O mundo de hoje é o mundo dos imigrantes. O número de pessoas que deixa o seu país de origem e vai buscar vida melhor em outra nação continua crescendo. Os dados da ONU sugerem que 3% da população do mundo vive como imigrante em outro país. Mais de 200 milhões de pessoas! Seria o quinto país mais populoso do mundo! A maioria deles vive na Europa, seguido pela América do Norte. Todavia, esse número deve ser muito maior. Além disso, um número de imigrantes que muda de região por razões econômicas dentro do seu próprio país talvez seja até maior. Se contarmos a população que vive bem longe de sua terra natal teremos um número muito elevado. É muito provável que quase 20% da população mundial hoje seja imigrante de alguma forma. O fato é que mais de um bilhão de pessoas vive longe de onde nasceu. Pouca gente imagina, mas a verdade é que a Bíblia é o livro dos imigrantes. Nenhuma outra obra da literatura dá tanta atenção ao imigrante! Logo no início da história da redenção, quando Deus resolve construir seu plano histórico, ele escolhe um imigrante. O seu nome era Abraão, um arameu (da região do atual Iraque) que se tornou um imigrante em Canaã por ordem de Deus (Gn 12.1-3). Séculos depois, Deus quis que seu povo amadurecesse na fé e transformou-os em imigrantes no Egito, onde sofreram como escravos (Êx 1). Para libertá-los, Deus escolheu um homem que foi imigrante a vida inteira. O grande Moisés nasceu no Egito, viveu em Midiã, passou a vida andando pelo deserto e nunca “conseguiu o visto permanente” da época! Moisés foi impedido de entrar em Canaã (Nm 20.12), mesmo sendo o homem que recebeu a Lei de Deus, a figura mais importante do Antigo Testamento. O padrão “imigrante” prossegue por toda a Bíblia. Isso pode ser visto na língua dos hebreus. O hebraico possui duas palavras para descrever o imigrante: ger e toshab. A tradução literal é peregrino e estrangeiro, mas em muitos textos o sentido no original é exatamente: imigrante. O tempo passa e a realidade não muda! O povo libertado do Egito também será imigrante em Canaã! Até mesmo o maior rei de Israel, Davi, também foi imigrante. A verdade é que ele aprendeu muito como imigrante entre os filisteus, quando viveu entre eles por um ano e quatro meses (1Sm 27). Alguns estudiosos afirmam que o sucesso militar de Davi dependeu de seu exílio. É fácil descobrir que imigrantes estrangeiros tiveram grande sucesso no Israel antigo. Merecem destaque a ex-prostituta Raabe, de Canaã (Js 2); Rute, a moça moabita (Rt 1-4); Urias, o soldado hitita (1Sm 11) e Ornã, o jebuseu (1Cr 20). A teologia do imigrante é tão nítida no Antigo Testamento que vamos descobrir que Deus, para ensinar ao seu povo duras lições, enviou-o para ser imigrante de novo. Dessa vez, o lugar foi a Babilônia, terra do cativeiro (2Rs 25). Quando chegamos ao tempo de Cristo, a tônica não muda! Vejam só: no Novo Testamento, nós, cristãos, somos chamados de “peregrinos” (1Pe 2.11), isto é, “apenas imigrantes”, pois “a nossa pátria está nos céus”. O episódio mais importantes da igreja primitiva foi o Pentecoste (At 2). Foi uma grande reunião de imigrantes, que falavam línguas distintas. O Espírito desceu entre os judeus cristãos que viviam espalhados nas comunidades imigrantes do mundo da época. Na verdade, o mais impressionante de tudo é que o próprio Senhor Jesus Cristo é o maior imigrante de todos. Ele deixou sua “pátria original” e veio morar entre nós. Sim, para nos salvar, Jesus “imigrou”, pois “ele tornou-se carne e viveu entre nós” (Jo 1.14). Foi somente através da “imigração” de Jesus que pudemos receber “a cidadania celestial”. Tendo nascido e crescido em São Paulo, pude ver de perto a realidade da imigração. Quando criança, lembro-me bem, a maioria dos colegas da escola era filho ou neto de imigrante. Tinha grego, judeu, coreano, japonês, italiano, alemão, espanhol, além de gente de muitas outras partes do Brasil. O fato é que historicamente, o Brasil é um país de imigração. Centenas de milhares de estrangeiros escolheram a terra verde-amarela como nova pátria. Portugueses, italianos, espanhóis, alemães, japoneses e sírio-libaneses foram os principais responsáveis por este fluxo. Entre os imigrantes vieram também eslavos, letos, coreanos, chineses e até norte-americanos. Os americanos fugiram da guerra civil no século XIX e instalaram-se no interior de São Paulo. Infelizmente, quando o Brasil atraiu e recebeu a maioria desses imigrantes, a intenção do governo era substituir a antiga mão de obra escrava. Eles foram enganados. Como em toda parte, os imigrantes aqui foram explorados. Ainda hoje o Brasil recebe imigrantes! Mais de um milhão de estrangeiros vivem no Brasil. São Paulo é o destino da vasta maioria dos estrangeiros que mudam para cá. Cerca de 520.000 estrangeiros legais de cerca de 45 países vivem na grande metrópole. No estado de São Paulo havia há alguns anos 155 mil portugueses, 91 mil japoneses, 50 mil italianos, 45 mil espanhóis e 45 mil chineses! Por incrível que pareça os imigrantes ilegais da cidade atingem uma cifra entre 100 e 200 mil pessoas. As maiores comunidades são a coreana e boliviana, mas há também chineses, libaneses e outros estrangeiros. Infelizmente, há muito sofrimento, engano e até mesmo escravidão. A verdade é que milhares de bolivianos acabam vivendo como escravos na mão de outros estrangeiros na maior cidade da América da Sul. Por causa de crises econômicas e pela crescente disparidade entre os países ricos e os mais pobres, há uma grande crise mundial de “imigração”. O Brasil, terra abençoada, e destino de imigrantes no passado, já exportou três milhões de emigrantes. Mais de um milhão vive nos EUA, mais de meio milhão vive na Europa, outro meio milhão está no Paraguai e 300.000 vive no Japão. Embora a Europa receba oficialmente mais imigrantes, e outros países, como a Argentina, tenham um fluxo enorme de imigrantes, os Estados Unidos recebem a maior atenção internacional sobre