os interesses.

Tem razão quem se ressente da decisão com que não concorda porque ele tem bons motivos para tal.

Tem razão quem se aproxima com alegria em ajudar.

Tem razão quem se afasta na tristeza do desencanto que, nessa vida, é muito natural.

Tem razão quem critica porque quer ver o evangelho pregado do melhor modo.

Tem razão quem se entristece porque suou para produzir aquilo que é criticado.

Tem razão quem discorda porque ele também deseja o melhor para Deus.

Tem razão o ressentimento daquele de quem se discorda, porque está convicto das suas próprias opiniões, porque a convicção é filha da fé, e esta é dom de Deus.

Tem razão aquele que quer crescer para lançar semente de vida mais longe.

Tem razão aquele que quer diminuir porque a bíblia assim o recomenda.

 

Quando olho para as minhas razões, acho-as justas, boas, e melhores, porque são minhas. Mas quando olho para todas as razões, glorifico a Deus, porque Ele é o senhor da seara, e nada ocorre sem o Seu consentimento. É através desse processo, humano, visceral, profundamente dialético na pluralidade de razões, que Deus escolheu realizar o Seu reino e a Sua obra, para o louvor de Sua glória.

 

Eu posso não gostar. Posso desejar que tudo fosse feito ao meu modo. Mas não é para isso que Deus nos chamou. Deus nos chamou para servir. Diante das diferenças inescapáveis, quem dirá que Deus não é soberano? Barreiras só não são ultrapassadas quando desistimos. Quando nós não desistimos diante das divergências nos fazemos filhos de nosso Pai. Deus não desiste de nada nem de ninguém.

 

Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.” (Romanos 15.7)

FLÁVIO MATTOS