ENTRE A REALIDADE E O SONHO (Oswaldo Jacob)

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                               A realidade é o nosso dia a dia sem rodeios. A todo momento nos deparamos com os problemas, com pessoas complicadas e com circunstancias difíceis e desafiadoras. Encarar os fatos no cotidiano exige fé, amor, criatividade, bom humor, paciência e paz. A realidade é que o tempo passa com rapidez (Tg 4.13-17). Que as contas chegam e precisamos pagá-las. Que as perdas vêm como uma flecha a atravessar as nossas entranhas. Que a decepção chega a velocidade supersônica. A realidade é a vida nua e crua. Que o tempo não volta. Que a palavra dada também não volta. A realidade é o dia de hoje com todas as suas implicações emocionais, éticas, sociais e espirituais. Não podemos fugir da realidade, pois ela é a nossa companheira inseparável. Jesus disse que não devíamos ficar ansiosos porque basta a cada dia o seu próprio mal. Realidade traz em seu bojo o sofrimento da incompreensão, da rejeição e do ostracismo, da dura solidão. Maria Tereza dizia que a solidão é uma pobreza extrema. Vez por outra ouvimos alguém dizer: “Cai na real, rapaz!”. A realidade é quando a ficha cai e não queremos encarar o fato de que somos passageiros de um tempo curto. Enquanto estivermos aqui teremos a experiência entre a realidade e o sonho; entre o real e o ideal; entre o hoje e o futuro; entre o planejamento e a implementação; entre o que é e o que há de vir; entre o presente e o futuro.

                        Mas a realidade deve nos projetar para o sonho. O que é o sonho? O sonho é olhar para o amanhã não com um coração ansioso, mas com um coração confiante de que o Senhor está lá. Ele está no passado e no presente. Ele é o alfa (primeira letra do alfabeto grego, o principio) e o ômega (última letra do alfabeto grego, o fim). Jesus concentra em Si mesmo o passado, o presente e o futuro. O escritor aos hebreus disse: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8). O sonho é o projeto seja pessoal, seja coletivo. Sonhar é pensar no futuro, mesmo sabendo que ele não nos pertence. É olhar para frente. Ter uma visão para a vitória à semelhança de Josué e Calebe quando o povo de Israel se preparava para conquistar a terra prometida. Sonhar é olhar as oportunidades no futuro. José sonhou, mas os seus irmãos e pais não o entenderam até que ele assumiu o governo Egípcio, como primeiro ministro. O sonho se cumpriu. Ele não ficou preso ao passado, não ficou acomodado no presente e, por isso, ele foi bem-sucedido no futuro. Como é bom sonhar quando Jesus é o fomentador e o nosso Pastor Supremo. Sonhar é descortinar as possibilidades, trabalhar com criatividade e perseguir a excelência no fazer as coisas.  Quando pensamos em Lutero, Zizendorf, Martin Luther King Jr., Hudson Taylor, Wiliam Carey, Nelson Mandela e tantos outros que sonharam e realizaram coisas maravilhosas, não podemos nos acomodar na realidade da mesmice, mas nos mover em direção à criatividade, ao sonho, à “terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1-3).

                        Mas entre a realidade e o sonho existe a vontade ou a não-vontade de vencer, de sair da mesmice e buscar a vida excelente, que vale a pena. Quando Jesus chamou os Seus discípulos eles estavam entre a realidade e o sonho. Eles optaram pelo sonho de ajudar o Senhor a mudar o mundo a partir da mudança do coração das pessoas. A realidade dos discípulos era de acomodação, mas Jesus os chamou para um projeto fascinante de vida abundante, profunda e criativa. A realidade pode nos acomodar, mas o sonho nos faz caminhar com determinação para o alvo supremo – fazer toda a vontade de Deus, servindo-O, servindo às pessoas. O escritor aos hebreus nos ensina que devemos deixar todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corrermos a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, o Autor e Consumador da fé (12.1,2). A realidade pode nos engessar, mas o sonho nos motiva, nos move a viver uma vida dinâmica e visionária. Vivamos o sonho de Deus. Sejamos sonhadores com a cabeça no céu e os pés na terra. Que Jesus seja o nosso modelo de alguém realizou o sonho do Pai – buscar e salvar o homem que se havia perdido (Lc 19.10).

 

Oswaldo Luiz Gomes Jacob